02 maio 2008

INTRODUÇÃO À ASTROLOGIA

A ASTROLOGIA É TÃO ANTIGA QUANTO O HOMEM


Sabe-se que desde 15 000 AC, o homem mesolítico (pré-histórico) já observava o Sol e a Lua. Todas as civilizações da Antigüidade praticavam atividades astrológicas e astronômicas. Para estes povos a Astrologia era considerara uma ciência sagrada. Quando a caça cedeu seu lugar à agricultura, o conhecimento da dinâmica dos astros revelou-se de vital importância como instrumento de orientação ao plantio à colheita


. Na Antigüidade, a atividade astronômica e astrológica aplicava-se aos interesses do Estado e da comunidade, onde o rei era o centro de todas as coisas, era o "microcosmo". Com o passar do tempo, a Astrologia começou a ter o homem como objeto principal de seu estudo, o ser humano individual como "microcosmo".


A Astrologia é sobretudo uma ciência, possuindo aspectos de arte, de filosofia e de religião. Estuda as correspondências entre os padrões celestes e as situações na Terra e no interior da psique humana, transmitindo todo esse conhecimento e suas aplicações numa linguagem estritamente simbólica e universal.


O estudo da Astrologia fornece subsídios básicos para o desenvolvimento de vários tipos de interpretação, por isso a Astrologia se divide em diversos seguimentos: ASTROLOGIA MUNDIAL, PREDITIVA, ELETIVA, CÁRMICA, MÉDICA e, atualmente, ASTROLOGIA PSICOLÓGICA.


A ASTROLOGIA PSICOLÓGICA


A partir da segunda metade do século XIX, intensificam-se os estudos dos aspectos psicológicos do ser humano. No começo do século XX surge Freud e, com ele, a descoberta do inconsciente, os conceitos de superego, id e libido, entre outros. Tornam-se, então, conhecidos os processos inconscientes da psique humana, processos estes capazes de desencadear fobias, neuroses, ou diversas outras formas de desequilíbrio e deterioração da personalidade.


Freud se ocupou com as patologias da psique. Seu discípulo C. G. Jung logo percebeu que poderia ampliar as descobertas pioneiras de Freud e, rompendo com o antigo mestre, preocupa-se também com o fenômeno religioso e espiritual. Volta-se igualmente para o aspecto mítico de muitas culturas, uma das manifestações mais profundas daquilo que ele chamou de inconsciente coletivo. Jung era profundo conhecedor da Astrologia, bem como das religiões orientais e de técnicas de meditação.


Após Jung, aparecem a Psicologia Humanista e, mais recentemente, a Psicologia Transpessoal, respondendo a um anseio humano, cada vez mais generalizado, de alcançar a expansão da consciência e níveis mais elevados de percepção. Surge então a Psicossíntese, de Roberto Assagioli, que visa a "fomentar ativamente a harmonização e a integração, num todo funcional, de todas as qualidades e funções do indivíduo - finalidade central da Psicossíntese". (Roberto Assagioli - Psicossíntese - pág. 21 - 1992 a 1997 - Editora Cultrix)


Assim como a Psicologia se desenvolve e se enriquece ao longo do tempo, a Astrologia acompanha-lhe os passos. A partir de 1936, surgem os trabalhos de Dane Rudhyar, astrólogo, psicólogo, filósofo e poeta americano que reformula as antigas tradições da Astrologia. Ele é o precursor da Astrologia holística, psicologicamente orientada e centrada no ser humano, criando o que denominou Astrologia Humanista, isto é, a perspectiva astrológica relacionada com a Psicologia Humanista. Citando suas palavras: "O que tentei demonstrar em todos esses escritos foi, repito, a interdependência de um procedimento psicológico com a pessoa humana como um todo e de uma Astrologia cujo objetivo é auxiliar as pessoas no desenvolvimento e na realização do seu ser total em todos os níveis". (Dane Rudhyar - Um Estudo Astrológico dos Complexos Psicológicos - Prefácio - pág. XI - Editora Pensamento - 1994 - 1995)


A partir desta preocupação em considerar o indivíduo como um todo, interligado a um Todo Maior, a Astrologia deixou de ser um mero instrumento de adivinhação "das ocorrências passíveis de ser fisicamente observadas, assim como de eventos nacionais coletivos ou de mudanças pessoais para ocupar-se das atividades conscientes e inconscientes de que só o ser humano é capaz. A Astrologia pode então ser usada para dizer aos Homens como eles podem preencher melhor as potencialidades inerentes à sua natureza e, deste modo, levarem uma existência mais plena e mais segura". (Dane Rudhyar - Tríptico Astrológico - pág. 10 e 11 - Editora Pensamento - 1991 a 1995).


Seguindo esta linha psicológica, surge o Método Huber de interpretação de mapas astrológicos que, à semelhança da Psicossíntese e de outras terapias transpessoais, ocupa-se com o "eu do indivíduo, com sua presença", atribuindo "uma importância central ao conceito e à experiência de identidade", isto é, começa a ver o ser humano a partir de dentro, de sua condição como ser único, com seus potenciais, seus problemas e conflitos, apresentando caminhos para a resolução deles. (Roberto Assagioli - Psicossíntese - pág. 18 - Ed. Cultrix - 1992 a 1997)


Deste modo, torna-se a Astrologia um instrumento útil para o diagnóstico das complexidades da psique como também do desenvolvimento psico-espiritual em que um indivíduo se encontra. Ao revelar quais aspectos da Alma humana estão sendo ativados, (por ex.: a agressividade, a flexibilidade, o medo) ou aqueles que se encontram fracos, precisando ser desenvolvidos (por ex.: a assertividade, o impulso para a ação, a sensibilidade), a Astrologia converte-se num poderoso instrumento para chegarmos ao autoconhecimento. Mais do que isto, ela aponta a direção à qual a Alma deve dirigir-se para seguir sua jornada com mais segurança e clareza. Apontar caminhos é função da Astrologia, mas ela não pode dar receitas mágicas nem prever o futuro. O modo como vivemos a Vida é responsabilidade de cada um de nós e assumir esta responsabilidade por nós mesmos é o que se espera de um indivíduo maduro, equilibrado e autoconsciente. Nesta tarefa de nos descobrirmos no mundo como seres atuantes, responsáveis e autoconscientes, a Astrologia pode ajudar e esta é sua maior e mais importante finalidade.


A ASTROLOGIA NA COMPREENSÃO HOLÍSTICA DO UNIVERSO E DO SER HUMANO


Desde o tempo dos filósofos atomistas gregos, as mentes ocidentais têm compreendido o mundo com uma visão mecanicista da realidade. Para eles, a matéria era composta por vários blocos básicos de construção, os átomos, de caráter passivo e intrinsecamente mortos. Eram animados por alguma força externa, de caráter espiritual e portanto, diferente da matéria. Daí originou-se o dualismo espírito/matéria, corpo/alma, mente/corpo, que perdura até hoje. Esta teoria dualista teve sua formulação mais radical no séc. XVII com Descartes (1596 - 1650). Sua famosa frase, Cogito, ergo sum (Penso, logo existo), fez com que o homem do ocidente igualasse sua identidade real apenas à sua mente em vez de igualá-la a um todo harmônico, englobando mente, corpo e espírito.


Esta fragmentação interna espelha nossa visão de mundo exterior. Temos a impressão de que a realidade de cada objeto, pessoa, fato ou nação é isolada, separada, auto-suficiente em si mesma. Todas as crises, conflitos, convulsões sociais e ecológicas derivam desta visão, desta concepção fragmentada de mundo.


No entanto, a física quântica, isto é, a física do mundo subatômico aponta para uma realidade muito diferente. Da mesma forma que os místicos orientais da antigüidade preconizavam, a ciência moderna ocidental percebe a interação e a inter-relação de todos os fenômenos e a natureza intrinsecamente dinâmica do Universo. Quanto mais se penetra no mundo microscópico, mais se compreende a forma pela qual o físico da atualidade interpreta o Universo como sendo um sistema de componentes inseparáveis em permanente interação e movimento, sendo ser humano parte integrante deste sistema. (O Tao da Física - Fritjof Capra)


É nesta perspectiva que se deve entender a Astrologia: o Homem e o Universo emanam da mesma fonte e estão, portanto, sujeitos às mesmas leis e princípios. De acordo com o postulado de uma antiqüíssima lei hermética: "O que está em cima é como o que está em baixo e o que está embaixo é como o que está em cima", há uma correspondência entre o microcosmo representado pelo Homem e o macrocosmo representado por todas as forças do Universo. O Homem seria o refletor desse macrocosmo e da harmonia que há entre os diferentes planos de manifestação da Vida.


A ciência da física moderna confirma este velho princípio. Os estudos de Einstein provaram que a matéria é uma forma de energia e posteriormente, a física quântica, observando os átomos, descobriu que não é possível falar em "blocos básicos de construção material", isto é, em objetos isolados, mas revela a existência de uma intrincada teia de relações entre as diversas partes do todo; ao mesmo tempo, cada parte, por sua vez, contém o Todo e então, descortina-se perante nós a unidade básica do Universo: a Energia.


A Astrologia é uma linguagem de energia: a que desvenda a ligação do microcosmo (Homem) com o macrocosmo (Universo), considerando o ser humano não como um fenômeno isolado da criação, mas como síntese essencial das estruturas e dos processos universais. (O Simbolismo Astrológico e a Psique Humana - Luiz Carlos T. de Freitas).


A linguagem simbólica da Astrologia é aproveitada como instrumento valioso para o autoconhecimento, para a compreensão do que somos nós em correspondência aos acontecimentos em nossas vidas, sempre dentro do contexto de que o Universo interno do Homem não está separado daquilo que o cerca e, na certeza absoluta de que o cosmos interior e o cosmos exterior são faces de uma única realidade. (Novos Oráculos - Trigueirinho - Editora Pensamento)


OS CINCO NÍVEIS DO MAPA


O Mapa Astrológico mostra o nosso potencial de energia que deve ser desenvolvido e vivido da melhor maneira possível para que possamos cumprir nossa tarefa no mundo e assim sermos felizes. Esta energia distribui-se em cinco níveis.


Olhando-se o Mapa, de dentro para fora, vemos no centro um círculo que simboliza a nossa Alma, o nosso eu pessoal e transpessoal, aquilo que me faz uma entidade única e, ao mesmo tempo, ligada ao Todo Universal. É o que nos faz Filhos de Deus e o que nos dá a consciência da Eternidade. Este Centro, este Eu interno é a projeção, a manifestação do Eu Superior, que utiliza a personalidade para expressar-se no mundo físico.


A Alma impulsiona a nossa personalidade a viver uma série de experiências no mundo externo. Quaisquer que sejam as experiências vividas por nossos egos, mesmo que as consideremos gratificantes ou dolorosas, nada poderá desequilibrar ou desestruturar a nossa Alma. Ela, em qualquer circunstância, permanecerá sempre perfeita, plena e eterna: divina.


O Eu interno, simbolizado pelo pequeno círculo no centro do Mapa Astrológico, organiza uma tarefa individual a ser cumprida. Esta tarefa vem expressa no segundo nível do Mapa: a Estrutura de Aspectos - linhas coloridas que ligam os Planetas entre si, formando figuras geométricas. O conjunto dos Aspectos retrata as nossas motivações básicas que correspondem ao propósito de nossa Alma para esta vida atual. Elas são profundamente inconscientes porque costumamos estar desconectados do nosso Eu interno. Nossa tarefa no mundo é trazer para a consciência estas motivações, aquilo que, sendo realizado, vai fazer-nos felizes, sintonizados com o propósito da Alma.


Os planetas formam o terceiro nível do Mapa. Eles constituem o conteúdo da nossa psique, isto é, nossos impulsos psicológicos, nossas necessidades e instintos. É através deles que as energias cósmicas são expressas no mundo. Então, os planetas são o "instrumento através dos quais o ser humano faz contato com o mundo, percebe e experimenta o mundo, estabelecendo com ele uma troca vital e funcional". (Bruno e Louise Huber - Casas Astrológicas - pág. 20 - Totalidade Editora). No momento do nascimento, cada planeta se encontra situado num determinado signo. Os signos constituem o quarto nível do Mapa.


Os signos são qualidades cósmicas herdadas geneticamente, ou seja, cada signo é "uma dentre as doze diferenciações básicas da força solar ". Eles definem o que chamamos de os doze temperamentos ou tipos básicos da personalidade. São, portanto, nossa fonte de energia.


Citando Dane Rudhyar: "Isso, por sua vez, resulta num modo específico de sentimentos e de processos mentais que caracterizam as pessoas desse tipo. No entanto, isso não quer dizer que o indivíduo pertença exclusivamente a um tipo. Astrologicamente falando, todos os doze signos do Zodíaco - todos os doze tipos de relacionamento da vida sobre a Terra com a fonte do poder vital, que é o Sol - são atuantes dentro da natureza humana. Todo ser humano, apenas por ser humano, participa potencialmente de tudo quanto a natureza humana implica como um todo, mas participa desse potencial humano total em graus variáveis." (Tríptico Astrológico - pág. 13 - Pensamento)


Do primeiro ao quarto nível, o Mapa Astrológico descreve a configuração interna de cada um de nós, aquilo que nos pertence, aquilo que nos foi confiado para realizarmos um projeto específico de nossa Alma. Este projeto, como seres encarnados que somos, deve ser expresso no mundo. Só assim nos tornaremos conscientes de nós mesmos. O mundo, o meio externo a nós constitui o quinto nível do Mapa.


As Casas representam o mundo, o meio ambiente, o campo de experiências, o espaço onde faremos a interação de nossas motivações internas com o mundo exterior. É nesse mundo que representaremos nossos papéis sociais, ou seja, onde procuraremos adequar nossa predisposição natural com o que o mundo nos pede. Neste intercâmbio entre o que está dentro e o que está fora, acontece um mútuo enriquecimento. Nossa atuação no meio sempre causa reação. Do mesmo modo que o mundo desperta em nós a consciência de quem somos, nossa atuação nele o torna diferente. Este movimento de dentro para fora e de fora para dentro é que torna a Vida tão interessante!


Esta troca de experiências com o mundo se dá nas mais diversas etapas do desenvolvimento humano, uma vez que precisamos da interação com o meio a fim de realizarmos a principal tarefa da nossa encarnação: adquirir consciência de nós mesmos.

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