07 março 2010

O Segredo que a Igreja Proibiu


graal2 É claro que sabíamos muito bem que nosso cenário contrastava com os ensinamentos cristãos estabelecidos. Mas quanto mais pesquisávamos, mais claro se tornava que esses ensinamentos, na forma como foram transmitidos através dos séculos, representam somente uma compilação altamente seletiva de fragmentos, sujeitos a expurgo e revisão severos. O Novo Testamento oferece um retrato de Jesus e de sua época que reconcilia necessidadesde interesses escusos, de alguns grupos e indivíduos que exerceram - e de algum modo ainda exercem - grande influência no assunto. E qualquer coisa que possa comprometer ou embaraçar esses interesses - como o Evangelho "secreto" de Marcos, por exemplo - tem sido devidamente extirpada. Na verdade, tanto foi extirpado que foi criado um vazio. Nesse vazio a especulação se torna justificada e necessária. Se Jesus era um pretendente legítimo ao trono, é provável que ele tenha sido apoiado, pelo menos inicialmente, por uma percentagem relativamente pequena da população - sua família da Galiléia, alguns outros membros de sua própria classe social aristocrática e alguns representantes estrategicamente colocados na Judéia e na capital, Jerusalém.



Tal número de seguidores, embora diferenciado, não teria sido suficiente para assegurar a realização de seus objetivos, ou seja, vencer o páreo para o trono. Como conseqüência, ele teria sido obrigado a recrutar um número mais substancial de seguidores de outras classes. Como se faz para recrutar um grande número de seguidores?


Obviamente, divulgando uma mensagem calculada para angariar lealdade e apoio. Tal mensagem não teria de ser tão cínica quanto as veiculadas por políticos modernos. Ao contrário, ela pode ter sido promulgada de perfeita boa-fé, com nobre idealismo. Mas, a despeito de sua orientação religiosa, seu objetivo primário teria sido o mesmo que aquele dos políticos: assegurar a adesão do povo. Jesus divulgou uma mensagem que tentava exatamente oferecer esperança aos oprimidos, aos aflitos, aos marginalizados. Em suma, tratava-se de uma mensagem que continha uma promessa. Se o leitor moderno supera seus preconceitos e pré-julgamentos sobre o assunto, ele pode discernir um mecanismo extraordinariamente semelhante àquele visível no mundo de hoje - um mecanismo pelo qual pessoas são, e sempre têm sido, unificadas em nome de uma causa comum e fundidas em um instrumento ara derrubar um regime despótico. A questão é que a mensagem de Jesus era ética e política. Era dirigida a um segmento particular do povo, em concordância com considerações políticas. Pois somente junto aos oprimidos, aos marginalizados e aos aflitos ele poderia esperar recrutar um número significativo de seguidores. Os saduceus, que tinham chegado a um acordo com a ocupação romana, teriam relutado, como têm relutado todos os saduceus, ao longo da história, em renunciar ao que possuíam, ou arriscar sua segurança e estabilidade.


A mensagem de Jesus, na forma como aparece nos Evangelhos, não é nem totalmente nova nem totalmente única. É provável que ele mesmo tenha sido um fariseu, e que seus ensinamentos contenham vários elementos da doutrina dos fariseus. Como atestam os Manuscritos do Mar Morto, os ensinamentos de Jesus também contêm vários aspectos importantes do pensamento essênio. Mas se a mensagem, como tal, não era completamente original, o meio de transmiti-Ia provavelmente era. O próprio Jesus era, sem dúvida, uma pessoa imensamente carismática. Ele pode muito bem ter tido uma aptidão para curar e para fazer outros "milagres". Certamente possuía um dom para comunicar suas idéias através de parábolas vibrantes e evocativas, que não requeriam qualquer treinamento sofisticado por parte da audiência, sendo acessíveis ao povo em geral. Além disso, ao contrário de seus precursores essênios, Jesus não foi obrigado a se confinar ao papel de prever o advento de um Messias. Ele podia pretender ser o próprio Messias. E este fato teria dado às suas palavras uma autoridade e uma credibilidade muito maiores. É claro que Jesus havia recrutado um número significativo de seguidores na época de sua entrada triunfal em Jerusalém. Mas esses seguidores seriam compostos de dois elementos distintos, cujos interesses não eram precisamente os mesmos. Por um lado havia um pequeno núcleo de "iniciados": a família, outros membros da nobreza, aliados ricos e influentes, cujo objetivo primário era ver seu candidato instalado no trono. Por outro lado havia uma comitiva muito maior de "pessoas comuns": as fileiras do movimento, cujo objetivo primário era ver a mensagem, e a promessa que ela continha, cumpridas. É importante reconhecer a diferença entre estas duas facções. Seu objetivo político - estabelecer Jesus no trono - teria sido o mesmo. Mas suas motivações teriam sido essencialmente diferentes.


Quando o empreendimento falhou, como obviamente aconteceu, a frágil aliança entre estas duas facções - "seguidores da mensagem" e "seguidores da família" - teria sucumbido. Confrontada com o fracasso e com a ameaça de iminente aniquilação, a família teria colocado como prioridade o único fator que, desde tempos imemoriais, tem sido primordial para nobres e famílias reais: a preservação da linhagem a qualquer custo; se necessário, ao preço do exílio. Todavia, para os "seguidores da mensagem", o futuro da família teria se tornado irrelevante, a sobrevivência da linhagem seria de importância secundária. Seu objetivo principal teria sido a perpetuação e a disseminação da mensagem. O cristianismo, na forma como evoluiu nos seus primeiros séculos e finalmente chega até nós hoje, é um produto dos "seguidores da mensagem". O caminho de sua disseminação e desenvolvimento tem sido tão amplamente percorrido por outros estudiosos que não necessita muita atenção aqui. Basta dizer que já com São Paulo a mensagem começou a assumir uma forma cristalizada e definitiva.


Esta forma se tornou a base sobre a qual todo o edifício teológico do cristianismo foi erigido. Na época em que os Evangelhos foram escritos, os dogmas básicos da nova religião estavam praticamente completos. A nova religião era basicamente orientada para uma audiência romana. Assim, o papel de Roma na morte de Jesus foi, por necessidade, suprimido, e a culpa transferida para os judeus. Mas esta não foi a única liberdade tomada em relação aos fatos, para torná-los mais assimiláveis no mundo romano. Pois o mundo romano estava acostumado a endeusar seus governantes, e César já havia sido oficialmente estabelecido como um deus. Para competir, Jesus - a quem ninguém antes havia considerado divino - tinha que ser endeusado também. Ele o foi pelas mãos de Paulo. Antes de ser disseminada com sucesso - desde a Palestina até a Síria, Ásia Menor, Grécia, Egito, Roma e Europa Ocidental -, a nova religião tinha que ser adaptada para ser aceita pelos povos dessas regiões. E tinha que ser capaz de se firmar contra os credos já estabelecidos. Em suma, o novo deus tinha que ser comparável em poder, em majestade, em repertório de milagres, àqueles que ele deveria substituir. Para ganhar um terreno sólido no mundo romano de sua época, Jesus teria que se tornar um deus no sentido mais completo do termo. Não um Messias no velho sentido da palavra, não um rei-sacerdote, mas um deus encarnado - que, como seus oponentes sírio, fenício, egípcio e clássico, passou pelo submundo e pelo tormento do inferno e emergiu, rejuvenescido, com a primavera. Foi aí que a idéia de ressurreição assumiu tal importância, por uma razão óbvia: colocar Jesus no nível de Tammuz, Adônis, Attis, Osíris e todos os outros deuses que, morrendo e revivendo, povoavam o mundo e a consciência de seu tempo. Pela mesma razão, precisamente, foi promulgada a doutrina do nascimento virgem. E o festival da Páscoa - festival da morte e da ressurreição - foi elaborado para coincidir com os rituais da primavera de outros cultos e escolas de mistério contemporâneos.


Dada a necessidade de disseminar um deus-mito, a verdadeira família corpórea desse deus e os elementos políticos e dinásticos de sua história teriam se tornado supérfluos. Acorrentados como estavam a um tempo e lugar específicos, eles teriam subtraído sua pretensão à universalidade. Assim, para levar adiante tal pretensão, todos os elementos dinásticos e políticos foram rigorosamente expurgados da biografia de Jesus. Todas as referências aos zelotes, por exemplo, assim como aos essênios, foram removidas. Tais referências teriam sido, no mínimo, embaraçosas. O envolvimento em uma conspiração dinástica complexa e, em última instância, efêmera não seria próprio de um deus, especialmente em se tratando de uma conspiração fracassada. No final nada foi deixado, com exceção do que está contido nos Evangelhos, uma narrativa de simplicidade austera, mítica, que ocorre incidentalmente na Palestina do século I, ocupada pelos romanos, e principalmente no presente eterno de todo mito.


Enquanto a "mensagem" evoluía desta maneira, a família e seus aliados não parecem ter ficado inertes. Julius Africanus, que escreveu no século III, narra que os membros sobreviventes da família de Jesus acusaram amargamente os governantes de Herodes de destruir as genealogias de judeus nobres, removendo assim todas as evidências que pudessem desafiar sua pretensão ao trono. E estes mesmos membros teriam "migrado pelo mundo", carregando consigo algumas genealogias que escaparam da destruição de documentos ocorrida durante a revolta de 66-74 d.C. Para os disseminadores do novo mito, a existência dessa família se tornaria rapidamente uma irrelevância e um embaraço potencial de proporções consideráveis. Pois a família - que constituía testemunho ocular do que realmente e historicamente ocorreu - representava uma perigosa ameaça ao mito. Com base num conhecimento "de primeira mão", a família poderia explodir completamente o mito. Nos primeiros tempos do cristianismo, por isso, teria que ser suprimida toda menção a uma família nobre ou real, a uma linhagem, a ambições políticas ou dinásticas. E a família em si, que poderia trair a nova religião - uma vez que a realidade cínica da situação deve ser reconhecida - deveria, se possível, ser exterminada. Daí a intolerância dos padres da Igreja dos primeiros anos em relação a qualquer desvio da ortodoxia que desejavam impor. Daí também, talvez, uma das origens do antisemitismo.


De fato, ao culpar os judeus e aliviar os romanos, os "seguidores da mensagem" e disseminadores do mito teriam conseguido um duplo objetivo. Não só teriam tornado o mito e a mensagem digeríveis para uma audiência romana como também teriam impugnado a credibilidade da família, uma vez que ela era judia. E o sentimento anti-judeu que engendraram teria contribuído para seus objetivos. Se a família tivesse encontrado refúgio em uma comunidade judia de algum lugar do império, a perseguição popular poderia, em seu momentum, silenciar convenientemente testemunhas perigosas. A adaptação a uma audiência romana, o endeusamento de Jesus e o retrato dos judeus como bodes expiatórios asseguraram o sucesso da disseminação do que se tornou depois a ortodoxia cristã. A posição desta ortodoxia começou a se consolidar definitivamente no século II, principalmente através de Irenaeus, bispo de Lyon, por volta de 180 d.C. Provavelmente mais do que qualquer outro padre da Igreja, Irenaeus se dedicou a dar uma forma estável e coerente à teologia cristã. Conseguiu isto principalmente através de um volumoso trabalho, Libros Quinque Adversus Haereses ["Cinco livros contra heresias"]. Em seu exaustivo opus, Irenaeus catalogou todos os desvios da ortodoxia e os condenou veementemente. Deplorando a diversidade, ele sustentava que só podia existir uma igreja válida, fora da qual não haveria salvação. Quem desafiasse esta afirmação era considerado herético, devia ser expulso e, se possível, destruído.


Entre as diversas e numerosas formas do cristianismo inicial, o gnosticismo incorria na ira mais injuriosa de Irenaeus. O gnosticismo repousava na experiência pessoal, na união pessoal com o divino. Para Irenaeus, isto minava a autoridade de padres e bispos, difIcultando a imposição de uniformidade. Em conseqüência, ele devotou suas energias à supressão do gnosticismo. Para isso era necessário desencorajar a especulação individual e encorajar a fé, sem questionamentos, em um dogma fixo. Fazia-se necessário um sistema teológico, uma estrutura de doutrinas codificadas que não pudessem ser interpretadas pelo indivíduo. Em oposição a experiência pessoal e gnose, Irenaeus insistia em uma única igreja "católica" (ou seja, universal) baseada em fundação apostólica e em sucessão. Para implementar a criação de tal igreja, Irenaeus reconhecia a necessidade de um cânone definitivo, uma lista de escritos, fixos e autoritários. Assim, compilou tal cânone, utilizando trabalhos disponíveis, incluindo alguns, excluindo outros. lrenaeus é o primeiro escritor cujo cânone do Novo Testamento condiz essencialmente com o atual.


Tais medidas, é claro, não impediram a disseminação de heresias. Pelo contrário, elas continuaram a florescer. Com Irenaeus, no entanto, a ortodoxia - o tipo de cristianismo promulgado pelos "seguidores da mensagem" - assumiu uma forma coerente que assegurou sua sobrevivência e, finalmente, seu triunfo. É razoável afirmar que Irenaeus calçou o caminho para o que ocorreu durante e imediatamente depois do reino de Constantino, sob cuja égide o Império Romano se tornou, de certo modo, um império cristão. O papel de Constantino na história e no desenvolvimento do cristianismo tem sido falsifIcado, mal interpretado e mal entendido. A espúria Doação de Constantino, do século VIII, discutida no capítulo 9, tem servido para confundir ainda mais o assunto aos olhos dos escritores posteriores. Entretanto, Constantino recebe freqüentemente o crédito pela vitória decisiva dos "seguidores da mensagem", e isso não é sem razão. Por isso, fomos obrigados a considerá-lo mais de perto, e para isso tivemos que dispersar alguns dos feitos mais fantasiosos e ostensivos a ele atribuídos.


De acordo com a tradição posterior da Igreja, Constantino havia herdado do pai uma predisposição simpática ao cristianismo. Na realidade, sua predisposição parece ter sido principalmente uma questão de conveniência, pois os cristãos eram então numerosos. Constantino necessitava de toda ajuda que pudesse obter contra Maxentius, seu rival na disputa pelo trono imperial. Em 312 d. C., Maxentius foi derrotado na batalha da ponte Múlvia, deixando a pretensão de Constantino livre de ameaças. Imediatamente antes desse compromisso crucial, Constantino teria tido uma visão - reforçada mais tarde por um sonho profético - de uma cruz luminosa pendurada no céu. Uma sentença estava supostamente inscrita na cruz: In Hoc Signo Vinces ["Por este sinal conquistarás"]. A tradição conta que Constantino, seguindo este portento celestial, encomendou para suas tropas escudos contendo o monograma cristão, as letras gregas Chi e Rho, as duas primeiras letras da palavra Christos. Como resultado, a vitória de Constantino sobre Maxentius na ponte Múlvia veio a representar um triunfo milagroso do cristianismo sobre o paganismo.


Esta é a tradição popular da Igreja, e com base nela pensa-se que Constantino converteu o império romano ao cristianismo. Na realidade, ele não fez isso. Para verificar precisamente o que fez, devemos examinar as evidências mais de perto. Em primeiro lugar a "conversão" de Constantino - se esta é a palavra apropriada - não parece ter sido cristã, mas descaradamente pagã. Ele parece ter tido algum tipo de visão, ou experiência divina, nos aposentos de um templo pagão a ApoIo, em Vosges ou próximo a Autun. Segundo uma testemunha que acompanhava o exército de Constantino na época, a visão era do deus sol, a deidade adorada por alguns cultos sob o nome de Sol Invictus, "o invencÍvel sol". Existem evidências de que Constantino, um pouco antes de sua visão, havia sido iniciado em um culto ao Sol Invictus. Em todo caso, o Senado romano, depois da batalha da ponte Múlvia, erigiu um arco do triunfo no Coliseu. Segundo a inscrição neste arco, a vitória de Constantino deveu-se à "proteção da deidade". Mas a deidade em questão não era Jesus. Era Sol Invictus, o deus sol pagão. Contrariamente à tradição, Constantino não fez do cristianismo a religião oficial do Estado romano. A religião de Estado sob Constantino foi, na realidade, a adoração pagã ao sol; e Constantino, durante toda a vida, atuou como seu principal sacerdote. De fato, seu reino era chamado "reinado do sol", e o Sol Invictus figurava em todo lugar - inclusive nas faixas imperiais e nas moedas. A imagem de Constantino como um fervoroso convertido ao cristianismo é claramente errônea. Ele próprio só foi batizado em 337, quando jazia em seu leito de morte e estava aparentemente muito fraco ou muito apático para protestar. Nem mesmo o monograma Chi Rho pode ser creditado a ele. Uma inscrição contendo este monograma foi encontrada em uma tumba em Pompéia, datada de dois séculos e meio antes.


O culto ao Sol Invictus, de origem Síria, era imposto pelos imperadores romanos aos seus súditos um século antes de Constantino. Embora contivesse elementos da idolatria Baal e Astarte, ele era essencialmente monoteísta. De fato, posicionava o deus sol como a soma de todos os atributos de todos os outros deuses, e assim subjugava pacificamente seus rivais em potencial. Além disso, ele se harmonizava convenientemente com o culto a Mithras, que também era prevalente em Roma e no império da época, também envolvendo adoração ao sol. Para Constantino, o culto ao Sol Invictus era simplesmente cômodo. Seu objetivo primeiro, na verdade obsessivo, era a unidade - em política, em religião e em território. Um culto, ou religião de Estado, que incluísse todos os outros cultos obviamente convergiria para seu objetivo. E foi sob os auspÍcios do culto ao Sol Invictus que o cristianismo consolidou sua posição. Tendo muito em comum com o culto ao Sol Invictus, a ortodoxia cristã foi capaz de florescer sob a sombra da tolerância, sem ser molestada. O culto ao Sol Invictus, essencialmente monoteísta, calçou o caminho para o monoteísmo cristão. E o culto ao Sol Invictus era conveniente também sob outros aspectos, que modificaram e facilitaram a propagação do cristianismo. Através de um edital promulgado em 321 d.C., por exemplo, Constantino ordenou o fechamento das cortes de justiça no "dia venerável do sol", decretando que este seria um dia de repouso. O cristianismo havia de fato conservado o sabbath judeu - o sábado - como sagrado. Agora, de acordo com o edital de Constantino, ele transferiu seu dia sagrado para domingo. Isto não só harmonizou o cristianismo com o regime existente, como também lhe permitiu se dissociar mais de suas origens judaicas. Além disso, o nascimento de Jesus fora celebrado, até o século IV, no dia 6 de janeiro. Para o culto ao Sol Invictus, contudo, o dia crucial do ano era 25 de dezembro - o festival de Natalis Invictus, o nascimento (ou renascimento) do sol, quando os dias começam a ficar mais longos. Novamente o cristianismo se alinhou com o regime e a religião de Estado estabelecida.


O culto ao Sol Invictus se mesclava alegremente com aquele a Mithras - tanto que os dois são freqüentemente confundidos. Ambos enfatizavam a condição do sol, considerando-o sagrado. Ambos celebravam um festival de nascimento em 25 de dezembro. Como resultado, o cristianismo também podia encontrar pontos de convergência com o mithraísmo - tanto mais que o mithraísmo enfatizava a imortalidade da alma, um julgamento futuro e a ressurreição dos mortos. No interesse da unidade, Constantino escolheu deliberadamente esmaecer as distinções entre cristianismo, mithraísmo e Sol Invictus. Escolheu, deliberadamente, não ver qualquer contradição entre eles. Tolerou o Jesus endeusado como uma manifestação terrestre do Sol Invictus. Assim, ele construiria uma igreja cristã e, ao mesmo tempo, estátuas da deusa-mãe Cybele e do Sol Invictus - este último sendo uma imagem do próprio imperador, contendo seus traços. Em tais gestos ecléticos e ecumênicos, a ênfase na unidade pode ser observada de novo. Em suma, a fé era para Constantino uma questão política. Qualquer fé que conduzisse à unidade era tratada com tolerância.


Embora Constantino não tenha sido o bom cristão retratado pela tradição posterior, ele consolidou, em nome da unidade e uniformidade, a condição do cristianismo ortodoxo. Em 325 d.C., por exemplo, convocou o Concílio de Nicea, onde foi estabelecida a data da Páscoa. Adotaram-se regras que definiam a autoridade dos bispos, o que preparou o caminho para uma concentração do poder em mãos eclesiásticas. O mais importante de tudo é que o concílio de Nicea decidiu, por voto, que Jesus era um deus, e não um profeta mortal. Novamente, deve-se enfatizar que a consideração primordial de Constantino não era piedade, mas união e praticidade. Como um deus, Jesus podia ser associado convenientemente ao Sol Invictus.


Como um profeta mortal ele seria muito mais difícil de acomodar. Em suma, a ortodoxia cristã se prestou a uma fusão politicamente desejável com a religião de Estado estabelecida. Ao fazê-lo, ganhou o apoio de Constantino. Um ano após o Concílio de Nicea, Constantino sancionou o confisco e a destruição de todos os trabalhos que desafiavam os ensinamentos ortodoxos - trabalhos de autores pagãos que se referiam a Jesus, bem como trabalhos de "hereges" cristãos. Ele também providenciou uma renda fixa a ser alocada à Igreja e instalou o bispado de Roma no palácio Lateran. Em 331 d. C., comissionou e financiou novas cópias da Bíblia. Isto constituiu um dos fatores decisivos de toda a história do cristianismo e muniu a ortodoxia cristã - "os seguidores da mensagem" - de uma oportunidade sem paralelo.


Em 303 d.C., um quarto de século antes, o imperador pagão Diocleciano havia se empenhado em destruir todos os escritos cristãos que pudessem ser encontrados. Como conseqüência, os documentos cristãos - especialmente em Roma - haviam desaparecido. Quando Constantino encomendou novas versões desses documentos, isto possibilitou que os guardiães da ortodoxia revisassem, editassem e reescrevessem seu material como bem entendessem, de acordo com suas próprias doutrinas. A maior parte das alterações cruciais no Novo Testamento foi provavelmente feita nessa ocasião, e Jesus assumiu a condição única de que goza desde então. A importância da comissão de Constantino não deve ser subestimada. Das cinco mil versões manuscritas do Novo Testamento existentes, nenhuma antecede o século IV. O Novo Testamento, como ele existe hoje, é essencialmente um produto dos editores e escritores do século IV - guardiães da ortodoxia, "seguidores da mensagem", com interesses a proteger.


Os Zelotes


O caminho da ortodoxia cristã depois de Constantino é bastante familiar e bem documentado. É desnecessário dizer que ele culminou no triunfo final dos "seguidores da mensagem". Mas se "a mensagem" se estabeleceu como um princípio guia e governante da civilização ocidental, isso não se fez sem questionamentos. Mesmo de seu exílio incógnito, as pretensões e a própria existência da família teriam exercido um apelo poderoso - apelo que, mais freqüentemente do que seria confortável, representou uma ameaça à ortodoxia de Roma. A ortodoxia romana repousa essencialmente nos livros do Novo Testamento. Mas o Novo Testamento, em si, nada mais é do que uma seleção de antigos documentos cristãos datados do século IV. Inúmeros outros trabalhos antecedem o Novo Testamento em sua forma atual, e alguns deles lançam nova luz, freqüentemente controvertida, sobre as narrativas aceitas. Existem, por exemplo, os vários livros excluídos da Bíblia, que compreendem a compilação hoje conhecida como Apocrypha. Alguns trabalhos do Apocrypha são reconhecidamente tardios, datados do século VI. Outros, contudo, já estavam em circulação no século II, e podem bem ter tanta pretensão à veracidade quanto os Evangelhos originais.


Um destes trabalhos é o Evangelho de Pedro, cuja primeira cópia foi localizada em um vale do Alto Nilo em 1886, embora ele seja mencionado pelo bispo de Antióquia em 180 d.C. De acordo com este Evangelho "apócrifo", José de Arimatéia era amigo íntimo de Pôncio Pilatos - o que, se for verdade, aumenta a probabilidade de uma crucificação fraudulenta. O Evangelho de Pedro também narra que a tumba onde Jesus foi enterrado situa-se em um local chamado "o jardim de José". E as últimas palavras de Jesus na cruz são particularmente chocantes; "Meu poder, meu poder, por que me abandonastes?"


Um outro trabalho apócrifo interessante é o Evangelho sobre a infância de Jesus Cristo, que data do século II ou de antes. Jesus é retratado como uma criança brilhante e eminentemente humana. Muito humana, talvez - violenta, desobediente e predisposta a um exercício bastante temperamental de seus poderes. Em uma ocasião ele teria levado à morte outra criança que o havia ofendido, e um mentor autocrático teve destino semelhante. Esses incidentes são, sem dúvida, espúrios, mas revelam a maneira pela qual Jesus tinha que ser retratado, naquele tempo, se fosse destinado a atingir uma condição divina diante de seus seguidores.


Ao comportamento bastante escandaloso de Jesus quando criança adiciona-se um fragmento curioso e importante no Evangelho sobre sua infância. Quando Jesus foi circuncidado, seu prepúcio foi dado a uma velha mulher não identificada, que o preservou em uma caixa de alabastro utilizada para óleo de unção: "E foi esta caixa de alabastro que Maria a pecadora buscou e despejou o óleo sobre a cabeça e os pés de Nosso Senhor Jesus Cristo."


Aqui, então, segundo os Evangelhos aceitos, existe uma unção que é obviamente mais do que parece ser - uma unção equivalente a um importante ritual de iniciação. Mas nesse caso é evidente que a unção havia sido prevista e preparada com muita antecedência. E o incidente como um todo implica uma conexão - obscura e tortuosa - entre Madalena e a família de Jesus, muito antes de Jesus embarcar em sua missão aos trinta anos de idade. É razoável assumir que os pais de Jesus não teriam dado seu prepúcio a qualquer mulher que o pedisse, mesmo que este pedido não fosse estranho. Portanto, a velha mulher devia ser alguém importante e/ ou intimamente ligada aos pais de Jesus. E a posse posterior da estranha relíquia - ou, em todo caso, de seu invólucro - por Madalena sugere uma conexão entre ela e a velha mulher. Mais uma vez nos vimos confrontados com a sombra de vestígios de alguma coisa que era mais importante do que geralmente se acreditava.


Algumas passagens dos livros do Apocrypha - os flagrantes excessos da infância de Jesus, por exemplo - eram indubitavelmente embaraçosos para a ortodoxia posterior. Certamente seriam embaraçosos para a maioria dos cristãos de hoje. Mas deve ser lembrado que os Apocrypha, assim como os livros aceitos do Novo Testamento, foram escritos pelos "seguidores da mensagem", com a intenção de endeusar Jesus. Não se pode esperar que o Apocrypha contenha algo seriamente comprometedor para a "mensagem" - e qualquer menção à atividade política de Jesus, e ainda mais às suas possíveis ambições políticas, seria comprometedora. A fim de buscar evidências sobre estes controvertidos assuntos, fomos obrigados a procurar em outras fontes. Na Terra Santa do tempo de Jesus havia grande número de grupos judaicos diferentes, seitas e subseitas. Nos Evangelhos, somente dois deles, os fariseus e os saduceus, são citados, e ambos são retratados no papel de vilões. Mas tal papel só seria apropriado aos saduceus, que realmente colaboraram com a administração romana. Os fariseus mantinham uma oposição teimosa a Roma, e o próprio Jesus, se não era realmente um fariseu, agia essencialmente segundo a tradição dos fariseus.


A fim de cativar uma audiência romana, os Evangelhos foram obrigados a aliviar Roma e denegrir os judeus. Isto explica por que os fariseus tiveram que ser deliberadamente mal interpretados e estigmatizados, juntamente com seus compatriotas, os saduceus. Mas por que os Evangelhos não mencionam os zelotes, os militantes nacionalistas e revolucionários "lutadores pela liberdade", que seriam facilmente vistos como vilões por uma audiência romana? Não existe uma explicação para esta aparente omissão nos Evangelhos, a menos que Jesus fosse tão intimamente associado a eles que esta associação não pudesse ser mencionada só de passagem e passar despercebida. Como argumenta o professor Brandon: "O silêncio dos Evangelhos sobre os zelotes (...) indica obviamente uma relação entre Jesus e esses patriotas, que os evangelistas preferiram não desvelar."


Qualquer que tenha sido a associação de Jesus com os zelotes, não há dúvida de que ele foi crucificado como sendo um deles. De fato, os dois homens supostamente crucificados com ele foram explicitamente descritos como lestai, nome pelo qual os zelotes eram conhecidos para os romanos. É improvável que o próprio Jesus fosse um zelote. Entretanto, ele revela nos Evangelhos, em estranhas ocasiões, um militarismo agressivo bastante comparável ao deles. Em uma famosa e estranha passagem, anuncia que veio "não para trazer a paz, mas a espada". No Evangelho de Lucas (22:36), instrui seus seguidores que não possuem espada a comprar uma; e, após a refeição do festival judeu, ele mesmo averigua, aprovando, que eles estão armados (Lucas 22:38). No quarto Evangelho, Pedro Simão está carregando uma espada quando Jesus é capturado. É difícil reconciliar tais referências com a imagem convencional de um salvador pacifista moderado. Um salvador deste tipo teria sancionado o porte de armas, particularmente por um de seus discípulos favoritos, aquele que supostamente fundaria sua igreja?


Se o próprio Jesus não era um zelote, os Evangelhos - talvez inadvertidamente - traem e estabelecem sua conexão com aquela facção militante. Existem evidências persuasivas de uma associação de Jesus com Barrabás; e Barrabás também é descrito como um lestai. João e Pedro Simão possuem denominações que insinuam obliquamente simpatia pelos zelotes, se não envolvimento com eles. Segundo autoridades modernas, Judas Iscariote deriva de "Judas o Sicarii" - e sicarii era um outro nome para zelote, assim como lestai. Na realidade, os sicarii parecem ter sido uma elite dentro das fileiras dos zelotes, um grupo de assassinos profissionais. Finalmente, há um discípulo conhecido como Simão. Na versão grega de Marcos, Simão é chamado Kananaios, tradução grega da palavra aramaica para zelote. Na Bíblia do rei James, a palavra grega é mal traduzida e Simão aparece como "Simão, o Canaanita". Mas o Evangelho de Lucas não deixa margem a dúvida. Simão é claramente identificado como zelote, e até mesmo a Bíblia do rei James o introduz como "Simão Zelotes". Assim, parece indiscutível que Jesus contava com pelo menos um zelote entre seus seguidores.


Se a ausência - ou aparente ausência - dos zelotes nos Evangelhos é surpreendente, a dos essênios também o é. Na Terra Santa do tempo de Jesus, os essênios constituíam uma seita tão importante quanto a dos fariseus e dos saduceus, e é inconcebível que Jesus não tenha tido contato com eles. Segundo as narrativas, João Batista teria sido um essênio. A omissão de qualquer referência aos essênios parece ter sido ditada pelas mesmas considerações que ditaram a omissão de praticamente todas as referências aos zelotes. Em suma, as conexões de Jesus com os essênios, da mesma forma que suas conexões com os zelotes, eram provavelmente muito próximas e muito conhecidas para serem negadas. Foram, por isso, simplesmente contornadas e ocultadas.


Através de historiadores e cronistas que escreveram na época, sabese que os essênios mantinham comunidades em toda a Terra Santa e, possivelmente, também no exterior. Eles começaram a aparecer ao redor de 150 a.C. e usavam o Velho Testamento, que interpretavam mais como alegoria do que como verdade histórica literal. Repudiavam o judaísmo convencional em favor de uma forma de dualismo gnóstico que parece ter incorporado elementos da adoração do sol e do pensamento pitagórico. Praticavam curas e eram altamente considerados por sua habilidade com técnicas terapêuticas.


Finalmente, eram ascetas rigorosos, diferenciando-se facilmente dos demais por sua vestimenta branca. A maioria das autoridades no assunto modernas acredita que os famosos Manuscritos do Mar Morto, encontrados em Qumrãn, seriam documentos essencialmente essênios. E não existem dúvidas de que a seita de ascetas que vivia em Qumrãn tinha muito em comum com o pensamento essênio. Da mesma forma que os ensinamentos essênios, os Manuscritos do Mar Morto refletem uma teologia dualista. Dão grande ênfase à vinda do Messias - o "consagrado" - descendente da linha de Davi. E aderem a um calendário especial, segundo o qual o culto do festival judeu era celebrado na quarta e não na sexta-feira o que coincide com o culto do festival no quarto Evangelho. Em vários aspectos importantes seus escritos coincidem, quase palavra por palavra, com alguns dos ensinamentos de Jesus. Jesus, no mínimo, conheceu a comunidade de Qumrãn e colocou seus próprios ensinamentos, pelo menos em parte, em concordância com os deles. Um especialista nos Manuscritos do Mar Morto moderno acredita que eles "adicionam razões para acreditar que muitos incidentes [do Novo Testamento] sejam meramente projeções, na história de Jesus, do que era esperado do Messias".


Sendo a seita Qumrãn tecnicamente essênia ou não, parece claro que Jesus - mesmo que não tenha recebido educação essênia formal - era bem versado em pensamento essênio. De fato, muitos de seus ensinamentos ecoam os atribuídos aos essênios. E sua habilidade para curar também sugere alguma influência essênia. Mas um escrutínio mais detalhado dos Evangelhos revela que os essênios podem ter influenciado de forma ainda mais significativa a carreira de Jesus. Os essênios, como vimos, eram facilmente identificáveis por suas vestimentas brancas, menos comuns na Terra Santa do que geralmente se supõe a partir de pinturas ou do cinema. No Evangelho suprimido de Marcos, um hábito de linho branco representa um papel ritual importante, e isto reaparece mesmo na versão autorizada. Se Jesus conduzia uma escola de iniciações e mistérios em Betânia ou em outro local, o linho branco sugere que estas iniciações teriam tido caráter essênio. E ainda, o tema do hábito de linho branco reaparece depois em todos os quatro Evangelhos. Após a crucificação, o corpo de Jesus desaparece "milagrosamente" da tumba, que é ocupada por pelo menos uma figura de branco. Em Mateus (28:3), trata-se de um anjo com uma "vestidura como a neve". Em Marcos (16:5) é "um mancebo vestido de roupas brancas". Lucas (24:4) registra que havia "dois homens vestidos de brilhantes roupas", enquanto o quarto Evangelho (João 20:12) fala de "dois anjos vestidos de branco". Em duas dessas narrativas a figura, ou figuras, na tumba não são imbuídas de uma condição sobrenatural. Presumivelmente, são figuras totalmente mortais - ainda assim, parece, desconhecidas dos discípulos. É razoável supor que se tratasse de essênios, suposição que se torna ainda mais credível quando se considera a aptidão dos essênios para curas. Se Jesus estava de fato vivo ao ser removido da cruz, os serviços de um curandeiro teriam sido certamente requeridos.


Mesmo que ele estivesse morto, um curandeiro estaria provavelmente presente, ainda que fosse como última esperança. E os essênios eram os curandeiros mais bem considerados na Terra Santa da época. Segundo nosso cenário, a crucificação de Jesus, realizada em terreno privado, foi uma farsa planejada por seus aliados e executada com a cumplicidade de Pilatos. Mais especificamente, ela teria sido arranjada não por "seguidores da mensagem", mas por "seguidores da linhagem" - em outras palavras, a família e/ou outros aristocratas e/ou membros do círculo mais íntimo. Estas pessoas podem bem ter mantido conexões com essênios ou terem sido, elas mesmas, essênias. O estratagema não teria sido divulgado entre os "seguidores da mensagem", ou seja, as fileiras de seguidores de Jesus comandados por Pedro Simão.


Ao ser carregado para a tumba de José de Arimatéia, Jesus teria requerido atenção médica. Por isso, um essênio estaria presente. E depois, quando a tumba foi encontrada vazia, um emissário teria sido novamente necessário - um emissário desconhecido dos discípulos das fileiras. Este emissário teria que tranqüilizar os "seguidores da mensagem", agir como intermediário entre Jesus e seus seguidores e impedir acusações, contra os romanos, de roubo de túmulo ou de grave profanação, o que poderia provocar distúrbios civis perigosos.


Seja o cenário exato ou não, ficou bastante claro para nós que Jesus era estreitamente associado aos essênios e aos zelotes. Isto pode parecer estranho à primeira vista, pois os zelotes e os essênios são freqüentemente considerados incompatíveis. Os zelotes eram agressivos, violentos, militaristas, afeitos a assassinatos e terrorismo; os essênios, ao contrário, são freqüentemente descritos como divorciados dos assuntos políticos, calmos, pacifistas e gentis. Mas na verdade os zelotes incluíam numerosos essênios em suas fileiras, pois não eram uma seita, mas uma facção política. Como facção política, angariavam suporte não só dos fariseus anti-romanos, mas também dos essênios - que podiam ser tão agressivamente nacionalistas quanto qualquer um.


A associação entre os zelotes e os essênios é especialmente evidente nos escritos de Josephus, que forneceram muitas das informações disponíveis sobre a Palestina da época. José Ben Mathias nasceu da nobreza judaica em 37 d.C. Quando a revolta de 66 d.C. irrompeu, ele foi nomeado governador da Galiléia, onde assumiu o comando das forças alinhadas contra os romanos. Ele parece ter-se revelado inapto como comandante militar, sendo prontamente capturado pelo imperador romano Vespasiano. Traiu então sua causa, tornou-se cidadão romano, tomando o nome de Flavius Josephus, divorciou-se de sua mulher, casou-se com uma herdeira romana e aceitou ricos presentes do imperador romano - que incluíam um apartamento privado no palácio imperial, bem como as terras confiscadas dos judeus na Terra Santa. Pouco antes de sua morte, em 100 d.C., suas copiosas crônicas do período começaram a aparecer.


Em A guerra judia, Josephus oferece uma narrativa detalhada da revolta que ocorreu entre 66 d.C. e 74 d.C. Os historiadores posteriores aprenderam muito com ele sobre aquela desastrosa insurreição, o saque de Jerusalém e a destruição do Templo. E o trabalho de Josephus também contém a única narrativa da queda, em


74 d.C., da fortaleza de Masada, situada no canto sudoeste do Mar Morto.


Assim como Montségur alguns 1.200 anos mais tarde, Masada chegou a simbolizar tenacidade, heroÍsmo e martírio na defesa de uma causa perdida. Assim como Montségur, ela continuou a resistir ao invasor durante muito tempo, depois de cessarem virtualmente todas as outras resistências organizadas. Enquanto o resto da Palestina caía sob o assalto romano, Masada continuava invulnerável. Finalmente, em 74 d.C., a posição da fortaleza se tornou insustentável. Depois de bombardeios com mecanismos pesados de cerco, os romanos instalaram uma rampa que lhes possibilitou quebrar as defesas. Na noite de 15 de abril, prepararam um assalto geral. Na mesma noite os 960 homens, mulheres e crianças dentro da fortaleza cometeram suicídio em massa. Na manhã seguinte, ao irromperem através do portão, os romanos só encontraram cadáveres entre as chamas.


O próprio Josephus acompanhou as tropas romanas que adentraram Masada na manhã de 16 de abril. Afirma ter testemunhado pessoalmente a carnificina. E afirma ter entrevistado três sobreviventes do desastre - uma mulher e duas crianças que supostamente se esconderam nos condutos sob a fortaleza, enquanto o restante das pessoas se matavam. Josephus relata que obteve desses sobreviventes uma narrativa detalhada do que acontecera na noite anterior. Segundo essa narrativa, o comandante da tropa era um homem chamado Eleazar interessantemente, uma variação de Lázaro. E parece ter sido Eleazar quem, por sua eloqüência persuasiva e carismática, levou os defensores à sombria decisão. Em sua crônica Josephus repete as interessantes falas de Eleazar, como afirma ter ouvido dos sobreviventes. A história registra que Masada era defendida por militantes zelotes, e o próprio Josephus usa as palavras zelote e sicarii alternativamente. Ainda assim, as falas de Eleazar não são convencionalmente judaicas. Ao contrário, elas são sem dúvida essênias, gnósticas e dualistas.


Desde que o homem primitivo começou a pensar, as palavras de nossos ancestrais e dos deuses, apoiadas pelas ações e pelo espírito de nossos antepassados, têm constantemente impresso em nós que a vida, não a morte, é a calamidade para o homem. A morte libera nossas almas e as deixa partir para seu próprio lar puro, onde desconhecem qualquer calamidade; mas enquanto elas estão confinadas em um corpo mortal e partilham de suas misérias, na verdade estão mortas. Pois a associação do divino com o mortal é a mais impura. Certamente, mesmo aprisionada ao corpo, a alma pode fazer muito: faz do corpo seu próprio órgão dos sentidos, movendo-o invisivelmente e impelindo-o em suas ações além do que pode atingir a natureza mortal. Mas quando liberada do peso que a arrasta à terra e suspensa acima dele, a alma retorna ao seu próprio lugar, e então em verdade partilha de um poder abençoado e de uma força verdadeiramente desacorrentada, permanecendo tão invisível aos olhos humanos quanto aos olhos do próprio Deus. Nem mesmo quando ela está no corpo pode ser vista; ela entra incógnita e parte desapercebida, possuindo ela própria uma natureza indestrutível, mas causando mudança no corpo; pois o que quer que a alma toque, revive, desabrochando; e o que quer que ela deserte, fenece e morre, tal a superabundância que ela tem de imortalidade.


E novamente: São homens de verdadeira coragem aqueles que, considerando sua vida um tipo de serviço que devemos render à natureza, submetem-se sem relutância e se apressam em liberar suas almas de seus corpos; e embora nenhuma desgraça os pressione ou os expulse, o desejo da vida imortal os impele a informar seus amigos que eles partirão. É extraordinário que nenhum estudioso, até onde sabemos, jamais tenha comentado estas falas, que levantam uma série de perguntas provocantes. Por exemplo, o judaísmo ortodoxo jamais fala de uma alma, e menos ainda de sua natureza imortal ou indestrutível. Na verdade, o próprio conceito de alma e de imortalidade é estranho à corrente principal da tradição e do pensamento judaicos. Da mesma


forma o são a supremacia do espírito sobre a matéria, a união com Deus na morte e a condenação da vida como má. Estas atitudes derivam, inequivocamente, de uma tradição de ocultismo. São flagrantemente gnósticas e dualistas. No contexto de Masada, são caracteristicamente essênias.


É claro que algumas dessas atitudes podem também ser descritas como, de certo modo, cristãs. Não necessariamente na forma como esta palavra veio a ser definida depois, mas como ela pode ter sido aplicada aos seguidores originais de Jesus - aqueles, por exemplo, que no quarto Evangelho desejavam se juntar a Lázaro na morte. É possível que os defensores de Masada incluíssem alguns seguidores da linhagem de Jesus. Durante a revolta de 66-74 d.C. numerosos "cristãos" lutaram tão vigorosamente quanto os judeus contra os romanos. Muitos zelotes, na realidade, poderiam ser chamados hoje de "primeiros cristãos". E é bastante provável que houvesse alguns deles em Masada.


Josephus, certamente, não sugere nada disso - e se o tivesse sugerido, isto teria sido eliminado por editores subseqüentes. Ao mesmo tempo, seria de se esperar que Josephus, ao escrever a história da Palestina durante o século I, fizesse alguma referência a Jesus. Muitas edições posteriores do trabalho de Josephus contêm tais referências. Mas elas moldam um Jesus adequado à ortodoxia estabelecida, e a maioria dos estudiosos modernos as desprezam como interpolações espúrias, criadas no tempo de Constantino. No século XIX, no entanto, foi descoberta na Rússia uma edição de Josephus que difere de todas as outras. O texto em si, traduzido para o antigo russo, data de aproximadamente 1261. O homem que o transcreveu certamente não era um judeu ortodoxo, pois manteve muitas alusões "pró-cristãs". Mas Jesus, nesta versão de Josephus, é descrito como humano, como um revolucionário político e como um "rei que não reinou". Ele também teria "uma linha no meio de sua cabeça, ao modo dos nazarenos".


Os pesquisadores têm gasto muito papel e energia discutindo a possível autenticidade do que hoje é chamado "Josephus Eslavônico". Ao considerar todas as evidências, ficamos inclinados a considerá-lo mais ou menos genuíno - uma transcrição de uma cópia ou de cópias de Josephus, que sobreviveu à destruição de documentos cristãos por Dioclécio e escapou do zelo editorial da ortodoxia restabelecida sob Constantino. Existem várias razões convincentes para nossa conclusão. Se o Josephus Eslavônico foi uma falsificação, por exemplo, a quais interesses ela teria servido? Sua descrição de Jesus como um rei não teria sido aceita por uma audiência judia do século XIII. E sua descrição de Jesus como humano não teria agradado a cristandade do século XIII. Além disso, Origen, um padre da Igreja que escreveu no início do século III, refere-se a uma versão de Josephus que nega a qualidade de Messias em Jesus. Esta versão - que talvez seja a original, autêntica e standard - pode ter fornecido o texto para o Josephus Eslavônico.


Os Escritos Gnósticos


A revolta de 66-74 d.C. foi seguida de uma segunda insurreição importante cerca de sessenta anos depois, entre 132 e 135 d.C. como conseqüência desse novo distúrbio, todos os judeus foram oficialmente expulsos de Jerusalém, que se tornou uma cidade romana. Mas, mesmo durante a primeira revolta, a história tinha começado a jogar um véu sobre os eventos da Terra Santa. Praticamente não aparecem registros nos duzentos anos seguintes. O período não é diferente daquele da Europa em vários momentos da chamada Idade das Trevas. Entretanto, sabe-se que muitos judeus permaneceram no país, embora fora de Jerusalém. E também muitos cristãos. E houve até mesmo uma seita de judeus, chamada ebionita, que, ao mesmo tempo que aderia à sua crença, reverenciava Jesus como um profeta - mas um profeta mortal. Entretanto, os verdadeiros espíritos do judaísmo e do cristianismo partiram da Terra Santa. A maioria da população judia da Palestina se dispersou numa diáspora como aquela que havia ocorrido cerca de setecentos anos antes, quando Jerusalém caiu sob os babilônios. E o cristianismo, de modo similar, começou a migrar pelo globo - para a Ásia Menor, Grécia, Roma, Gália, Grã-Bretanha, Norte da África.


Como seria de se esperar, narrativas conflitantes do que aconteceu em (ou cerca de) 33 d.C. começaram a surgir em todo o mundo civilizado. E, a despeito dos esforços de Clemente de Alexandria, Irenaeus e seus adeptos, essas narrativas - oficialmente rotuladas de heresias continuaram a florescer. Algumas derivavam, indubitavelmente, de algum tipo de conhecimento de primeira mão, preservado por judeus devotos e por grupos como os dos ebionitas, judeus convertidos a uma ou outra forma de cristianismo. Outras narrativas são flagrantemente baseadas em lendas, rumores, em uma mistura de crenças correntes - tais como as tradições de mistério egípcias, helenísticas e mitraicas. Quaisquer que fossem suas fontes específicas, elas causavam desassossego aos "seguidores da mensagem", a ortodoxia aglutinante que ambicionava consolidar sua posição. O conhecimento moderno sobre essas heresias deriva amplamente dos ataques de seus oponentes, o que, é claro, distorce o quadro, como ocorreria se alguém montasse um quadro da Resistência Francesa tendo como únicas fontes os documentos da Gestapo. Entretanto, em geral, Jesus parece ter sido visto pelos primeiros "hereges" de duas formas diferentes. Para alguns, era um deus com poucos atributos humanos, se é que os possuía; para outros, era um profeta normal, no fundo semelhante a, digamos, Buda - ou, um milênio depois, Maomé.


Entre os mais importantes dos primeiros hereges estava Valentinus, nativo de Alexandria, que passou a última parte de sua vida (136-165 d.C.) em Roma. Extremamente influente em sua época, Valentinus contava com homens como Ptolomeu entre seus seguidores. Declarando que possuía um corpo de "ensinamentos secretos" de Jesus, ele recusava submeter-se à autoridade romana, afirmando que a gnose tinha precedência sobre qualquer hierarquia externa.


Previsivelmente, Valentinus e seus aderentes estavam entre os alvos mais visados pela ira de Irenaeus. Outro alvo era Marcion, um rico magnata da navegação e bispo, que chegou a Roma ao redor de 140 d.C. e foi excomungado quatro anos depois. Marcion fazia uma distinção radical entre lei e amor, que ele associava com o Velho e o Novo Testamentos, respectivamente; algumas destas idéias marcionitas emergiram mil anos depois em trabalhos como Perlesvaus. Marcion foi o primeiro escritor a compilar uma lista canônica de livros bíblicos, que excluía totalmente o Velho Testamento. Em resposta direta a Marcion, Irenaeus compilou sua lista canônica, que forneceu a base para a Bíblia como a conhecemos hoje. O terceiro maior herege do período - e, em muitos aspectos, o mais intrigante - foi Basilides, um intelectual de Alexandria que escreveu entre 120 e 130 d.C. Versado tanto em escrituras hebréias quanto em Evangelhos cristãos, ele também mergulhava no pensamento egípcio e helenístico. Teria escrito nada menos que 24 comentários sobre os Evangelhos e, segundo Irenaeus, promulgou a mais odiosa heresia.


Basilides afirmou que a crucificação foi uma farsa, que Jesus não morreu na cruz, e que um substituto - Simão de Cyrene tomou seu lugar. Tal afirmação pareceria estranha, mas se revelou persistente e tenaz. Até o século VII o Alcorão mantinha precisamente o mesmo argumento: um substituto, tradicionalmente Simão de Cyrene, tomara o lugar de Jesus na cruz. E o mesmo argumento foi levantado pelo padre de quem recebemos a misteriosa carta discutida no capítulo 1, a carta que aludia a uma "prova incontestável" de uma substituição.


Se houve uma região onde os primeiros hereges estavam mais entrincheirados, esta região era o Egito, e mais especificamente Alexandria - a cidade mais educada e cosmopolita do mundo na época, a segunda maior cidade do Império Romano e repositório de uma assutadora variedade de crenças, ensinamentos e tradições. No irromper das duas revoltas na Judéia, o Egito revelou-se o refúgio mais acessível tanto para judeus quanto para cristãos. Muitos deles se dirigiram para Alexandria. Assim, não é de se surpreender que o Egito


tenha produzido a evidência mais convincente de apoio à nossa hipótese: os chamados Evangelhos Gnósticos ou, mais precisamente, os Manuscritos Nag Hammadi. Em dezembro de 1945, um camponês egípcio, cavando a fim de obter um solo macio e fértil próximo da cidade de Nag Hammadi, no Alto Egito, exumou um jarro de cerâmica vermelha. Este continha treze documentos - livros de papiro ou manuscritos - encapados em couro.


Ignorando a magnitude de sua descoberta, o camponês e sua família utilizaram alguns dos documentos para acender seu fogo. Mas o restante atraiu a atenção de especialistas; e um deles, contrabandeado para fora do Egito, foi oferecido no mercado negro. Parte deste documento, que foi adquirido pela fundação C.G. Jung, continha o agora famoso Evangelho de Tomás. Neste meio tempo, em 1952, o governo egípcio nacionalizou o restante da coleção Nag Hammadi. Só em 1961, entretanto, um grupo internacional de especialistas se reuniu para copiar e traduzir o material como um todo. Em 1972 apareceu o primeiro volume da edição fotográfica. E em 1977 a coleção inteira apareceu em tradução inglesa pela primeira vez.


Os Manuscritos Nag Hammadi são uma coleção de textos bíblicos, essencialmente gnósticos, que datam, aparentemente, do final do século IV ou início do século V - ou cerca de 400 d.C. Os manuscritos são cópias, e os originais a partir dos quais eles foram copiados datam de muito antes. Alguns deles - o Evangelho de Tomás, por exemplo, o Evangelho da Verdade e o Evangelho dos Egípcios - são mencionados pelos primeiros padres da Igreja, tais como Clemente de Alexandria, Irenaeus e Origen. Os pesquisadores modernos estabeleceram que alguns manuscritos, ou a maioria deles, datam de no máximo 150 d.C. E pelo menos um pode incluir material ainda mais velho do que os quatro Evangelhos do Novo Testamento que conhecemos.


Considerado como um todo, a coleção Nag Hammadi constitui um repositório valioso de documentos cristãos iniciais - alguns dos quais podem ter uma autoridade igual àquela dos Evangelhos. Além do mais, alguns documentos podem ser considerados possuidores de uma veracidade própria, singular. Em primeiro lugar, eles escaparam à censura e revisão da ortodoxia romana. Em segundo lugar, foram originalmente escritos para uma audiência egípcia, não romana, e desta forma não são distorcidos ou adaptados aos ouvidos romanos. Finalmente, eles podem se basear em fontes de primeira mão e/ ou testemunhas oculares - narrativas orais de judeus que fugiram da Terra Santa, por exemplo, talvez até mesmo conhecidos ou seguidores de Jesus, que contariam sua história com uma fidelidade histórica que os Evangelhos não puderam reter.


Como seria de se esperar, os Manuscritos Nag Hammadi contêm muitas passagens antagônicas à ortodoxia e aos "seguidores da mensagem". Em um documento, por exemplo, chamado Segundo Tratado do Grande Seth, Jesus é descrito precisamente como ele aparece na heresia de Basilides - escapando à morte na cruz através de uma engenhosa substituição. No extrato seguinte, Jesus fala na primeira pessoa:


Eu não sucumbi como eles planejaram (...) E eu não morri na realidade mas em aparência, para não ser humilhado por eles (...) Pois minha morte que eles pensam ter acontecido (aconteceu) a eles em seu erro e cegueira, uma vez que eles pregaram o homem deles na morte deles (...) Foi outro, o pai deles, que bebeu a bile e o vinagre; não eu. Eles me atingiram com a lança; foi outro, Simão, que carregou a cruz nos ombros. Foi outro sobre quem eles colocaram a coroa de espinhos (...) E eu ri da ignorância deles.


Alguns outros trabalhos da coleção Nag Hammapi testemunham uma rixa entre Pedro e Madalena que poderia refletir um cisma entre os "seguidores da mensagem" e os "seguidores da linhagem". No Evangelho de Maria, Pedro se dirige a Madalena como se segue: "Irmã, nós sabemos que o Salvador te amou mais que as outras mulheres. Conte-nos as palavras do Salvador de que tu te lembras - que tu conheces mas nós não." Indignado, Pedro pergunta aos outros discípulos: "Ele realmente falou em particular para uma mulher e não abertamente para nós? Devemos nós todos dar a volta e escutá-la?


Ele a preferiu a nós?" Mais tarde, um dos discípulos responde a Pedro: "O Salvador certamente a conhece muito bem. Por isso ele a amou mais que a nós." No Evangelho de Filipe as razões para esta rixa parecem óbvias. Existe, por exemplo, uma ênfase recorrente na imagem de uma câmara nupcial. Segundo este Evangelho, "o Senhor fez tudo misteriosamente, um batismo e uma crisma e uma eucaristia e uma redenção em uma câmara nupcial." Essa câmara, à primeira vista, poderia ser simbólica ou alegórica. Mas o Evangelho de Filipe é mais explícito: "Existem três que sempre caminharam com o Senhor: Maria sua mãe e sua irmã e Madalena, chamada sua companheira." Segundo um pesquisador, a palavra "companheira" deve ser traduzida por esposa. Certamente, existem razões para fazê-lo, pois o Evangelho de Filipe se torna ainda mais explícito:


E a companheira do Salvador é Maria Madalena. Mas Cristo a amava mais que a todos os seus discípulos e a beijava na boca freqüentemente. O restante dos discípulos ficavam ofendidos com isso e expressavam sua desaprovação. Eles lhe disseram: "Por que a amas mais que a todos nós?" O Salvador respondeu e lhes disse: "Por que eu não te amo como a ela?"


O Evangelho de Filipe explicita o assunto: "Não temas a carne nem a ames. Se a temes, ela ganha autoridade sobre ti. Se a amas, ela te engolirá e paralisará. Em outro ponto, esta elaboração é traduzida em termos concretos: "Grande é o mistério do casamento! Pois sem ele o mundo não teria existido. Agora a existência do mundo depende do homem, e a existência do homem, do casamento". E no final do Evangelho de Filipe há a seguinte declaração: "Existe o Filho do homem e o filho do Filho do homem. O Senhor é o Filho do homem, e o filho do Filho do homem é aquele que é criado através do Filho do homem".


MICHAEL BAIGENT - RICHARD LEIGH -


HENRY LINCOLN


O SANTO GRAAL E A


LINHAGEM SAGRADA


Tradução Nadir Ferrari


1982


Fraternalmente,


Luciano Azevedo Lucas


Gestor de Recursos Humanos


"Para atingir a verdade, é preciso uma vez na vida se desfazer de todas as opiniões aceitas e reconstruir, desde o fundamento, todos os sistemas do próprio conhecimento." (René Descartes)


Fonte: http://br.groups.yahoo.com/group/cavaleirosdekolobe/


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