A psicografia, uma das muitas possibilidades de expressão mediúnica existentes, é a capacidade que alguns médiuns possuem de escrever mensagens ditadas ou inspiradas por espíritos. Para os seguidores do espiritismo, a comunicação com o mundo espiritual é um processo natural. Como acreditam na continuidade da vida após a morte - encarada como apenas uma passagem para um outro nível de existência - não haveria porque cessar o livre fluxo de informações e ensinamentos após o desencarne.
Não se pode negar o conforto espiritual oferecido por este tipo de contato, capaz de aliviar a dor da perda e reforçar a certeza de que os laços de afeto não se desfazem após a morte e de que a separação é apenas momentânea e, no fim das contas, ilusória. Mas a psicografia não se restringe a mensagens pessoais, dirigidas a membros da família e pessoas próximas. Podemos encontrar desde mensagens mais gerais, dirigidas a um grande número de pessoas, até livros inteiros ditados por espíritos desencarnados, com o intuito de passar conhecimentos e ensinamentos acerca da vida após a morte, do funcionamento do mundo espiritual, orientações de caráter moral e ético e palavras que oferecem consolo, fé e explicações para os momentos difíceis que enfrentamos, tanto na vida pessoal, quanto no mundo em geral.
Chico Xavier foi um dos mais ilustres médiuns a possuir este dom, que começou a desenvolver ainda na adolescência. Além do atendimento ao público, onde reproduziu mais de 10 mil mensagens em sessões abertas ao público, ele também publicou, ao todo, 412 livros, todos psicografados, boa parte por dois seres que teriam sido seus principais guias espirituais, Emmanuel, que o teria acompanhado desde a infância e, posteriormente, André Luiz. Obras como "Nosso Lar", "Parnaso de Além Túmulo", "A Caminho da Luz", "Há Dois Mil Anos" e muitos outros, que até hoje figuram nas listas dos mais vendidos entre os títulos espíritas - tendo sido inclusive traduzidos e publicados em diversos idiomas - juntamente com os tradicionais livros sobre a doutrina codificada por Allan Kardec em 1857, como "O Evangelho Segundo o Espiritismo" e "O Livro dos Espíritos".
Hoje em dia, o médium baiano Divaldo Franco, 83 anos, é um dos mais conhecidos representantes da religião espírita. Com cerca de 250 livros psicografados, ele também se dedica a dar palestras, também inspiradas por espíritos, com o objetivos de oferecer mensagens de fé e desenvolvimento espiritual.
Não podemos deixar de citar também o livro "Violetas na Janela", psicografado pela médium Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho e publicado em 1993. Neste romance, o espírito de uma jovem, que desencarnou aos 19 anos, narra sua vivência no mundo espiritual, desde o auxílio recebido logo após a morte, até sua adaptação à nova vida, o reencontro com entes queridos e a tarefa de auxiliar outras pessoas também recém desencarnadas em sua passagem. "Violetas na Janela" tornou-se um best-seller e foi adaptado para o teatro. O espetáculo também virou um fenômeno de bilheteria e foi assistido por mais de 300 mil pessoas em todo o Brasil, permanecendo dez anos em cartaz, entre 1997 e 2007.
Antes restritos às sessões em centros kardecistas ou às livrarias exclusivamente espíritas, estas obras hoje encontram-se mais acessíveis a todos os que desejem saber mais sobre a religião e entender melhor este fenômeno capaz de aproximar almas que estão, momentaneamente, separadas pelas diferentes dimensões da vida.
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