21 agosto 2008

GNOSTICISMO PRÁTICO E AS TEORIAS

"O estudante procura aqui e ali, lê e relê todo livro de ocultismo e magia que cai em suas mãos, mas o que consegue o pobre aspirante é só encher-se de terríveis dúvidas e confusões intelectuais. Existem milhões de teorias e milhares de autores. Uns repetem idéias de outros, aqueles refutam a estes, todos contra um, um contra todos. Os colegas se ironizam e se combatem mutuamente, uns contra outros e todos realmente contra todos. Alguns autores aconselham o devoto a ser vegetariano, outros lhe dizem que não seja. Uns aconselham a praticar exercícios respiratórios, outros dizem para não praticá-los. O resultado é espantoso para o pobre buscador. Não sabe o que fazer. Quer luz, suplica, clama, e nada, absolutamente nada". (Samael Aun Weor: "O Matrimônio Perfeito")


No terreno da vida prática cada pessoa tem seu critério, sua forma mais ou menos rançosa de pensar.


Inquestionavelmente, cada cabeça é um mundo, e em todos e em cada um de nós existe uma espécie de dogmatismo pontifício e ditatorial que quer fazer-nos crer que nossos conceitos são iguais à realidade.


Em todo caso, as pessoas nunca se sentem equivocadas, cada um de nós pensa que seu critério é o melhor.


O mais grave de toda esta questão é que milhões de critérios equivalem a milhões de normas putrefatas e absurdas.


Os "ignorantes ilustrados" são os mais difíceis, pois, em realidade, falando desta vez em estilo socrático, diremos: "não só não sabem como também ignoram que não sabem".


Essas pobres pessoas são auto-suficientes, presunçosas com seu vão intelectualismo, pensam que vão pelo caminho reto e nem remotamente suspeitam que se encontram em um beco sem saída.


A brilhante procissão de idéias ofusca o velhaco do intelecto e lhe dá certa auto-suficiência tão absurda a ponto de rechaçar tudo o que não cheire a pó de biblioteca e tinta de universidade.


O "delirium tremens" dos bêbados alcoólicos tem sintomas inconfundíveis, mas o dos ébrios de teorias se confunde facilmente com a genialidade.


Essas pobres pessoas intelectuais querem colocar o oceano dentro de um copo de vidro, supõem que a universidade pode controlar toda a sabedoria do universo e que todas as leis do cosmos estão obrigadas a se submeter às suas velhas normas acadêmicas.


Pretendem, os amantes da razão, esquadrinhar os arcanos da Natureza com a pobre faculdade do intelecto. Não poderíamos negar que a mente e a razão são úteis, no terreno da vida prática, para realizar certas tarefas cotidianas, mas pretender, com o intelecto, analisar e resolver os grandes mistérios da vida e da morte é como pretender observar as estrelas com o microscópio ou as bactérias com o telescópio.


Em esoterismo gnóstico se diz que "bom" é o que está em seu lugar e "mau" é o que está fora de lugar. Poderíamos afirmar que o intelecto, dentro de sua órbita, é bom; mas, fora dela, nos prejudica terrivelmente.


Infelizmente, os "ignorantes ilustrados", metidos nos subterfúgios de suas difíceis erudições, não conhecem essas coisas e nem sequer têm tempo para se ocupar de nossos estudos seriamente.


Hoje em dia os sabichões riem dos conhecimentos esotéricos, não os aceitam, ainda que no fundo nem remotamente tenham alcançado a felicidade.


Está escrito que "Aquele que ri do que não conhece está a caminho de ser idiota".


Depois de haver envelhecido no meio do pó de sua biblioteca, Fausto exclamou: "Estudei tudo com viva ansiedade, e hoje sou só um pobre louco com uma psique infeliz. O que é que sei? A mesma coisa que já sabia. A única coisa que aprendi é que não sei nada".


As teorias encheram o mundo de confusão e problemas. O caos em que se encontra a humanidade é fruto do intelecto.


Francamente, devo dizer-lhes que a erudição sem experimentação só nos leva ao conflito e à luta das antíteses.


Não podemos negar que hoje, precisamente, existem duas tendências no mundo que lutam mortalmente pela supremacia. Em primeiro lugar, temos a corrente espiritualista, formada por todas as religiões, escolas e crenças. De outra parte, temos a corrente materialista, com sua dialética etc.


A corrente espiritualista pensa que ela, absolutamente ela, tem a verdade. A corrente materialista, ateísta, também supõe possuir a verdade. A corrente espiritualista rende culto ao Deus-Espírito, não importa que nome se lhe dê: Alá, Brahma, Deus etc. A corrente materialista rende culto ao Deus-Matéria, não importa também o nome que lhe dermos.


São duas correntes. A espiritualista se fundamenta em suas teorias; a materialista nas suas. Quem tem razão? Os da direita ou os da esquerda? Sem querer ferir delicadas susceptibilidades, diremos que nem uns nem outros conhecem realmente isso que é a Verdade.


Os fanáticos do espiritualismo e do materialismo encheram o mundo de teorias, hipóteses e suposições que jamais foram experimentadas.


"O homem que não põe em prática sua metafísica é como um asno carregado de livros", dizia Maomé.


As teorias já se tornaram cansativas, e até se vendem e revendem no mercado... E então, como ficamos?


Os autores se contradizem a si mesmos em suas obras. O pobre leitor tem que beber da taça amarga da dúvida. As teorias só servem para ocasionar-nos preocupações e amargurar-nos a vida.


Realmente, informação intelectual não é vivência. Erudição não é experiência. O ensaio, a prova, a demonstração exclusivamente tridimensional não é unitotal, não é íntegra.


Existem, latentes em nosso interior, faculdades superiores à mente, independentes do intelecto, capazes de dar-nos conhecimento e experiência direta sobre qualquer fenômeno.


Devemos compreender que as opiniões, conceitos, teorias, hipóteses, não significam verificação, experimentação, consciência plena sobre tal ou qual fenômeno.


Sem orgulho de nenhuma espécie, devemos asseverar que os estudos gnósticos constituem um bálsamo para o insaciável buscador da luz entre tantas trevas.


Amigo leitor, a Gnose oferece as chaves e os procedimentos para que você experimente, por si mesmo e de forma científica, cada um dos elementos que integram essa Sabedoria Universal.


As teorias não servem para nada. Necessitamos ser práticos e conhecer por vivência própria o objetivo de nossa existência.


Com justa razão disse Goethe: "Toda teoria é cinza, e só é verde a árvore de frutos dourados que é a vida".

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