29 abril 2008

saúde: o que é dengue e como se proteger...

O que é?
A dengue, também conhecida como "febre quebra-ossos", é uma doença infecciosa, causada por um vírus e transmitida pelo mosquito "Aedes Aegypti". Os primeiros sintomas começam a aparecer de três a cinco dias após a picada do mosquito, que costuma picar durante o dia, preferencialmente pela manhã e no final da tarde. Quando infectada pela 1º vez, a pessoa contrai a dengue chamada clássica. Na 2º contaminação, existe grande possibilidade de a dengue ser hemorrágica.


Qual a diferença entre a clássica e a hemorrágica?
Dengue clássica: a febre dura de três a sete dias. O cansaço e a falta de apetite podem durar de 15 a mais dias.


Dengue hemorrágica: só ocorre em pessoas que já tiveram a dengue clássica. Podem acontecer sangramentos espontâneos, através das fezes, dos vômitos e pelas narinas. Após o 5º dia da doença podem ocorrer sangramento e choque.


Importante: Quando a hemorragia é grande, a pele do doente fica pálida e úmida e sua pressão arterial tem uma queda significativa. Este quadro poderá levar a pessoa à morte.


Sobre o Mosquito Transmissor
O mosquito da Dengue, o Aedes Aegypti, é o mesmo que transmite a febre amarela, doença comum em algumas regiões do país, como Norte e Nordeste. Ele ataca durante o dia, e não à noite, como a maioria dos mosquitos. Seus ovos resistem por vários meses em ambientes secos. Em contato com a água, começam a se desenvolver.


Só a fêmea é transmissora da doença. Enquanto o macho apenas se alimenta de seivas de planta, a fêmea precisa de uma substância do sangue humano (albumina) para completar o processo de amadurecimento dos seus ovos.


Aprenda a Combater o Mosquito da Dengue.
-
Desentupa calhas e tubulações para não acumular água das chuvas.
- Tampe caixas d'água, cisternas, barris e tonéis.
- Mantenha bacias, garrafas, latas e vidros guardados de cabeça para baixo.
- Cubra ou fure pneus para impedir o acúmulo de água.
- Cubra aquários, gaiolas, alimentos e água.
- Transfira plantas aquáticas para vasos de terra e retire pratos ou recipientes com água debaixo dos vasos.
- Acabe com aquelas plantas que acumulam água.
- Depois de remover a água parada do recipiente, escove bem suas paredes, pois os ovos do mosquito sobrevivem por muito tempo ainda.
- Quando o fumacê passar, abra as portas e janelas de sua casa. Ele estará pulverizando o ar com um eficaz inseticida que mata o mosquito da dengue.


Sintomas Gerais
- Febre alta (em torno de 40ºC);
- Dor de cabeça;
- Cansaço;
- Dores nos olhos;
- Dores musculares e nas articulações;
- Depressão;
- Perda de apetite;
- Diarréia e vômitos;
- Aparecimento de erupções na pele;
- Manchas vermelhas na pele;
- Em alguns casos, sangramento na gengiva e no nariz;
- Fraqueza.


Em caso de suspeita:
- Procure imediatamente um hospital ou posto de saúde.
- Não tome remédio algum sem orientação médica.
- Tome muito líqüido, principalmente sucos de frutas, e se alimente o melhor possível.

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28 abril 2008

Shanti

Swami Dayananda Saraswati

Shanti é uma palavra que denota paz, tranquilidade, cessação. É derivada da raiz sam, que significa "estar calmo, cessar, estar contente".
Cada Upanishad começa com uma oração (shantipatha) que finaliza com uma repetição tripla da palavra shanti. Isso é mais do que uma simples reiteração de "paz", porque as palavras são valorizadas com uma especial significação. As Upanishads são a fonte reveladora do conhecimento de si mesmo, que é chamado de Advaita. Os conteúdos de uma Upanishad, quando adequadamente comunicados por um guru a um estudante preparado, são meios diretos de Autoconhecimento. Conseqüentemente, esses textos e o ensinamento são de primordial importância, e, nesse contexto, a repetição de shanti antes do estudo torna-se uma oração para este conhecimento torna-se livre de qualquer obstáculo.
A primeira enunciação de shanti refere-se à pacificação daqueles fatores sobre os quais não tenho o menor controle. É uma invocação aos elementos: "Permita que meu estudo não termine devido a um terremoto!" Este shanti é para afastar a possibilidade de qualquer evento desfavorável desse tipo.
Shanti é ainda repetido para libertar-me dos obstáculos produzidos pelas situações sobre as quais não tenho controle imediato, como as ações de outras pessoas. Que meu estudo não esteja sujeito a tais pertubações.
A expressão final é pela cessação de todos os fatores de obstrução que se originam na própria pessoa, tais como agitação da mente ou doença.
Devido ao ensinamento direto do guru, apoiado pela análise do que foi ensinado e pela reflexão sobre a visão que foi comunicada, a ignorância pode ser dissipada. O resultado é que o estudante percebe, com reconhecimento imediato, que sua natureza intrínseca é shanti, silêncio imóvel, em todos os momentos. Canta-se o shantipatha no começo do estudo para ficar-se livre de todos os obstáculos; o conhecimento obtido mostra que você não é nada mais do que a própria shanti.

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27 abril 2008

O significado do Om

Swami Dayananda Saraswati

Essa sílaba única, Om, vem dos Vedas. Como uma palavra sânscrita, significa avati raksati - aquilo que lhe protege, lhe abençoa. Como se dá essa proteção? É um mantra e é um nome do Senhor. O nome do Senhor lhe protege através da repetição do próprio nome. Pelo nome você reconhece o Senhor. E, portanto, é reconhecimento em forma de oração. Sendo um mantra, ele é repetido, e, portanto, torna-se uma prece. O Senhor é o protetor e o provedor; aquele que abençoa é o Senhor; o Senhor é na forma de bênção. Repetido Om, você invoca o Senhor naquela forma específica. Então, dessa maneira, Om lhe protege. Portanto, ele é fiel a seu nome. É o Senhor que lhe protege, e não o som.


Entre o nome e o Senhor há uma ligação (abhidhána abhidheya sambandha). Um é o nome, o outro é o seu significado. A conexão é que você não pode repetir o nome sem o significado dele, se você o conhece. Uma vez conhecido o significado, este vem para sua mente, assim como a palavra. Portanto, não são duas ações diferentes. Não ocorre primeiro a palavra e depois de algum tempo o significado. Se você conhece o significado quando a palavra aparece na sua mente, no mesmo instante o significado está lá. Isso é possível somente quando ambos estão interligados. Essa conexão é chamada abhidhána abhidheya sambandha. E, por causa desse sambandha, o nome protege você, e o Senhor também.


O Senhor é Um e não-dual. Isso é o que dizem os Vedas.


Om iti idam sarvam yat bhútam yat ca bhavyam bhavisyat iti


O que existia antes, o que existirá depois e o que existe agora.
Tudo isso, sarvam, é realmente Om. Tudo o que existe é Om. Tudo o que existiu é Om, e também tudo o que existirá depois, no futuro. Passado, presente e futuro, incluindo o tempo e tudo o que existe no tempo - tudo isso é Om. Aquele Om é Brahman. Portanto, o Senhor é não-dual, e esse não-dual é Um. A sílaba é também uma e não-dual, significando que tudo está dentro dela. E tudo está dentro de Om.


Portanto, é também uma contemplação. Pois, apesar de Om ser uma sílaba única, nela existe A, U e M. A mais U é O, um ditongo, e mais M é Om. Tem, portanto, três mátras, ou unidades de tempo. A é um mátra, U é outro e M mais outro. Brahman é sarvam (tudo) e também está na forma de três. Brahman em estado causal, como súkshma prapañcha, o mundo sutil, e o sthúla, o mundo físico. O corpo físico é chamado de sthúla, assim como o universo físico. Dentro desse corpo físico existe outro mundo. É o mundo do nosso prána que mantém este corpo vivo e inclui a mente e os sentidos. É sutil, pois está dentro desse corpo físico, não visível, mas sua presença não se perde. Portanto, o que mantém esse corpo vivo, sem o qual estaria morto, isso é súkhma. Quando sthúla e súkshma estão juntos, então existe vida. Quando súkshma não está presente, esse corpo físico fica inerte. Se Brahman, o Senhor, é tudo, então todo o sthúla prapañcha, o universo físico que inclui todos os corpos físicos, é o Senhor, e também o súkhma prapañcha, o mundo sutil, é o Senhor. Dessa maneira, temos o Senhor nos três níveis: no nível físico, sutil e causal. Na nossa vida diária também temos três estados distintos de experiência: o acordado, o sonho e o sono profundo. No sono profundo o indivíduo está na forma causal. No sonho você se identifica com o súkshma (sutil), sua própria mente. A mente está acordada e existe uma experiência de sonho e um mundo de sonho. E você ainda identifica-se com o corpo físico e tem então o estado acordado. Então temos três estados de experiência e três mundos. Isso constitui o indivíduo enquanto ser acordado e todo o mundo físico, o ser que sonha e todas as experiências sutis e o causal, no sono profundo. São três e completam tudo o que existe a nível indifidual e total.


O ser acordado e individual está incluído em Brahman, que é o total. Portanto, o indivíduo acordado e o mundo acordado é Brahman. Seu mundo acordado está incluído no mundo acordado total. Todo aquele mundo acordado está representado por A. E existe uma razão para isso, falada nos Shástras (Escrituras). A é a primeira letra (ou som) que é pronunciada quando se abre a boca, e, da mesma maneira, M é a última, quando se fecha a boca. U está entre os dois. A representa o acordado, do qual depende U. A torna-se U quando os lábios se fazem arredondados. U representa todo o súkshma prapañcha (mundo sutil), e M representa todo o mundo causal, pois tudo se dissolve em M.


Depois de fechar os lábios, de dizer M, você não pode dizer mais nada. A e U terminam em M, assim como no sono profundo os mundos físicos e sutil dissolvem-se. Portanto, A-U-M, Om e quando se pronuncia Om, tudo se dissolve em M. E, depois, tudo retorna, Om. A origem do retorno não é em M, mas sim no silêncio. A e U dissolvem-se em M, e em seguida o Om nasce do silêncio. Então, A-U entram em M, e M entra no silêncio. O silêncio não é A, nem U e nem M, mas está também incluído em Om. Ele é chamado de amátra. O silêncio que existe entre dois Om's é Brahman, em sua forma essencial, do qual depende Aum - Jágat, o estado acordado; Swapna, o sonho; Susupti, o sono profundo; o Sthúla prapañcha, o mundo acordado; Súkshma prapañcha, o mundo de sonho; e o Karana avasthá, o estado causal. Todos os três dependem do silêncio, que é Brahman, que é Chaitanya, consciência, Átman, Brahman. E é aquele mesmo que está nesses três. Portanto, todos os três vêm Dele, são sustentados por Ele e retornam para Ele mesmo. Aquele é Brahman. Portanto, Om iti idam sarvam: o Om é tudo. É uma sílaba e, ao mesmo tempo, contém tudo. É não-dual. Então, o Senhor é tudo. Todas as formas na criação são formas do Senhor. E todas as formas têm um nome. Imaginemos que queiramos dar um nome ao Senhor. Que nome deveria ser? Todos os nomes são nomes do Senhor. Então, qual nome que poderíamos dar? Quando digo cadeira, não é mesa; são diferentes. Suponhamos que cadeira é Brahman, e que mesa também seja Brahman. Então, qual o nome que daria ao Senhor? Deveria dar todos os nomes. Então, todos os nomes em qual língua? O Senhor é Um. Apesar de seu nome ter que incluir todos os nomes, ainda assim existe um nome de sílaba única que podemos dar a Ele. Este é Om. Em qualquer língua, todos os nomes estão somente entre dois sons. Isto dentro do ponto de vista puramente fonético. Se você abre a sua boca e faz um som, este é A. Não existe outro som que possa ser feito. Um indiano, um chinês, um noruequês, ou até mesmo uma pessoa de alguma tribo, todos dirão A. Então, feche sua boca e faça um som. Você terá MM. Tente fazer outro som depois de fechar a boca! Portanto, Am. Todas as palavras, em todas as línguas, estão entre A e M. Entre essas estão muitas letras que tem de ser levadas em conta. Todas as outras letras estão representadas por o que você produz quando arredonda os lábios e diz A. Você terá U. Junte A e U (em sânscrito) e você terá O; adicione M e terá Om. Todos os nomes, em todas as línguas, conhecidos e desconhecidos, estão incluídos entre A e M. Om iti idam sarvam. Portanto, Om é tudo e Om é também um nome fonético para o Senhor. Om não faz parte de uma língua específica. É fonético, além de qualquer língua. Portanto, Om é o nome para Brahman que inclui o silêncio também, o nirguna (sem forma) e o turíya (o quarto estado da consciência, que é a pura consciência). Aum é o turiya. Portanto, Om é considerado o mais sagrado e básico entre todos os nomes do Senhor.


Você pode fazer o japa de Om ou contemplar o Om. Om é o mantra do sannyási. Produz tyága vritti, uma tendência a abandonar tudo. É por isso que geralmente as pessoas não cantam somente Om. Sannyásins têm que cantar Om para não se envolverem. Outros não são incentivados a cantar para que não larguem tudo.


Geralmente, cantamos Om no início e no final de qualquer coisa. Om representa um início auspicioso.

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25 abril 2008

um montao de coisas gratis

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Causas da insônia

Você se arrasta para a cama, cansado, pensando que irá pegar no sono em poucos segundos e ainda fica acordado por muito tempo antes de conseguir dormir? Ou você cai no sono rapidamente, mas acorda várias vezes durante a noite? Ou quem sabe você acorda às 4 ou 5h da manhã e não consegue mais dormir, embora ainda se sinta cansado e não tenha que se levantar antes das 7h. Todas essas são formas de insônia.


Grande parte das pessoas já teve insônia em algum momento da vida e uma boa quantidade ainda tem regularmente.




A insônia é um termo amplo que descreve problemas para dormir, permanecer dormindo, ou dormir pelo tempo que você precisa para se sentir revigorado. A insônia, como outros transtornos secundários do sono, é geralmente sintoma de que um outro problema físico, emocional, comportamental ou ambiental está afetando o sono. A maioria dos pesquisadores determina os diferentes tipos de insônia baseados em sua freqüência e duração. Veja a seguir, as principais formas de insônia.



  • Insônia transitória ou ocasional - dura normalmente entre uma e várias noites e, em geral, é causada por estresse ou emoção.

  • Insônia intermitente - aparece e desaparece durante um longo período e geralmente é resultado de estresse ou ansiedade.

  • Insônia crônica - ocorre na maioria das noites, dura pelo menos duas semanas (às vezes dura mais tempo) e pode ser conseqüência de um ou mais problemas de saúde.


As insônias transitória e intermitente são mais facilmente tratadas com métodos comprovados de redução de estresse e/ou mudando o ambiente onde se dorme. Pessoas que têm insônia crônica também podem precisar de ajuda profissional, especialmente se ela estiver relacionada a um problema de saúde.

Existem vários problemas (como a azia, por exemplo) que podem afetar o sono. A ligação entre azia e insônia é discutida na seção seguinte.

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24 abril 2008

Gandhi e o Viajante!

Conta-se que Gandhi, sempre que viajava de trem pela Índia, comprava passagem de terceira classe. Ali os passageiros, como só acontece em alguns outros países, também não cultivavam hábitos de higiene, nem de boas maneiras.
Certa ocasião, quando empreendia uma das suas viagens, ele chamou a atenção de um rapaz que viajava junto a ele no mesmo vagão e que de quando em quando cuspia no chão. Diante da advertência recebida, o moço respondeu indelicadamente e repetiu varias outras vezes o gesto. Gandhi calou-se.
Depois de um bom tempo de viagem, o rapaz pegou no seu violão, dedilhando-o por uns momentos ate afiná-lo, e começou a tocar e também a cantar músicas que exaltavam o grande líder e herói nacional Gandhi.
Quando, finalmente, o trem parou na estação da cidade para onde Gandhi se dirigia, ele se levantou, preparando-se para descer. O jovem, que também ficaria ali, juntou suas coisas para
sair. N a estação, ele percebeu que alguém de certa importância e grande respeito estaria chegando, porque havia uma enorme recepção organizada com músicas instrumentais, fogos de artifício e discursos.
Parou para ver... Era Gandhi quem chegava!
Só quando o viu recebido com tamanha honra e distinção foi que o rapaz se deu conta de que o passageiro a quem havia respondido de maneira tão descortês e insolente era exatamente aquele que havia enaltecido com tanta veemência através das suas canções.
Ele não conhecia Gandhi, mas certamente entendeu que para ele nada significaram suas músicas e o seu cântico.
Essa experiência pode muito bem ser aplicada em relação a DEUS, Ele deseja receber o nosso louvor e numerosas foram às vezes em que Ele mencionou esse seu prazer. Porém, deixou sempre claro que o desejava de maneira humilde, sincera e real.
Citou como exemplo de perfeito louvor àquele que parte da boca das crianças, porque essas na sua pureza e despretensiosamente sabem ser honestas, sinceras e puras.
Condenou o povo que procurava apresentar-lhe honra e louvor superficiais, dizendo:
* "Este povo honra-me com os lábios; e o seu coração, porém, está longe de mim ".

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23 abril 2008

Qabalah e Thelema



























































































































Texto de Leândro Gaia (Frater Centaurus)



Há na Natureza duas forças que produzem um equilíbrio, e os três são= simplesmente uma única lei. Eis o ternário resumindo-se na unidade e, juntando-se a idéia de unidade à do ternário, chega-se ao quaternário, primeiro número quadrado e perfeito, fonte de todas as combinações numéricas e princípio de todas as formas. (...) O tetragrama cabalístico: Yhvh, exprime Deus na Humanidade e a Humanidade em Deus.
(Eliphas Levi, in Dogma e Ritual da Alta Magia)



(...) 7. Pois duas coisas estão feitas e uma terceira coisa se inicia. Ísis e Osíris cederam ao incesto e ao adultério. Hórus salta triplamente armado do ventre de sua mãe. Harpócrates, seu gêmeo, está oculto dentro dele. Set é sua aliança sagrada, que ele deverá exibir no grande dia de MAAT, que está sendo interpretada pelo Mestre do Templo da A:.A:., cujo nome é Verdade.

8. Agora, nisto é o poder mágico conhecido.
(Aleister Crowley, in Liber A'ash vel Capricorni Pneumatici)




Do what thou wilt shall be the whole of the Law


Nada mais difícil do que pretender discorrer sobre um assunto tão complexo, intrincado, polêmico e explana-do por grandes mestres do que a Qabalah. Esta tradição esotérica que tanto permeia as filosofias e ope-rações dos magistas da história tem origens tão obscuras quanto dogmáticas. A versão mais conhecida é a suposta recepção desta por Moisés, que teria recebido-a de Deus no monte Sinai como um código secreto para a interpretação dos cinco livros da Lei Judaica. Alguns outros defendem a idéia de que ela tenha sido revelada pelos anjos a Adão para que este pudesse voltar ao Paraíso depois do pecado original. O que se sabe em termos históricos é que a Qabalah surgiu em conseqüência de um longo e complexo desenvolvimento que se iniciou com o Misticismo Merkabah.

Merkabah (carruagem em hebraico) foi a primeira forma de misticismo judaico, anterior à Qabalah como conhecemos hoje. No século II (E.V.) houve uma fusão de um grande número de tendências, como afirma Gerson Scholem: "A Cabala, do ponto de vista histórico, pode ser definida como um produto da interpretação entre o Gnosticismo Judaico e o Neoplatonismo". Durante este período, existiam o Gnosticismo Cristão,
o Gnosticismo Judaico, o Neoplatonismo, o Neopitagorismo, o Hermetismo (filosofia pseudo- egípcia) e muitos cultos obscuros, todos permeando-se de maneiras sutis. Idéias de todas estas religiões e filosofias acabaram por constituir o que hoje se conhece como Qabalah Hermética.

A raiz da palavra Qabalah é a expressão hebraica QBL, que significa "da boca para o ouvido", o que reforça a noção de tra=dição oral como sua principal forma de transmissão durante toda a antigüidade. Também signi-fica revelar e receber, o que enfatiza sua profunda relação com a descoberta da Natureza Interior. A verdade é que traços desta que hoje entendemos como hebraica podem ser encontrados desde os primórdios da hu-manidade, nas culturas Sumeriana, Egípcia e Babilônica. Também muito do que forma sua atual estrutura vem de documentos escritos e publicados por filósofos, magos e sacerdotes da antigüidade, o que desmistifica a noção de ser uma tradição puramente oral.

Todas estas tradições acabaram por ser incorporadas e sintetizadas no documento conhecido como Sepher Yetzirah, que é um sumário das primeiras idéias do misticismo judaico, mas cuja origem é controversa, em-bora seja uma obra que descreve a criação do Universo em termos de letras do alfabeto hebraico e de núme-ros simbólicos indubitavelmente relacionados ao Neopitagorismo. Mais tarde, no início da Idade Média, surgia o Sepher-ha-Bahir, que contém a primeira referência a uma "Árvore Secreta" a às Sephirot como recipientes da Luz Divina.

A partir de então, outros documentos surgiram (como o Zohar) e a Qabalah foi se desenvolvendo em todo o decorrer da Idade Média, sendo utilizada e "reformulada" pelos Médicis (diz-se que inclusive, = sob seu patrocínio, é que surgiu o "casamento" da Qabalah com o Tar= ô), os Rosa-Cruzes e até pelo criador do sistema Enochiano e Mago da Rainha Elizabeth I da Inglaterra, John Dee. O surgimento da Aurora Dourada, no movimento ocultista do final do séc. XIX, trouxe a Qabalah novamente à luz, fazendo-a chegar inclusive aos conhecimentos do então futuro Arauto do Novo Aeon, a Grande Besta 666, Aleister Crowley. É através da luz desta "nova" interpretação que explanaremos o funcionamento da dinâmica das esferas e caminhos nesta que é a ciência que engloba a todas as outras.



Love is the law, love under will





As Sephirot e a Árvore da Vida

A compreensão de todo o sistema preconizado pela Qabalah, quando já dividido e categorizado, parece sim-ples e bem definido com suas manifestações já sedimentadas e absolutizadas. Na verdade ele não é. A frag-mentação das manifestações é apenas um artifício usado para melhor compreensão e aplicabilidade do siste-ma. A Qabalah é um sistema contínuo, interdependente, fluído e indivisível. Nenhuma Sephirot ou atributo existe por si só, mas apenas como um reflexo e receptáculo de uma complexa gama de reações em cadeia de diferentes vibrações e gêneros ressonando como uma manifestação do TODO e do NADA, em princípios opostos equilibrados pela sua síntese.

A especialização das esferas (Sephirot) nada mais é do que o reflexo dos diferentes níveis de consciência e manifestação desta nos planos do real. Esta noção é fundamental no sentido de fazer o leitor a perceber a ilusão de todo o sistema. Ele não é absoluto, mas sim um mero alfabeto que auxilia o magista na hora de mi-nistrar e interpretar suas experiências. Qualquer coisa pode ser relacionada neste alfabeto e as esferas po-dem ser preenchidas ao gosto do operador, levando em consideração apenas sua natureza intrínseca. Este é o grande diferencial entre a Qabalah Hermética e a Judaica. Enquanto a primeira é um sistema interrelacio-nável pragmático onde tudo pode ser sincretizado com tudo, a Judaica é dogmática no sentido de encarar as esferas como manifestações de Deus próprias e não correspondentes às outras culturas e panteões.

Como estudo nada mais é do que método, e como toda esta complexidade já foi organizada para nossa faci-lidade, começaremos agora a detalhar e esclarecer cada nível e esfera da Árvore da Vida.





Ain Soph Aur (O Nada)

Antes da primeira manifestação de existência (Kether, a primeira esfera) existe um conceito extremamente abstrato cuja compreensão não pode ser delimitada exclusivamente à elucubração racional. É a não- exis-tência, o não ser que antecede a toda a Criação, o caos imanente de onde se auto-gerou o primeiro princípio. Ele é chamado de Ain (nada), Ain Soph (sem limite), Ain Soph Aur (luz sem limite). Não podemos esperar de início compreender sua vastidão de não existência brincando com palavras, podemos apenas esperar captar um leve e breve vislumbre do que ele seria, para que isto se desenvolva conosco até nosso crescimento de consciência pleno. Como a própria Bíblia diz: "No começo, não havia nada".

Nisto é que está o véu do não ser, o Nada Absoluto que se densificou num ponto mínimo e imensurável de contração gerando a primeira explosão da manifestação que é a Coroa (Kether). É como se houvesse uma relação sexual entre o Nada-Totalidade ("feminino"= ) com o Nada-Indivisibilidade ("masculino"), gerando o "Um̶= 1; perfeito e resumitivo de todo o processo. Recorramos à matemática para auxílio: 0º=1; sendo 0 = (...-3, -2, -1) + (+1, +2, +3...). O zero, portanto, pode ser entendido como a totalidade, já que é a soma do infinito positivo com o infinito negativo. É como se houvesse o processo inverso do de criação de um buraco negro, sendo este último o acesso para o retorno às origens do universo (lembrando sempre que o significado da palavra "religião" é religar-se).

Crowley identificou em seu panteão duas "deidades" relativas= ao Ain Soph Aur: Nuit e Hadit. Nuit, a Grande Deusa do Céu Noturno que curva seus membros abraçando toda a Terra, que é representada pela noite es-trelada, seria o Nada-Totalidade, a Noite de Pan. Hadit, seu parceiro, representado pelo Globo Solar Verme-lho e Alado, seria o Nada-Indivisibilidade, a estrela interior de cada ser humano indestrutível e pessoal. Parafraseando o Livro da Lei: "Todo homem e = toda mulher é uma estrela (Hadit)" no céu azul noturno de Nuit. Porém, quanto mais falarmos sobre este tema, mais complicado e difícil ele se tornará. Cabe aqui apenas o conselho da meditação para que tenhamos uma "noção" inicial do que isto poderia ser.




1. Kether (Coroa)

A palavra Kether significa Coroa, e esta esfera representa a realeza no seu sentido pleno de onisciência, onipresença e onipotência. É a primeira manifestação surgida do Nada, o primum mobile (primeiro movimen-to), e é relacionável com Deus, o Princípio. Um de seus símbolos é o ponto, o que nos faz refletir sobre sua ainda extrema abstração. É relacionada com o Sahasrara Chakra, o chakra que se localiza acima da cabeça, e talvez por isso a denominação de Coroa. A consciência plena deste chakra, que resulta da elevação da Kundalini (Energia Sexual), a Serpente, é o Samadhi dos Budistas, o Nirvana dos Hindus.

A correspondência de todas as esferas da Árvore da Vida com o corpo humano nos leva a uma conclusão ao mesmo tempo extasiante e assustadora para alguns: Deus é o Homem e o Homem é Deus. Digo assustadora porque muitas pessoas fogem desta responsabilidade imensa, que é carregar todo o Universo nas costas, apenas pelo fato de nossa consciência mundana não estar aperfeiçoada o suficiente (e é aí que entra a Magia e a Meditação) para tal.

Este princípio inicial e final da existência, que também tem a suástica como representação, juntamente com a próxima esfera, que é Chokmah, forma o mundo de Atziluth da Qabalah, o mundo do Fogo do Puro Espírito, representado pelo naipe de paus do Tarô. É aqui que se encontram os Arquétipos.

Crowley chamava este mundo de Cidade das Pirâmides, e relacionou à esfera a "deidade" Ra-Hoor-Khuit,
uma referência à mudança de e= ras e ao assumir do Trono de Ra do deus-falcão solar egípcio que traria
seu gêmeo Hoor-par-kraat (Harpócrates) como a existência oculta dos dois universos (positivo e negativo). Como aqui ainda reinam as abstrações, mais elucubrações seriam inúteis.




2. Chokmah (Sabedoria)

A esfera de Chokmah (trad.: Sabedoria) é a primeira esfera de divisão da dualidade. É o princípio masculino por excelência, o grande falo do Universo. Seu número é dois e sua representação é a reta, a união de dois pontos. É a energia masculina do Espírito que se direciona para todos os lados como que num grande impulso de poder visceral de criação, o Yod do nome YHVH. Deus, O Pai, é relacionado a essa esfera. Esta força imensa, a qual Crowley chamou de Chaos e identificou Therion (a Besta) na sua forma mais pura, será constringida e absorvida por Binah, a próxima esfera, a primeira feminina, e fecundará seu ventre para
gerar o Universo manifesto.

A Esfera do Zodíaco é uma simbologia desta Sephirot, que está no topo da coluna masculina, ou Pilar da Misericórdia, e é a força e a energia criativa. O deus Hindu Shiva é relacionado a essa esfera que, junta-mente com a Coroa, encerra o mundo do puro espírito, da consciência que transcende o eixo espaço-tempo.




3. Binah (Compreensão)

Situa-se em oposição a Chokmah, sendo a esfera da constrição, da forma, no topo da coluna feminina, ou Pilar da Severidade. É o receptivo do fluxo intenso do princípio masculino, sendo a "Grande Mãe" por excelência. Inicia e encerra aqui o mundo cabalístico de Briah, a Água, e é representada pelo naipe de
copas no Tarô. É o útero arquetípico do Universo, o primeiro He de YHVH.

Esta é a esfera de Saturno e é a última antes do abismo de Daath. A deusa Kali, a decapitadora de homens,
é relativa a esta Sephirot. Aqui é a realidade onde se atinge a primeira consciência absoluta do Universo e
é relacionada com Ajna Chakra, o "terceiro olho". Cr= owley identificou nela a Grande Deusa Nossa Senhora Babalon, a Prostituta da Babilônia, noiva do Chaos (Chokmah) e mãe das abominações (o abismo e o univer-so manifesto).

É bom ressaltar aqui que essa dualidade de esferas, que se dividem em pilares feminino e masculino, não deve ser encarada com raciocínios maniqueístas de bem e mal. Todos os opostos na Qabalah são neces-sários como extremos de um equilíbrio sempre transcendido em uma esfera que resume ambos. Não é possível haver construção sem destruição, nem vida sem morte, nem tudo sem nada. Todas as manifes-tações, das mais refinadas e contidas às mais grosseiras e abomináveis são, sem escala de valores, manifestações do Divino que se relacionam com o Altíssimo. Nada é verdadeiro, tudo é permitido.
Passemos agora para Daath, o Abismo.




11. Daath (o Abismo)

Creio que, após o Ain Soph Aur, o Abismo de Daath, a décima primeira esfera, é o tema mais complexo e difícil de ser explanado. De certa forma, ele engloba tudo aquilo que pode ou poderia ser uma explanação, verbalização, manifestação perceptível, conclusão, preceito ou dogma. Aqui é que se encontra a hipertrofia de toda a ilusão do Universo e de todas as esferas abaixo dele, que vão de Chesed (4) a Malkuth (10). É Visudhi Chakra, o Chakra do pescoço, que, segundo os Hindus, é onde são gerados os pensamentos. Aqui é o habitat de Mara, o senhor da ilusão segundo os Budistas, ou Choronzon, o monturo de lixo do Universo de cuja travessia nasce o Magister Templi, segundo Crowley.

A travessia do Abismo é dever de todo aquele que pretende chegar à consciência máxima do Ser, e é aqui que se vence toda a mentira da existência. Daath é considerada uma "esfera que não é esfera", = pois sua função é o desviar da atenção da verdade inexprimível através do pensamento. É o deserto de Apep, o inimigo de Osiris que precisa ser derrotado por este último para sua ressurreição. Aqui também estão os demônios da Goetia, os Qliphot, e os cinqüenta nomes de Marduk.

É como se houvesse uma dobra na Criação que criasse a divisão da realidade na ilusão do espaço e do tempo através daquilo que foi gerado em Binah. É o princípio do Universo manifesto reinado por Júpiter, que é a esfera de Chesed. A não aceitação da existência desta ilusão é que causa a queda e subseqüente falha na travessia em direção à deificação. Novamente aqui encaramos uma grande abstração, já que tudo que estamos fazendo aqui refere-se, de uma forma ou outra, a Daath.




4. Chesed (Misericórdia)

Esta é a quarta esfera da Árvore da Vida e a primeira abaixo do Abismo. Aqui se inicia o mundo de Yetzirah,
o mundo do Ar, o astral e reino do intelecto e dos valores morais. Este mundo é representado pelo naipe de espadas do Tarô.

Esta é a esfera de Júpiter, de Zeus. Aqui está Deus, o Misericordioso. Ela se opõe a Geburah, a esfera da força e da severidade, ambas sendo equilibradas por Tipheret, o Sol. Aqui estão os atributos da construção, do perdão e da soberania filosófica. Júpiter constrói em cima do que Marte (Geburah) destrói.

Aqui encontram-se a proteção, a sorte e a jovialidade. A demasiada concentração nesta esfera, no entanto, leva à auto-indulgência e à hipocrisia. É a esfera da expansão, sendo a regente dos movimentos de massa e das filosofias. Encontra-se no meio do Pilar da Misericórdia.

A partir de agora, os conceitos tornam-se mais simples e próprios, já que entramos no plano do inteligível e segmentado. Partamos agora para Geburah.




5. Geburah (Força)

É a esfera de Marte, regente das guerras, da justiça e da vingança. É a destruição, encontrando-se no meio do Pilar da Severidade. Equilibrando-se com Chesed, formam a força motriz da realidade manifesta. Como já dito antes, não há construção sem destruição, e vice-versa. Aqui encontram-se os relativos a tudo que o termo "marcial" pode invocar: a energia violenta, a determinação e a rígida disciplina. A força sexual é também atributo de Geburah.

Geburah nos ensina que às vezes é necessário sofrer certas dificuldades que mudam nossas vidas, nosso caráter. Chesed ajuda a retomar a estabilidade após estes eventos, e reconstruimo-nos a partir das cinzas do velho.




6. Tipheret (Harmonia)

Esta é a esfera central da Árvore da Vida, equilibrando Chesed e Geburah, sendo também o centro do Pilar do Meio, cujo topo é a Coroa (Kether) e a base é o Reino (Malkuth). Tipheret é o coração do rei e do reino. É o Sol e a Verdadeira Vontade, o Eu Superior de cada indivíduo, o Vau de YHVH.

Seus atributos são a beleza e a harmonia, podendo também dar a vida com o calor do sol tanto quanto destruí-la. A palavra Thelema (vontade) é a expressão máxima desta esfera, sendo que aqui está o Sagrado Anjo Guardião, cujo conhecimento e conversação dão ao magista a plenitude na Terra, sendo ele então senhor da realidade manifesta. É o Plexo Solar, ou Anahata Chakra.

To Mega Therion (A Grande Besta 666), a Vontade Solar-Fálica e o Eu Supeiror (que é o Anjo Guardião), é a expressão máxima de Tipheret. Aqui estão relacionados também Cristo, Buda e demais iluminados da humanidade. Aleister Crowley deu extrema atenção ao trabalho relativo ao Sol em sua carreira, sendo ele mesmo identificado com esta esfera como a Besta 666.

Sendo aqui a Verdadeira Vontade, princípio ativo da criação e expressão, aqui também está o princípio da Magia Sexual que, completo com Agape (amor), que é o princípio passivo e formativo da criação, são a base das técnicas sexuais de criação de elementais, como um reflexo do sexo superno de Chokmah e Binah. O Sol e Lua (esfera de Yesod) são os fenômenos perceptíveis dos opostos complementares da geração e gestação do Universo.




7. Netzach (Vitória)

Netzach é a esfera de Vênus, a esfera da emoção, do amor e da comunicação com os elementais e o astral. Relaciona-se com os sentidos e paixões, com a emoção de viver, o desfrutar de paixões instintivas. Netzach é tudo da personalidade que é espontâneo e instintivo, sendo sua experiência espiritual a Visão da Beleza Triunfante. Está na base do Pilar da Misericórdia, equilibrando-se com Hod (Mercúrio, o intelecto) no Pilar da Severidade.

Vênus, Afrodite e demais deusas de beleza e amor feminino são relacionadas a esta esfera. A deusa Oya (Iansã) do Candomblé também é Netzach, assim como Ogun é Geburah (Marte), Ossaguiã é Tipheret (Sol) e Xangô é Chesed (Júpiter). Innana, que é Ishtar, também é Netzach. É importante destacar aqui que o grande mérito de todo este sistema da Sagrada Qabalah é a possibilidade de entendimento de todos os panteões como aspectos, em essência, análogos às manifestações da Verdade Suprema. Tudo acaba sendo inter-relacionável com tudo.




8. Hod (Glória)

É a esfera de Mercúrio, a esfera da razão e do intelecto. É o regente da Magia, da Fala, do Comércio e da Dissimulação, dos ladrões e gatunos. Fica na base do Pilar da Severidade e é o Mensageiro dos Deuses, o deus Thoth egípcio, que é Hermes Trimegistro.

É, portanto, Exú, o dono dos caminhos e encruzilhadas e portador do Axé divino. Sendo a Mente Racional, é incapaz de emoções, pois o intelecto frio e astuto é seu atributo principal.

Sendo equilibrado com Vênus (Netzach), é importantíssimo como escriba e comunicador, sendo o Senhor e Conhecedor da Magia Ritual, bem como o enganador e falsário. Ambas as esferas, Hod e Netzach, são equilibradas pela próxima esfera, Yesod, a Lua.




9. Yesod (Fundação)

Yesod significa fundação pois relaciona-se à mente subconsciente, que é o alicerce, a fundação da persona-lidade, sendo também a substância etérica que é a fundação da vida. Seu astro é a Lua, que reflete para nós a luz do Sol. É o feminino complementar de Thelema, ou seja, Agape. Estando entre Tipheret e Malkuth no Pilar do Meio, representa o mundo das fantasias e imaginação, como também a anima mundi, ou alma grupal.

É Suadhistana Chakra, o Chakra do órgão sexual.

As deusas Diana e Ísis são correspondentes a esta esfera, assim como Perséfone (num aspecto mais "mórbido") e Oxum. É a luz astral, impressionável e maleável. É a percepção de que cada indivíduo, por
si só e isoladamente, pode penetrar dentro de si mesmo para perfazer sua evolução e trilhar o caminho da Magia. Sua principal inimiga é a preguiça, pois sem Agape, o indivíduo corre o risco de ficar estagnado em seu caminho.

Yesod encerra aqui o mundo astral de Yetzirah e, após ela, resta somente a última esfera, Malkuth,
o mundo físico.




10. Malkuth (o Reino)

É o mundo físico perceptível pelos cinco sentidos. O último He de YHVH. É a esfera final, que absorve
todas as outras e dá forma física às forças menos materiais. É Deus, o Fim. É o mundo de Assiah da Qabalah, o mundo da Terra, representado pelo naipe de ouros do Tarô. É também a base da Magia Ritual, devido ao simbolismo físico associado às forças mentais e emocionais de Hod, Yesod e Netzach, que procurará elevar o Mago cada vez mais alto em direção ao topo da Árvore. É ao mesmo tempo o portal da Morte, que levará o Mago ao adentrar dos Túneis de Set, a Serpente, que são os reinos inferiores relativos ao Abismo Infernal de Daath, onde o Mago estabelecerá suas raízes para que possa crescer até a copa da Árvore da Vida. Como diz Crowley em Liber Tzaddi: "Que meus discípulos mantenham suas cabeças = acima dos Céus, e seus pés abaixo dos Infernos".

É relativo a Kether no sentido de que um influencia o outro mutuamente através da comunicação e passagem das energias por todas as esferas de cima a baixo e de baixo para cima. Um não existe sem o outro e a alte-ração em um deles causa a alteração nos demais; todo Reino precisa de um Rei, e todo Rei precisa de um Reino. Inclusive, numerologicamente, o número 10 que é referente a Malkuth é o mesmo que o número 1 referente a Kether, pois o 0 é desconsiderado.

A Grande Deusa da bruxaria celta é também relacionável a Malkuth, assim como Obaluaiê ou Omulu no Can-domblé. Aqui é onde estamos para que possamos tomar a consciência do Divino e nos tornarmos o próprio Criador, através da evolução de nossa consciência, poder e clareza de visão. Só assim conseguiremos deixar de ser meros escravos da realidade e do tempo e espaço, nos tornando os verdadeiros artesãos de nossos destinos e conseqüentemente de toda a realidade.




Conclusão



Faz o que tu queres há de ser o todo da Lei.


Espero que esta pequena explanação em relação à Qabalah e aquilo que é relativo a Thelema tenha sido esclarecedora de algumas dúvidas mais basais sobre o assunto. Como este é um tema infindável e em qualquer esfera as elucubrações podem durar durante anos (quando não forem intermináveis), tentei resumir ao máximo os conceitos de modo que fosse possível dar o máximo de informação em um mínimo de espaço. Não pretendo aqui ser o "dono da verdade", nem mesmo exponho= aqui meus conceitos de maneira inquestionável, porém levei em máxima consideração o bom senso para que este diminuto tratado tenha a profundidade máxima possível.

Gostaria de saber a opinião de todos aqueles que porventura venham a ler este escrito, e espero ter contribuído de maneira positiva à Filosofia Thelêmica, elucidando alguns aspectos ora tabus entre muitos. Minha vontade foi a motriz para a realização deste, e a magia de libertação sua tônica. Agradeço a todos os meus Irmãos de Ordem pelo apoio e oportunidade, especialmente a Frater Piarus X', cujo apoio foi e é fundamental para nossa sobrevivência enquanto Ordem.


Amor é a lei, amor sob Vontade.



Frater Centaurus (Leândro Gaia)


Extraído do site Abrahadabra
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22 abril 2008

O Martelo das Feiticeiras

Malleus Maleficarum






Escrito em 1484 pelos inquisidores
Heinrich Kramer e James Sprenger






Breve Introdução Histórica
Rose Marie Muraro


Para compreendermos a importância do Malleus é preciso termos uma visão ao menos mínima da história da mulher no interior da história humana em geral.


Segundo a maioria dos antropólogos, o ser humano habita este planeta há mais de dois milhões de anos. Mais de três quartos deste tempo a nossa espécie passou nas culturas de coleta e caça aos pequenos animais. Nessas sociedades não havia necessidade de força física para a sobrevivência, e nelas as mulheres possuíam um lugar central.


Em nosso tempo ainda existem remanescentes dessas culturas, tais como os grupos mahoris (Indonésia), pigmeus e bosquímanos (África Central). Estes são os grupos mais primitivos que existem e ainda sobrevivem da coleta dos frutos da terra e da pequena caça ou pesca. Nesses grupos, a mulher ainda é considerada um ser sagrado, porque pode dar a vida e, portanto, ajudar a fertilidade da terra e dos animais. Nesses grupos, o princípio masculino e o feminino governam o mundo juntos. Havia divisão de trabalho entre os sexos, mas não havia desigualdade. A vida corria mansa e paradisíaca.


Nas sociedades de caça aos grandes animais, que sucedem a essas mais primitivas, em que a força física é essencial, é que se inicia a supremacia masculina. Mas nem nas sociedades de coleta nem nas de caça se conhecia função masculina na procriação. Também nas sociedades de caça a mulher era considerada um ser sagrado, que possuía o privilégio dado pelos deuses de reproduzir a espécie. Os homens se sentiam marginalizados nesse processo e invejavam as mulheres. Essa primitiva inveja do útero" dos homens é a antepassada da moderna "inveja do pênis" que sentem as mulheres nas culturas patriarcais mais recentes.


A inveja do útero dava origem a dois ritos universalmente encontrados nas sociedades de caça pelos antropólogos e observados em partes opostas do mundo, como Brasil e Oceania. O primeiro é o fenômeno da couvade, em que a mulher começa a trabalhar dois dias depois de parir e o homem fica de resguardo com o recém-nascido, recebendo visitas e presentes... O segundo é a iniciação dos homens. Na adolescência, a mulher tem sinais exteriores que marcam o limiar da sua entrada no mundo adulto. A menstruação a torna apta à maternidade e representa um novo patamar em sua vida. Mas os adolescentes homens não possuem esse sinal tão óbvio. Por isso, na puberdade eles são arrancados pelos homens às suas mães, para serem iniciados na "casa dos homens". Em quase todas essas iniciações, o ritual é semelhante: é a imitação cerimonial do parto com objetos de madeira e instrumentos musicais. E nenhuma mulher ou criança pode se aproximar da casa dos homens, sob pena de morte. Desse dia em diante o homem pode "parir" ritualmente e, portanto, tomar seu lugar na cadeia das gerações...


Ao contrário da mulher, que possuía o "poder biológico", o homem foi desenvolvendo o "poder cultural" à medida que a tecnologia foi avançando. Enquanto as sociedades eram de coleta, as mulheres mantinham uma espécie de poder, mas diferente das culturas patriarcais. Essas culturas primitivas tinham de ser cooperativas, para poder sobreviver em condições hostis, e portanto não havia coerção ou centralização, mas rodízio de lideranças, e as relações entre homens e mulheres eram mais fluidas do que viriam a ser nas futuras sociedades patriarcais.


Nos grupos matricêntricos, as formas de associação entre homens e mulheres não incluíam nem a transmissão do poder nem a da herança, por isso a liberdade em termos sexuais era maior. Por outro lado, quase não existia guerra, pois não havia pressão populacional pela conquista de novos territórios.


E só nas regiões em que a coleta é escassa, ou onde vão se esgotando os recursos naturais vegetais e os pequenos animais, que se inicia a caça sistemática aos grandes animais. E aí começam a se instalar a supremacia masculina e a competitividade entre os grupos na busca de novos territórios. Agora, para sobreviver, as sociedades têm de competir entre si por um alimento escasso. As guerras se tornam constantes e passam a ser mitificadas. Os homens mais valorizados são os heróis guerreiros. Começa a se romper a harmonia que ligava a espécie humana à natureza. Mas ainda não se instala definitivamente a lei do mais forte. O homem ainda não conhece com precisão a sua função reprodutora e crê que a mulher fica grávida dos deuses. Por isso ela ainda conserva poder de decisão. Nas culturas que vivem da caça, já existe estratificação social e sexual, mas não é completa como nas sociedades que se lhes seguem.


E no decorrer do neolítico que, em algum momento, o homem começa a dominar a sua função biológica reprodutora, e, podendo controlá-la, pode também controlar a sexualidade feminina. Aparece então o casamento como o conhecemos hoje, em que a mulher é propriedade do homem e a herança se transmite através da descendência masculina. Já acontece assim, por exemplo, nas sociedades pastoris descritas na Bíblia. Nessa época, o homem já tinha aprendido a fundir metais. Essa descoberta acontece por volta de 10000 ou 8000 a.C. E, à medida que essa tecnologia se aperfeiçoa, começam a ser fabricadas não só armas mais sofisticadas como também instrumentos que permitem cultivar melhor a terra (o arado, por ex.).


Hoje há consenso entre os antropólogos de que os primeiros humanos a descobrir os ciclos da natureza foram as mulheres, porque podiam compará-los com o ciclo do próprio corpo. Mulheres também devem ter sido as primeiras plantadoras e as primeiras ceramistas, mas foram os homens que, a partir da invenção do arado, sistematizaram as atividades agrícolas, iniciando uma nova era, a era agrária, e com ela a história em que vivemos hoje.


Para poder arar a terra, os grupamentos humanos deixam de ser nômades. São obrigados a se tornar sedentários. Dividem a terra e formam as primeiras plantações. Começam a se estabelecer as primeiras aldeias, depois as cidades, as cidades-estado, os primeiros Estados e os impérios, no sentido antigo do termo. As sociedades, então, se tornam patriarcais, isto é, os portadores dos valores e da sua transmissão são os homens. Já não são mais os princípios feminino e masculino que governam juntos o mundo, mas, sim, a lei do mais forte. A comida era primeiro para o dono da terra, sua família, seus escravos e seus soldados. Até ser escravo era privilégio. Só os párias nômades, os sem-terra, é que pereciam no primeiro inverno ou na primeira escassez.


Nesse contexto, quanto mais filhos, mais soldados e mais mão-de-obra barata para arar a terra. As mulheres tinham a sua sexualidade rigidamente controlada pelos homens. O casamento era monogâmico e a mulher era obrigada a sair virgem das mãos do pai para as mãos do marido. Qualquer ruptura desta norma podia significar a morte. Assim também o adultério: um filho de outro homem viria ameaçar a transmissão da herança que se fazia através da descendência da mulher. A mulher fica, então, reduzida ao âmbito doméstico. Perde qualquer capacidade de decisão no domínio público, que fica inteiramente reservado ao homem. A dicotomia entre o privado e o público torna-se, então, a origem da dependência econômica da mulher, e esta dependência, por sua vez, gera, no decorrer das gerações, uma submissão psicológica que dura até hoje.


E nesse contexto que transcorre todo o período histórico até os dias de hoje. De matricêntrica, a cultura humana passa a patriarcal.


E o Verbo Veio Depois


"No principio era a Mãe, o Verbo veio depois." l~ assim que Marilyn French, uma das maiores pensadoras feministas americanas, começa o seu livro Beyond Power (Summit Books, Nova York, 1985). E não é sem razão, pois podemos retraçar os caminhos da espécie através da sucessão dos seus mitos. Um mitólogo americano, em seu livro The Masks of God: Occidental Mythology (Nova York, 1970), citado por French, divide em quatro grupos todos os mitos conhecidos da criação. E, surpreendentemente, esses grupos correspondem às etapas cronológicas da história humana.


Na primeira etapa, o mundo é criado por uma deusa mãe sem auxílio de ninguém. Na segunda, ele é criado por um deus andrógino ou um casal criador. Na terceira, um deus macho ou toma o poder da deusa ou cria o mundo sobre o corpo da deusa primordial. Finalmente, na quarta etapa, um deus macho cria o mundo sozinho.


Essas quatro etapas que se sucedem também cronologicamente são testemunhas eternas da transição da etapa matricêntrica da humanidade para sua fase patriarcal, e é esta sucessão que dá veracidade à frase já citada de Marilyn French.


Alguns exemplos nos farão entender as diversas etapas e a frase de French. O primeiro e mais importante exemplo da primeira etapa em que a Grande Mãe cria o universo sozinha é o próprio mito grego. Nele a criadora primária é Géia, a Mãe Terra. Dela nascem todos as protodeuses: Urano, osTitãs e as protodeusas, entre as quais Réia, que virá a ser a mãe do futuro dominador do Olimpo, Zeus. Há também o caso do mito Nagô, que vem dar origem ao candomblé. Neste mito africano, é Nanã Buruquê que dá à luz todos os orixás, sem auxílio de ninguém.


Exemplos do segundo caso são o deus andrógino que gera todos os deuses, no hinduísmo, e o yin e o yang, o principio feminino e o masculino que governam juntos na mitologia chinesa.


Exemplos do terceiro caso são as mitologias nas quais reinam em primeiro lugar deusas mulheres, que são, depois, destronadas por deuses masculinos. Entre essas mitologias está a sumeriana, em que primitivamente a deusa Siduri reinava num jardim de delícias e cujo poder foi usurpado por um deus solar. Mais tarde, na epopéia de Gilgamesh, ela é descrita como simples serva. Ainda, os mitos primitivos dos astecas falam de um mundo perdido, de um jardim paradisíaco governado por Xoxiquetzl, a Mãe Terra. Dela nasceram os Huitzuhuahua, que são os Titâs e os Quatrocentos Habitantes do Sul (as estrelas). Mais tarde, seus filhos se revoltam contra ela e ela dá à luz o deus que iria governar a todos, Huitzilopochtli.


A partir do segundo milênio a.C., contudo, raramente se registram mitos em que a divindade primária seja mulher. Em muitos deles, estas são substituídas por um deus macho que cria o mundo a partir de si mesmo, tais como os mitos persa, meda e, principalmente e acima de todos, o nosso mito cristão, que é o que será enfocado aqui.


Javé é deus único todo-poderoso, onipresente, e controla todos os seres humanos em todos os momentos da sua vida. Cria sozinho o mundo em sete dias e, no final, cria o homem. E só depois cria a mulher, assim mesmo a partir do homem. E coloca ambos no Jardim das Delícias onde o alimento é abundante e colhido sem trabalho. Mas, graças à sedução da mulher, o homem cede à tentação da serpente e o casal é expulso do paraíso.


Antes de prosseguir, procuremos analisar o que já se tem até aqui em relação à mulher. Em primeiro lugar, ao contrário das culturas primitivas, Javé é deus único, centralizador, dita rígidas regras de comportamento cuja transgressão é sempre punida. Nas primitivas mitologias, ao contrário, a Grande Mãe é permissiva, amorosa e não coercitiva. E como todos os mitos fundantes das grandes culturas tendem a sacralizar os seus principais valores, Javé representa bem a transformação do matricentrismo em patriarcado.


O Jardim das Delícias é a lembrança arquetípica da antiga harmonia entre o ser humano e a natureza. Nas culturas de coleta não se trabalhava sistematicamente. Por isso os controles eram frouxos e podia se viver mais prazerosamente. Quando o homem começa a dominar a natureza, ele começa a se separar dessa mesma natureza em que até então vivia imerso.


Como o trabalho é penoso, necessita agora de poder central que imponha controles mais rígidos e punição para a transgressão. É preciso usar a coerção e a violência para que os homens sejam obrigados a trabalhar, e essa coerção é localizada no corpo, na repressão da sexualidade e do prazer. Por isso o pecado original, a culpa máxima, na Bíblia, é colocado no ato sexual (é assim que, desde milênios, popularmente se interpreta a transgressão dos primeiros humanos).


E por isso que a árvore do conhecimento é também a árvore do bem e do mal. O progresso do conhecimento gera o trabalho e por isso o corpo tem de ser amaldiçoado, porque o trabalho é bom. Mas é interessante notar que o homem só consegue conhecimento do bem e do mal transgredindo a lei do Pai. O sexo (o prazer) doravante é mau e, portanto, proibido. Praticá-lo é transgredir a lei. Ele é, portanto, limitado apenas às funções procriativas, e mesmo assim é uma culpa.


Daí a divisão entre sexo e afeto, entre corpo e alma, apanágio das civilizações agrárias e fonte de todas as divisões e fragmentações do homem e da mulher, da razão e da emoção, das classes...


Tomam ai sentido as punições de Javé. Uma vez adquirido o conhecimento, o homem tem que sofrer, O trabalho o escraviza. E por isso o homem escraviza a mulher. A relação homem-mulher-natureza não é mais de integração e, sim, de dominação. O desejo dominante agora é o do homem. O desejo da mulher será para sempre carência, e é esta paixão que será o seu castigo. Daí em diante, ela será definida por sua sexualidade, e o homem, pelo seu trabalho.


Mas o interessante é que os primeiros capítulos do Gênesis podem ser mais bem entendidos à luz das modernas teorias psicológicas, especialmente a psicanálise. Em cada menino nascido no sistema patriarcal repete-se, em nível simbólico, a tragédia primordial. Nos primeiros tempos de sua vida, eles estão imersos no Jardim das Delícias, em que todos os seus desejos são satisfeitos. E isto lhes faz buscar o prazer que lhes dá o contato com a mãe, a única mulher a que têm acesso. Mas a lei do pai proíbe ao menino a posse da mãe. E o menino é expulso do mundo do amor, para assumir a sua autonomia e, com ela, a sua maturidade. Principalmente, a sua nudez, a sua fraqueza, os seus limites. E à medida que o homem se cinde do Jardim das Delícias proporcionadas pela mulher-mãe que ele assume a sua condição masculina.


E para que possa se tornar homem em termos simbólicos, ele precisa passar pela punição maior que é a ameaça de morte pelo pai. Como Adão, o menino quer matar o pai e este o pune, deixando-o só.


Assim, aquilo que se verifica no decorrer dos séculos, isto é, a transição das culturas de coleta para a civilização agrária mais avançada, é relembrado simbolicamente na vida de cada um dos homens do mundo de hoje. Mas duas observações devem ser feitas. A primeira é que o pivô das duas tragédias, a individual e a coletiva, é a mulher; e a segunda, que o conhecimento condenado não é o conhecimento dissociado e abstrato que daí por diante será o conhecimento dominante, mas sim o conhecimento do bem e do mal, que vem da experiência concreta do prazer e da sexualidade, o conhecimento totalizante que integra inteligência e emoção, corpo e alma, enfim, aquele conhecimento que é, especificamente na cultura patriarcal, o conhecimento feminino por excelência.


Freud dizia que a natureza tinha sido madrasta para a mulher porque ela não era capaz de simbolizar tão perfeitamente como o homem. De fato, para podermos entender a misoginia que daí por diante caracterizará a cultura patriarcal, é preciso analisar a maneira como as ciências psicológicas mais atuais apontam para uma estrutura psíquica feminina bem diferente da masculina.


A mesma idade em que o menino conhece a tragédia da castração imaginária, a menina resolve de outra maneira o conflito que a conduzirá á maturidade. Porque já vem castrada, isto é, porque não tem pênis (o símbolo do poder e do prazer, no patriarcado), quando seu desejo a leva para o pai ela não entra em conflito com a mãe de maneira tão trágica e aguda como o menino entra com o pai por causa da mãe. Porque já vem castrada, não tem nada a perder. E a sua identificação com a mãe se resolve sem grandes traumas. Ela não se desliga inteiramente das fontes arcaicas do prazer (o corpo da mãe). Por isso, também, não se divide de si mesma como se divide o homem, nem de suas emoções. Para o resto da sua vida, conhecimento e prazer, emoção e inteligência são mais integrados na mulher do que no homem e, por isso, são perigosos e desestabilizadores de um sistema que repousa inteiramente no controle, no poder e, portanto, no conhecimento dissociado da emoção e, por isso mesmo, abstrato.


De agora em diante, poder, competitividade, conhecimento, controle, manipulação, abstração e violência vem juntos. O amor, a integração com o meio ambiente e com as próprias emoções são os elementos mais desestabilizadores da ordem vigente. Por isso é preciso precaver-se de todas as maneiras contra a mulher, impedi-la de interferir nos processos decisórios, fazer com que ela introjete uma ideologia que a convença de sua própria inferioridade em relação ao homem.


E não espanta que na própria Bíblia encontremos o primeiro indício desta desigualdade entre homens e mulheres. Quando Deus cria o homem, Ele o cria só e apenas depois tira a companheira da costela deste. Em outras palavras: o primeiro homem dá à luz (pare) a primeira mulher. Esse fenômeno psicológico de deslocamento é um mecanismo de defesa conhecido por todos aqueles que lidam com a psique humana e serve para revelar escondendo. Tirar da costela é menos violento do que tirar do próprio ventre, mas, em outras palavras, aponta para a mesma direção. Agora, parir é ato que não está mais ligado ao sagrado e é, antes, uma vulnerabilidade do que uma força. A mulher se inferioriza pelo próprio fato de parir, que outrora lhe assegurava a grandeza. A grandeza agora pertence ao homem, que trabalha e domina a natureza.


Já não é mais o homem que inveja a mulher. Agora é a mulher que inveja o homem e é dependente dele. Carente, vulnerável, seu desejo é o centro da sua punição. Ela passa a se ver com os olhos do homem, isto é, sua identidade não está mais nela mesma e sim em outro. O homem é autônomo e a mulher é reflexa. Daqui em diante, como o pobre se vê com os olhos do rico, a mulher se vê pelo homem.


Da época em que foi escrito o Gênesis até os nossos dias, isto é, de alguns milênios para cá, essa narrativa básica da nossa cultura patriarcal tem servido ininterruptamente para manter a mulher em seu devido lugar. E, aliás, com muita eficiência. A partir desse texto, a mulher é vista como a tentadora do homem, aquela que perturba a sua relação com a transcendência e também aquela que conflitua as relações entre os homens. Ela é ligada à natureza, à carne, ao sexo e ao prazer, domínios que têm de ser rigorosamente normatizados: a serpente, que nas eras matricêntricas era o símbolo da fertilidade e tida na mais alta estima como símbolo máximo da sabedoria, se transforma no demônio, no tentador, na fonte de todo pecado. E ao demônio é alocado o pecado por excelência, o pecado da carne. Coloca-se no sexo o pecado supremo e, assim, o poder fica imune à crítica. Apenas nos tempos modernos está se tentando deslocar o pecado da sexualidade para o poder. Isto é, até hoje não só o homem como as classes dominantes tiveram seu status sacralizado porque a mulher e a sexualidade foram penalizadas como causa máxima da degradação humana.


O Malleus como Continuação do Gênesis



Enquanto se escrevia o Gênesis no Oriente Médio, as grandes culturas patriarcais iam se sucedendo. Na Grécia, o status da mulher foi extremamente degradado. O homossexualismo era prática comum entre os homens e as mulheres ficavam exclusivamente reduzidas às suas funções de mãe, prostituta ou cortesã. Em Roma, embora durante certo período tivessem bastante liberdade sexual, jamais chegaram a ter poder de decisão no Império. Quando o Cristianismo se torna a religião oficial dos romanos no século IV, tem início a Idade Média. Algo novo acontece. E aqui nos deteremos porque é o período que mais nos interessa.


Do terceiro ao décimo séculos, alonga-se um período em que o Cristianismo se sedimenta entre as tribos bárbaras da Europa. Nesse período de conflito de valores, é muito confusa a situação da mulher. Contudo, ela tende a ocupar lugar de destaque no mundo das decisões, porque os homens se ausentavam muito e morriam nos períodos de guerra. Em poucas palavras: as mulheres eram jogadas para o domínio público quando havia escassez de homens e voltavam para o domínio privado quando os homens reassumiam o seu lugar na cultura.


Na alta Idade Média, a condição das mulheres floresce. Elas têm acesso às artes, às ciências, à literatura. Uma monja, por exemplo, Hrosvitha de Gandersheim, foi o único poeta da Europa durante cinco séculos. Isso acontece durante as cruzadas, período em que não só a Igreja alcança seu maior poder temporal como, também, o mundo se prepara para as grandes transformações que viriam séculos mais tarde, com a Renascença.


E é logo depois dessa época, no período que vai do fim do século XIV até meados do século XV III que aconteceu o fenômeno generalizado em toda a Europa: a repressão sistemática do feminino. Estamos nos referindo aos quatro séculos de "caça às bruxas".


Deirdre English e Barbara Ehrenreich, em seu livro Witches, Nurses and Midwives (The Feminist Press, 1973), nos dão estatísticas aterradoras do que foi a queima de mulheres feiticeiras em fogueiras durante esses quatro séculos. "A extensão da caça às bruxas é espantosa. No fim do século XV e no começo do século XVI, houve milhares e milhares de execuções - usualmente eram queimadas vivas na fogueira - na Alemanha, na Itália e em outros países. A partir de meados do século XVI, o terror se espalhou por toda a Europa, começando pela França e pela Inglaterra. Um escritor estimou o número de execuções em seiscentas por ano para certas cidades, uma média de duas por dia, 'exceto aos domingos'. Novecentas bruxas foram executadas num único ano na área de Wertzberg, e cerca de mil na diocese de Como. Em Toulouse, quatrocentas foram assassinadas num único dia; no arcebispado de Trier, em 1585, duas aldeias foram deixadas apenas com duas mulheres moradoras cada uma. Muitos escritores estimaram que o número total de mulheres executadas subia à casa dos milhões, e as mulheres constituíam 85~Vo de todos os bruxos e bruxas que foram executados."


Outros cálculos levantados por Marilyn French, em seu já citado livro, mostram que o número mínimo de mulheres queimadas vivas é de cem mil.


Desde a mais remota antiguidade, as mulheres eram as curadoras populares, as parteiras, enfim, detinham saber próprio, que lhes era transmitido de geração em geração. Em muitas tribos primitivas eram elas as xamãs. Na Idade Média, seu saber se intensifica e aprofunda. As mulheres camponesas pobres não tinham como cuidar da saúde, a não ser com outras mulheres tão camponesas e tão pobres quanto elas. Elas (as curadoras) eram as cultivadoras ancestrais das ervas que devolviam a saúde, e eram também as melhores anatomistas do seu tempo. Eram as parteiras que viajavam de casa em casa, de aldeia em aldeia, e as médicas populares para todas as doenças.


Mais tarde elas vieram a representar uma ameaça. Em primeiro lugar, ao poder médico, que vinha tomando corpo através das universidades no interior do sistema feudal. Em segundo, porque formavam organizações pontuais (comunidades) que, ao se juntarem, formavam vastas confrarias, as quais trocavam entre si os segredos da cura do corpo e muitas vezes da alma. Mais tarde, ainda, essas mulheres vieram a participar das revoltas camponesas que precederam a centralização dos feudos, os quais, posteriormente, dariam origem às futuras nações.


O poder disperso e frouxo do sistema feudal para sobreviver é obrigado, a partir do fim do século XIII, a centralizar, a hierarquizar e a se organizar com métodos políticos e ideológicos mais modernos. A noção de pátria aparece, mesmo nessa época (Klausevitz).


A religião católica e, mais tarde, a protestante contribuem de maneira decisiva para essa centralização do poder. E o fizeram através dos tribunais da Inquisição que varreram a Europa de norte a sul, leste e oeste, torturando e assassinando em massa aqueles que eram julgados heréticos ou bruxos.


Este "expurgo" visava recolocar dentro de regras de comportamento dominante as massas camponesas submetidas muitas vezes aos mais ferozes excessos dos seus senhores, expostas à fome, à peste e à guerra e que se rebelavam. E principalmente as mulheres.


Era essencial para o sistema capitalista que estava sendo forjado no seio mesmo do feudalismo um controle estrito sobre o corpo e a sexualidade, conforme constata a obra de Michel Foucault, História da Sexualidade. Começa a se construir ali o corpo dócil do futuro trabalhador que vai ser alienado do seu trabalho e não se rebelará. A partir do século XVII, os controles atingem profundidade e obsessividade tais que 05 menores, os mínimos detalhes e gestos são normatizados.


Todos, homens e mulheres, passam a ser, então, os próprios controladores de si mesmos a partir do mais íntimo de suas mentes. E assim que se instala o puritanismo, do qual se origina, segundo Tawnwy e Max Weber, o capitalismo avançado anglo-saxão. Mas até chegar a esse ponto foi preciso usar de muita violência. Até meados da Idade Média, as regras morais do Cristianismo ainda não tinham penetrado a fundo nas massas populares. Ainda existiam muitos núcleos de "paganismo" e, mesmo entre os cristãos, os controles eram frouxos.


As regras convencionais só eram válidas para as mulheres e homens das classes dominantes através dos quais se transmitiam o poder e a herança. Assim, os quatro séculos de perseguição às bruxas e aos heréticos nada tinham de histeria coletiva, mas, ao contrário, foram uma perseguição muito bem calculada e planejada pelas classes dominantes, para chegar a maior centralização e poder.


Num mundo teocrático, a transgressão da fé era também transgressão política. Mais ainda, a transgressão sexual que grassava solta entre as massas populares. Assim, os inquisidores tiveram a sabedoria de ligar a transgressão sexual à transgressão da fé. E punir as mulheres por tudo isso. As grandes teses que permitiram esse expurgo do feminino e que são as teses centrais do Malleus Maleficarum são as seguintes:


1) O demônio, com a permissão de Deus, procura fazer o máximo de mal aos homens a fim de apropriar-se do maior número possível de almas.


2) E este mal é feito prioritariamente através do corpo, único "lugar" onde o demônio pode entrar, pois "o espírito [do homem] é governado por Deus, a vontade por um anjo e o corpo pelas estrelas" (Parte 1, Questão 1). E porque as estrelas são inferiores aos espíritos e o demônio é um espírito superior, só lhe resta o corpo para dominar.


3) E este domínio lhe vem através do controle e da manipulação dos atos sexuais. Pela sexualidade o demônio pode apropriar-se do corpo e da alma dos homens. Foi pela sexualidade que o primeiro homem pecou e, portanto, a sexualidade é o ponto mais vulnerável de todos os homens.


4) E como as mulheres estão essencialmente ligadas à sexualidade, elas se tornam as agentes por excelência do demônio (as feiticeiras). E as mulheres têm mais conivência com o demônio "porque Eva nasceu de uma costela torta de Adão, portanto nenhuma mulher pode ser reta" (1,6).


5) A primeira e maior característica, aquela que dá todo o poder às feiticeiras, é copular com o demônio. Satã é, portanto, o senhor do prazer.


6) Uma vez obtida a intimidade com o demônio, as feiticeiras são capazes de desencadear todos os males, especialmente a impotência masculina, a impossibilidade de livrar-se de paixões desordenadas, abortos, oferendas de crianças a Satanás, estrago das colheitas, doenças nos animais etc.


7) E esses pecados eram mais hediondos ao que os próprios pecados de Lúcifer quando da rebelião dos anjos e dos primeiros pais por ocasião da queda, porque agora as bruxas pecam contra Deus e o Redentor (Cristo), e portanto este crime é imperdoável e por isso só pode ser resgatado com a tortura e a morte.


Vemos assim que na mesma época em que o mundo está entrando na Renascença, que virá a dar na Idade das Luzes, processa-se a mais delirante perseguição às mulheres e ao prazer. Tudo aquilo que já estava em embrião no Segundo Capítulo do Gênesis torna-se agora sinistramente concreto. Se nas culturas de coleta as mulheres eram quase sagradas por poderem ser férteis e, portanto, eram as grandes estimuladoras da fecundidade da natureza, agora elas são, por sua capacidade orgástica, as causadoras de todos os flagelos a essa mesma natureza. Sim, porque as feiticeiras se encontram apenas entre as mulheres orgásticas e ambiciosas (1, 6), isto é, aquelas que não tinham a sexualidade ainda normatizada e procuravam impor-se no domínio público, exclusivo dos homens.


Assim, o Malleus Maleficarum, por ser a continuação popular do Segundo Capítulo do Gênesis, torna-se a testemunha mais importante da estrutura do patriarcado e de como esta estrutura funciona concretamente sobre a repressão da mulher e do prazer.


De doadora da vida, símbolo da fertilidade para as colheitas e os animais, agora a situação se inverte: a mulher é a primeira e a maior pecadora, a origem de todas as ações nocivas ao homem, à natureza e aos animais.


Durante três séculos o Malleus foi a bíblia dos Inquisidores e esteve na banca de todos os julgamentos. Quando cessou a caça às bruxas, no século XVIII, houve grande transformação na condição feminina. A sexualidade se normatiza e as mulheres se tornam frígidas, pois orgasmo era coisa do diabo e, portanto, passível de punição. Reduzem se exclusivamente ao âmbito doméstico, pois sua ambição também era passível de castigo. O saber feminino popular cai na clandestinidade, quando não é assimilado como próprio pelo poder médico masculino já solidificado. As mulheres não têm mais acesso ao estudo como na Idade Média e passam a transmitir voluntariamente a seus filhos valores patriarcais já então totalmente introjetados por elas.


É com a caça às bruxas que se normatiza o comportamento de homens e mulheres europeus, tanto na área pública como no domínio do privado.


E assim se passam os séculos.


A sociedade de classes que já está construída nos fins do século XVIII é composta de trabalhadores dóceis que não questionam o sistema.


As Bruxas do Século XX


Agora, mais de dois séculos após o término da caça às bruxas, é que podemos ter uma noção das suas dimensões. Neste final de século e de milênio, o que se nos apresenta como avaliação da sociedade industrial? Dois terços da humanidade passam fome para o terço restante superalimentar-se; além disto há a possibilidade concreta da destruição instantânea do planeta pelo arsenal nuclear já colocado e, principalmente, a destruição lenta mas contínua do meio ambiente, já chegando ao ponto do não-retorno. A aceleração tecnológica mostra-se, portanto, muito mais louca dos inquisidores.


Ainda neste fim de século outro fenômeno está acontecendo: na mesma jovem rompem-se dois tabus que causaram a morte das feiticeiras: a inserção no mundo público e a procura do prazer sem repressão. A mulher jovem hoje liberta-se porque o controle da sexualidade e a reclusão ao domínio privado formam também os dois pilares da opressão feminina.


Assim, hoje as bruxas são legião no século XX. E são bruxas que não podem ser queimadas vivas, pois são elas que estão trazendo pela primeira vez na história do patriarcado, para o mundo masculino, os valores femininos. Esta reinserção do feminino na história, resgatando o prazer, a solidariedade, a não-competição, a união com a natureza, talvez seja a única chance que a nossa espécie tenha de continuar viva.


Creio que com isso as nossas bruxinhas da Idade Média podem se considerar vingadas!

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