23 setembro 2017

O Vaga-lume Cósmico

Eu o chamava de “Vaga-lume Cósmico”, tratamento carinhoso que lhe proporcionava fidelidade significativa, tendo em vista a intensidade dos fenômenos luminosos ocorridos por intermédio de suas faculdades paranormais incontestáveis as quais nos deixavam estupefatos.

Maurício de Oliveira Panisset, um personagem de atitudes simples, sempre disposto a ajudar as pessoas, alegre e descontraído chegou em Brasília em 1957. Depois de passar uma época estudando psicologia na Universidade de Brasília foi professor no Centro de Ensino Médio Elefante Branco onde ajudou a formar os primeiros alunos no curso de eletrônica.

Em 1986 tive a satisfação de participar, como convidado , em uma pizzaria da cidade, de uma homenagem de ex-alunos seus, todos já ocupando cargos relevantes tanto na administração pública como em diversas profissões de níveis superiores, todos já um tanto “coroas”, recordando aqueles velhos tempos dos anos 60 com algumas passagens interessantes de sua vida, entre as quais, a queda de uma torre da Rádio MEC que ele estava montando, num terreno atrás daquele Educandário.

Já estava no último estágio da montagem da torre, quando pediu , aos gritos, lá de cima, que seu auxiliar esticasse mais o cabo e o “idiota” ( como dizia ) ao invés disso, simplesmente serrou o cabo que, arrebentando fez com que o último estágio , ainda não terminado, tombasse para o lado oposto, iniciando dessa forma uma queda de cerca de 40 m de altura na qual ele veio junto, só que, ao ver passar “uma sombra” por suas costas na qual agarrou-se: era o cabo de aço que o “idiota” havia serrado e, desta forma, veio rodopiando em torno do resto que sobrou da torre. Claro que foi um tombo e tanto, quebrando a perna em dois lugares. Os pinos de metal colocados em sua perna sempre o incomodaram nos anos que se seguiram ao acontecimento.

Contou-nos, em outra ocasião, que certa vez foi nadar no rio que atravessa Juiz de Fora, sua cidade natal e acabou sendo arrastado pela correnteza. Diz só se lembrar de afundar e subir a todo instante e de passar perto das pedras do caudaloso Paraibuna e que não lembra como chegou em casa dizendo para seu genitor : ” Pai, morri afogado no rio !!”o que lhe valeu umas boas palmadas no traseiro daquele pastor Metodista que não admitia mentiras de espécie alguma.

Do caminho do colégio para casa, cerca de 5 km, sempre já escurecendo, vez por outra era seguido por pequenas bolas-de-luzes que o faziam chegar mais cedo e esbaforido em casa. E sempre que contava o que via, lá vinham outras palmadas.

Maurício, então, passou a ser mais reservado com relação a acontecimentos insólitos em sua vida, não mais fazendo comentário, principalmente em casa, sobre os mesmos.

Já adulto, poucos anos antes de mudar-se para Brasília, apesar de sua formação protestante Metodista, consertou gratuitamente as instalações elétricas e aparelhagem de som do auditório de um famoso Centro Espírita de Juiz de Fora. Disse Ter gasto quase uma semana naquele serviço.

Naquela época ele sofria de uma doença no ouvido direito, que além de doer muito, principalmente em época de frio, exalava um tremendo mau cheiro, proveniente de um líquido amarelado que insistia em escorrer do mesmo. Eram lenços e mais lenços impregnados daquele corrimento fétido. Foram várias consultas médicas em vão. Era impossível qualquer tipo de cirurgia devido ao risco de ficar de vez surdo.

Foi então que, sabedor do que andava acontecendo com ele, o Presidente do Centro Espírita insistia que ele fosse lá, numa de suas sessões de cura, para “tentar” ajuda-lo . Depois de muita insistência, sem que ele aceitasse o convite, pediram que ele comparecesse ao Centro, com a desculpa de que precisavam ainda de seu serviços. E assim foi marcado um dia, ou melhor, uma noite, e Maurício foi lá.

Fizeram com que ele sentasse à uma mesa com mais alguns “convidados” para conversarem. Conversa vai, conversa vem, alguém se postou atrás dele e começou um estranho ritual. Era o Presidente do Centro que começou a soprar em sua orelha. Quando ele notou o que já estava ocorrendo não quis criar problemas e deixou que o acontecimento seguisse sua normalidade.

Ora era um sopro quente, ora um sopro frio, ao mesmo tempo em que o Presidente dizia para ficar calmo e pensar em Jesus. Os outros concentrados, orando, nem prestavam atenção ao que estava acontecendo e, aquela sopração durou uns 15 minutos após os quais, o tal líquido mal cheiroso resolveu sair de vez, impregnando todo o ambiente.

De imediato foram usados vários chamuscos de algodão até que cessasse de vez aquele escorrimento amarelado e indesejável. Limpo e higienizado o ouvido assim operado espiritualmente sentiu um alívio tão grande como se alguma coisa tivesse sido extraído de dentro de seu canal auditivo, e passou a escutar bem melhor então. Foi uma alegria geral e agradecimentos a Deus pela inusitada cura. Foi a maneira que o pessoal do Centro encontrou de retribuir a desprendida assistência técnica de Panisset.

Anos depois ainda era possível se ver uma pequena marca, dentro de seu ouvido direito, como se um bisturi invisível a tivesse feito. Seus médicos ficaram sem entender nada.

Desde aquele acontecimento, disse-me ele, ” passei a acreditar mais no Espiritismo, sem entretanto, abandonar minha origens Metodistas”. Abriu-se mais para outras realidades tornando-se mais eclético, consequentemente como que sendo “preparado” para acontecimentos mais significantes que o futuro estaria lhe reservando, o que realmente, veio a acontecer.

A vida de Panisset foi marcada por alternâncias de ordem sentimental e familiar. Foi casado em primeiras núpcias com uma alemã, segundo ele de índole marcante e rigorosa da qual sempre guardou muito respeito e admiração e, cujo casamento durou apenas um ano, nascendo de tal união seu primogênito que recebeu seu nome : Maurício hoje engenheiro químico.

Conheci Panisset em 1979, e já em 1980 nos tornamos mais amigos quando conhecemos um outro paranormal que à época era destaque na mídia e, em conseqüência pudemos trocar algumas idéias sobre aqueles estranhas ocorrências que vivenciamos juntos ao Thomaz.

Um dia o Thomaz mandou que deitássemos no chão, dizendo que iria “abrir” nossas faculdades paranormais, e , aconteceu um verdadeiro “pipocar” de luzes de várias cores sobre nós dois, ali deitados. Aquelas energias, assim materializadas, estouravam dentro de nossos cérebros e esquentavam nossos corpos. Realmente, foi algo maravilhoso e incontestável. E ele(Thomaz) sempre dizendo : ” Vocês vão se tornar paranormais. Vou abrir seus chácras!”. Depois daquela verdadeira sessão de luzes( quase meia hora), levantamo-nos e notamos aquele estranho “esquentamento” no corpo. E ainda comentei :” Pode ser que o Panisset seja “aberto”, mas eu sou uma rocha. Vai ser difícil. O Thomaz parecia duvidar de minhas palavras.

Este acontecimento foi em dezembro de 1980. Retornamos à Brasília, e somente em março de 1981 veio a confirmação. Estando eu no pequeno apartamento de Panisset, na sala, conversando com Cristina (sua esposa), e ele fazendo sua meditação das 18 hs, de repente um flash de luz branca acende-se bem no meio da sala onde estávamos. Depois outro, e mais outro e no relógio de parede do corredor. Foi então que perguntei a Cristina desde quando estava ocorrendo aquilo? E ela respondeu que há mais de um mês aquelas manifestações teriam se iniciado e pediu-me que não contasse para mais ninguém pois Maurício não queria “romaria” atrás dele. Tudo de acordo. Quando Maurício Panisset terminou sua meditação e viu-me na sala, ainda tentou desconversar mas fui taxativo :” Aí, seu sacana, escondendo de mim heim ?”.

O jeito foi contar tudo e pedir-me segredo.

Daquele dia em diante, estivemos juntos, quase todos os dias durante 13 anos! Pude acompanhar, nos mínimos detalhes, a evolução de sua paranormalidade e documentar em filmes VHS dezenas de fenômenos, desde as tais materializações luminosas, como transportes de objetos, entortamentos de metais, estando ou não em suas mãos, curas de doenças, enfim, uma variedade enorme de acontecimentos que fugiam totalmente ao entendimento científico conhecido.

Desta forma, demos início a um longo período de experimentações junto aquele, que reputo, um dos maiores paranormais que já tivemos oportunidade de conhecer, embora um tanto no anonimato, não tenha resistido ao assédio de dezenas de pessoas, inclusive do exterior, principalmente do EUA, de onde vinham, todos os anos, grupos de curiosos e necessitados os quais acabaram por levá-lo de nosso convívio, tendo sido citado, inclusive, no livro de Shirley MacLaine “Minhas Vidas”, em sua primeira edição.

Os Fenômenos

Maurício era de temperamento forte, não usava de meias palavras mas muito simples em sua atitudes. Estava sempre disposto a ajudar as pessoas em suas necessidades quotidianas e nunca se recusa a prestar socorro a quem dele necessitasse. Era um verdadeiro amigo no bom sentido da palavra.

Quanto aos seus dons paranormais, procurava sempre mante-los equilibrados, não deixando de fazer suas meditações e não cobrando um níquel sequer por seus atendimentos às pessoas necessitadas. Não deixava, porém, de levar sua vida normalmente: fumava, tomava seu chopp, seu vinho tinto seco, comia carne e levava uma vida sexual normal. Nada de “santinho” nem sacrifícios inúteis que o tornasse um “iluminado”. Era um ser humano totalmente normal, sem nenhuma espécie de exageros, quer positivos ou negativos. Mas, não costumava cobrar, como já disse, seus atendimentos.

Certa vez, um grupo de umas 15 pessoas vieram dos EUA e Maurício me chamou para acompanhá-lo ao Hotel Nacional, onde estavam hospedados. Lá fomos nós.

Foram quase 3 horas de irradiações luminosas em cima daqueles “gringos”, um a um, num dos apartamentos onde três deles estavam acomodados. Ao terminar, Maurício estava extenuado. Apenas lavou o rosto e recompondo-se , descemos todos para o bar onde fomos comer um pequeno lanche.

Não passou-se muito tempo, e o “cicerone” que os trouxera de São Paulo, chegou com um envelope e entregou para o Panisset. Ao abri-lo, constatamos conter US$ 1000. Aí ele me perguntou : “Que faço com isto?”. Respondi : ” Devolva!”. Não pensou duas vezes. Chamou o “cicerone” entregou-lhe o envelope com a recomendação de devolver a cada qual que tinha participado da “vaquinha”. Nem foi conferir para ver se o camarada fez o que lhe fora recomendado.

Este foi o primeiro grupo. Sua fama foi se espalhando e outros grupos vieram, mas estas coisas aconteceram depois de 1990. Antes, ou seja, nos anos 80, andávamos juntos o tempo todo, não só na cidade, como em Fazendas de amigos e outras regiões onde podíamos “curtir” com mais propriedade toda aquela fenomenologia decorrente de sua paranormalidade exuberante. Foram centenas de ocasiões interessantíssimas e outras de extrema emoção quando de assistência em hospitais às pessoas, geralmente, em grau de desespero e terminais. A maioria morreu, é claro, mas ele dizia :” Roberto, pelo menos antes de partirem, viram alguma coisa e foram com a esperança de que existe algo mais além bem mais interessante!”. Mas, também, aconteceram curas, como foi o caso da pequena Talita( 8 anos), em último grau de leucemia.

Sem entrar em detalhes sobre essa cura, anos mais tarde fomos visitar a família de Talita que morava no Cruzeiro Velho, para ver como estava a jovem. Passamos pelo portão, e uma moça que estava sentada no muro ao lado falou : ” Seu Maurício. Como vai o senhor? Sou eu Talita!”. Abraçou-o e agradecendo chorou emocionada. Era uma jovem de 12 ANOS, cabelos longos e negros, muito bonita. Foi uma alegria geral quando a família viu o Panisset. Inesquecível.

Entre as centenas de fenômenos por mim presenciados, destacarei apenas dois, para não me estender muito.

Na Fazenda do amigo Jairy:

Era muito comum irmos a Fazenda do Dr., Jairy, em frente a Luziânia-GO, um amigo, também maçon, do Maurício. Lá passávamos noites a fio , fazendo vigílias ufológicas e “curtindo” os fenômenos que ocorriam.

Certa vez, Panisset me perguntou : ” Roberto. Tem uma moeda aí no bolso?”. Respondi que sim , e ele disse : ” Jogue bem longe, em qualquer direção”, e virou de costas para mim. Sem saber do que se tratava , arremessei a moeda por cima de sua cabeça com toda força. Era uma noite completamente escura, impossível dele se aperceber em que direção eu havia jogado aquela moeda. Mesmo que soubesse, jamais a encontraria. Foi então que disse : ” Olha que coisa interessante. Nossos “amigos” vão encontrar a moeda”. Dito isto, começou a piscar, em sua frente, uma pequena luz branca, parecendo um vaga-lume que vagarosamente iniciou a busca, indo na direção que eu havia lançado a moeda. Piscando sempre, atravessou uma cerca de arame farpado. E nós também. Parou à frente como que a esperar que transpuséssemos aquele obstáculo para chegarmos ao pasto que se estendia à nossa frente, e, tão logo conseguimos, continuou piscando e se deslocando no espaço a uma altura não mais que 1 metro do solo. E nós atrás. E eu pensava: ” Não é possível! Será que essa luzinha vai achar a moeda?”. Andamos cerca de 60/70 metros, no escuro, sempre atrás daquele “vaga-lume”. De repente a bolinha de luz parou a uns 20 cm do chão e ficou piscando, como que a iluminar alguma coisa. Claro, era a moeda ! Chegamos perto e eu fiz questão de pegá-la. Era a própria! E eu dizia : ” Panisset, essa foi demais! Queria ver a cara de fulano e siclano que sempre duvidaram dessas coisas. Pena que não estão aqui.” E ele respondeu : ” Esses descrentes nem tê em merecimento. Por isso não os convido. Que fiquem com suas dúvidas…”

Maurício era assim: se alguém colocasse uma pequena dúvida em seus fenômenos, ele concordava com a pessoa e as tirava de sua companhia em definitivo.

Ele adquiriu uma terras em Luziânia, onde pretendia instalar a Fundação Enoch, antigo sonho seu, onde funcionaria uma escola para as crianças da região e um laboratório para pesquisas metapsíquicas.

Costumávamos dormir numa velha casa alí existente, em colchonetes

que levávamos. Uma noite estávamos já deitados, lado a lado, quando notei que de seu peito, saíam pequenas bolas de luzes coloridas. Eram do tamanho de bolinhas de gude, uma atrás da outra, de várias cores diferentes ( vermelha, verde, azul, branca, rosa, etc). Peguei minha filmadora, na época uma Super 8, e bem de perto, tentei filmar aquilo. Infelizmente nada consegui devido aos poucos recursos da máquina. O mais interessante é que aquelas bolinhas luminosas desapareciam após percorrerem o ambiente por um bom tempo. Ele tinha o corpo coberto por um cobertor até o pescoço e estava de barriga para cima. Imóvel. Aquilo durou uns 15 minutos, sem cessar !

Metais tomam formas inteligentes:

Era 25 de dezembro de 1 986, cerca de 8h da noite , estávamos sentados em torno de uma mesa redonda, de jacarandá, em minha casa, conversando sobre vários assuntos e tomando um vinho tinto seco com alguns frios. Na época eu estava aposentado da CEF e para não ficar atoa, tornei-me apicultor. E foi conversando sobre abelhas e suas técnicas de criação, que de repente, um garfo vindo de nossa cozinha, caiu em cima da mesa na forma perfeita de uma abelha! Detalhe : não havia nenhum talher sobre a mesa e usávamos palitos para saborear os frios. E assim foram ocorrendo outros fenômenos: outro garfo em forma de avião( estávamos conversando sobre aeronáutica); outro em forma de louva-a-deus e mais outro na forma de um grilo. Os fenômenos ocorriam de acordo com o assunto que estava sendo conversado!(vejam fotos anexas). Os garfos eram de nossa propriedade e estavam na gaveta da cozinha !!!

Aquela noite foi inesquecível. Varamos madrugada á dentro, acabando por Ter que comprar novos talheres para casa, pois aqueles que se encontravam naquela gaveta foram todos entortados. Tenho-os guardado em uma caixa de sapatos para quem quiser ver.

Transporte, ou apport , era a coisa mais comum. Dr. Assú Guimarães, chefe de gabinete de um Ministro de Estado, grande amigo nosso e do Maurício, era um de seus maiores admiradores. Maurício gostava de ir ao apartamento dele na 216 sul, e eu junto. Um dia, estávamos em sua residência e Maurício passou a mão em um castiçal de cristal em cima de um móvel na sala e disse : ” Qualquer dia desses este castiçal vai cair em seu colo!”. No meu colo? Perguntei. Sim, no seu colo respondeu.

Passaram-se os dias. Estávamos indo para o km 19, um dos lugares onde costumávamos ir pesquisar, e eu dirigindo meu Escort XR-3 com Panisset ao meu lado. De repente um flash branco no pára-brisas, do lado de fora, com o veículo em movimento, e alguma coisa caiu no meu colo. Levei um tremendo susto quase perdendo a direção do veículo. Estacionei, ainda assustado, e peguei a coisa. Era o castiçal do Dr. Assú! Fiquei rindo da situação por um bom tempo e o Panisset dizendo : ” Não falei que iria cair no seu colo?”.

Dia seguinte fomos devolver o castiçal ao Dr.Assú que na noite anterior havia notado o “sumiço” do mesmo. Só não viu a hora do desaparecimento. Incrível, não é verdade ?

Falar sobre seus fenômenos eu poderia escrever um grande livro, mas, seus irmãos, irmãs e filhos, crentes Metodistas, não permitem por acreditarem que ele tinha “parte com o diabo” e não querem ver o “nome da família” envolvida em tais assuntos…ABSURDO! IMBECILIDADE! PURO FANATISMO RELIGIOSO! LAMENTÁVEL!

Maurício de Oliveira Panisset, faleceu no dia 1 de agosto de 1 993 . Sua passagem meteórica pela minha vida deixou um tremendo vácuo. Era mais que um irmão. Cuidava muito da saúde dos outros e não se cuidava e seu coração cobrou isto dele… que Jesus o tenha em seu coração!



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