05 novembro 2009

Laboratório dos EUA pesquisou fenômenos paranormais por 60 anos


mente Em uma de suas frases de efeito mais conhecidas, Albert Einstein teria dito, segundo sua secretária: "Eu jamais acreditaria em fantasmas, mesmo que eu visse um". Vinda de um físico, essa atitude pode parecer brusca, já que a física sempre se inspirou em observações de fenômenos aparentemente estranhos. Em se tratando mesmo de eventos fantasmagóricos, porém, a ciência parece não ter chegado a um consenso sobre como tratá-los, seja para prová-los, seja para simplesmente descartá-los.



Em parte, a crença em coisas como telepatia e psicocinese ainda existe porque poucos acham hoje que vale a pena gastar tempo (e queimar a reputação) tentando estudá-las. Pelo menos um homem sério, porém, já teve a coragem (ou a imprudência) de embarcar na empreitada de tentar levar a parapsicologia para um laboratório. Sua história é contada no recém-lançado "Unbelievable" ("Inacreditável"), da jornalista americana Stacy Horn.


O aventureiro em questão foi o botânico Joseph Banks Rhine, que decidiu mudar de área e conseguiu apoio para montar um laboratório de parapsicologia na prestigiosa Universidade Duke, na Carolina do Norte (EUA), em 1935. Eram outros tempos.


Na época, a comunidade científica não era tão avessa a questões espirituais, e Rhine tinha certa reputação, ainda. Interessado num problema que era considerado aberto, antes de ter seu laboratório o cientista ganhou reputação ao desmascarar falsos médiuns.


Intrigado com relatos em que não parecia haver fraude, porém, Rhine decidiu usar o laboratório para verificar se, em experimentos controlados, coisas como telepatia e clarividência de fato apareciam.


E apareceram. Mas, como esperado, a interpretação dos resultados não é bem algo que se possa chamar de consenso.


Por décadas, Rhine e seus colegas foram à caça de médiuns para testá-los em um engenhoso experimento bolado em seu laboratório na Duke: adivinhação de cartas. Ao longo dos anos, cientistas testaram laboriosamente a habilidade de voluntários repetidas vezes até formar, com cada um deles, um corpo de dados que tivesse alguma significância estatística.


Outro teste era feito com dados. Pessoas com suposta habilidade de telecinese eram avaliadas enquanto tentavam influenciar os resultados obtidos movendo os cubos de resina com a força da mente.


Clarividência


O acervo do laboratório registra mais de 10 mil sessões de testes, a maioria deles decepcionantes. Alguns poucos voluntários, porém, conseguiam adivinhar cartas com taxa de acerto maior do que se esperaria por puro acaso.


E lá estava a prova de que a clarividência existiria: planilhas mostrando que alguns poucos voluntários tinham obtido sucesso que não é explicável apenas pela sorte.


Qualquer pessoa com um mínimo de ceticismo, claro, torce o nariz. Quem garante que o próprio Rhine não estava trapaceando? Horn dedica boa parte do livro a mostrar como o cientista conseguiu proteger razoavelmente bem os seus dados de críticas de manipulação.


Sem uma teoria minimamente plausível para explicar seus experimentos, porém, o laboratório da Duke também não conseguiu convencer grupos sérios de outras universidades a tentarem reproduzir os experimentos. E, mesmo que o bombardeio dos céticos nunca tenha cessado, o laboratório acabou sendo mais vítima da descrença de amigos.


Planilhas cheias de números, claro, não são tão interessantes quanto relatos anedóticos de "poltergeists" e histórias de fantasmas. O laboratório até chegou a investir um pouco em "pesquisa de campo", investigando casos supostamente reais que inspiraram os filmes "Poltergeist" e "O Exorcista", mas Rhine rejeitou levar ao periódico "Journal of Parapsychology" estudos que não tivessem um corpo de provas rígido.


Muitos dos filantropos que bancavam o laboratório, porém, estavam interessados mesmo era em contatar entes queridos no além. Não queriam saber de dados e baralhos. E financiadores mais benevolentes, como a Fundação Rockefeller, também acabaram se vendo com reputação ameaçada.


Na década de 1960, Rhine fez algumas tentativas de reavivar o laboratório, entre elas a de receber o psicólogo Timothy Leary para testar se o LSD poderia dar habilidades de clarividência a pessoas normais. Aparentemente, foi divertido, e só.


O dinheiro para pesquisa em parapsicologia foi aos poucos indo embora. A Duke nunca fechou oficialmente o laboratório, hoje batizado de Centro Rhine. A Associação Americana para o Avanço da Ciência, apesar de não dar mais crédito ao tema, nunca desfiliou a Associação de Parapsicologia de Rhine. O físico John Wheeler, na década de 1970, defendeu isso, mas não foi atendido.


O livro de Horn, porém, talvez seja condescendente demais com Rhine ao descrever o debate de parapsicólogos contra céticos como um "empate". Aí talvez valha uma velha regra: alegações extraordinárias exigem evidências extraordinárias. Acredite quem quiser que as planilhas de Rhine são a prova da clarividência.


Em se tratando de jornalismo, porém, um cético de mente mais fechada dificilmente levantaria a história fascinante que Horn esquadrinhou.


Julio Barone Neto


Reprodução Folha


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REFLEXÕES SOBRE A MEMÓRIA


A memória é a capacidade de reter e recuperar informações, permitindo que o indivíduo se situe no presente considerando o passado e o futuro. Ela fornece as bases para o conhecimento, habilidades, sonhos, planos e anseios. É, portanto, um aspecto central da inteligência e existência humanas (Tomaz, 1993).

O bioquímico sueco Holger Hydén demonstrou que, durante o aprendizado ocorre a síntese de proteínas cerebrais específicas. Assim, quando um animal começa a aprender uma tarefa nova, surge em poucos minutos uma proteína de vida breve, mais tarde o mesmo tipo de produção é verificado em áreas corticais responsáveis pelo armazenamento de longa duração, há, portanto, uma memória breve e outra prolongada (Covian, 1989).

Del Nero explica que, no armazenamento de informação, são formadas sinapses e sintetizadas proteínas. As sinapses ou conexões nervosas apresentam intensidades diferentes fazendo com que determinados estímulos sejam mais intensamente percebidos que outros, de acordo com as vivências particulares de cada indivíduo.

Para o autor, as cenas do mundo são percebidas pelo cérebro como oscilações. Ao longo do nosso desenvolvimento cognitivo, aprendemos a correlacionar as oscilações provenientes do mundo com as nossas oscilações cerebrais. As oscilações cerebrais unificadas constituem a mente. Assim através da atividade sincronizada de diferentes redes neuronais somos capazes de criar imagens mentais e transmiti-las usando uma linguagem (Del Nero,1997).

Nossas imagens de mundo envolvem a estruturação cerebral na forma de redes, as quais possibilitam perceber o mundo exterior ou os estímulos ambientais.

Precisamos construir redes neuronais, para ver ou captar o mundo. Isto envolve processos que dependem da interação entre sujeito e meio e obedecem às leis gerais do desenvolvimento biológico. Ao longo do desenvolvimento cognitivo, começamos a assimilar as informações, ou oscilações do meio, de acordo com as redes já constituídas.

Ao assimilar novas informações, podemos nos desequilibrar e a reequilibração vai depender de uma acomodação, a qual modifica o sujeito por promover a construção de novas redes neurais, sucessivamente.




Ao considerar o cérebro como uma estrutura que armazena as informações do mundo, e a codificação como uma forma econômica de armazenamento de dados, o símbolo surge como uma eficiente solução para uma melhor utilização da capacidade ou "espaço" cerebral.

A eficiência ou capacidade de simbolizar muda com o aprendizado e a experiência. Como exemplifica Del Nero (1997, p. 175), um mau jogador de xadrez, olhando para um tabuleiro pensaria, "se eu mover a torre para cá, o outro moverá o peão para lá", já o bom jogador, diante da mesma cena pensaria, "se eu ameaçar o flanco do rei, forçarei a troca de damas em alguns lances". Dessa forma, utilizando um mesmo espaço cerebral, ou memória trabalho[2], o bom jogador consegue antecipar mais jogadas do que o mau.

A experiência diferencia o bom do mau jogador, permitindo que, através de símbolos, o primeiro seja capaz de condensar em cenários o que o segundo observa apenas pontualmente. Quando Del Nero afirma que herdamos símbolos, comparando-os com pedaços de madeira, que esculpimos com a experiência, entendo que se refira a uma espécie de "matriz de símbolos".

Assim, da mesma forma que um filme fotográfico pode gravar informações luminosas, uma fita magnética, informações magnetizadas, um CD, informações digitalizadas, os neurônios de armazenamento de memória se constituem numa "superfície" capaz de gravar informação simbolizada.

Ao ampliar nossa capacidade de armazenar informações, os símbolos ampliam o próprio ato de percepção do mundo, embora, substituindo a resposta direta e imediata das reações orgânicas pela resposta diferida caracteristicamente humana.

Bibliografia:
COVIAN, Miguel R. O problema cérebro e mente. In: Ciência Hoje v. 10, n. 58, p. 16-20, 1989.

DEL NERO, Henrique S. O sítio da mente: pensamento, emoção e vontade no cérebro humano. São Paulo : Collegium Cognitivo, 1997.

TOMAZ, Carlos. Memória: mecanismos celulares. Ciência Hoje. São Paulo, v. 16, n. 94, p. 6-7, 1993.

Notas:
[1]- As nove musas são filhas de Manemosine e Zeus. São elas: Calíope da poesia épica; Clio da história; Polinia da pantomima; Euterpe da flauta; Talia da comédia; Erato do canto lírico; Tepsícore da poesia e da dança; Melpomene da tragédia e Urania da astronomia (
Refuerzo Tecnologia). O interessante é verificar que toda a inspiração é fruto da memória e do poder de criação.

[2]- É chamada de memória trabalho, a memória envolvida no processamento da ação.


REFLEXÕES SOBRE A MEMÓRIA


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