31 março 2008

Vibrações Sutis



Muitas vibrações permeiam a Terra.
Muitas vibrações são emanadas pelos humanos, sejam densas ou sutis.
Tudo é sintonia, semelhante atrai semelhante, pensamento ressona com pensamento de mesma qualidade.
Tudo é ressonância.
As sincronicidades não passam de ressonância.
Inconsciente pessoal e coletivo é ressonância.
Karma é ressonância, ação e reação é ressonância ou diapasão.

Há várias ondas de vibrações sutis emanadas por elevadas consciências siderais permeando o cosmos e a Terra.
Há várias emanações de compaixão serena banhando todo o planeta.
Há vários holofotes de luz consciencial exteriorizados por Conclaves Siderais.
Há várias correntes e cachoeiras de Amor incondicional banhando nosso orbe.

Basta que elevemos a sintonia.
É preciso ligar nossos receptores conscienciais embotados no cofre do coração.
O segredo desse cofre da luz do coração é detonar o orgulho, a vaidade e o egoísmo.
Uma vez destravados estes egos, mesmo que parcialmente, o cofre lentamente inicia a se abrir, e mesmo com suas poucas frestas de luz, começa a sintonizar com as vibrações sutis do Eterno que nos banha.

Cada qual pratica suas orações diariamente.
Não são rituais, não são rezas ou mantras, muito menos vestes, mas a prática do cotidiano, seja de mentir, odiar, roubar, ou seja de abençoar, amar e servir.
Estas são as "orações" que necessitamos para efetuar a conquista de uma sintonia elevada.

É um conjunto do que você faz, com quem anda, onde vai, o que come, o que diz, como trabalha, etc.
Não importa sua situação social, não importa qual seu karma, o seu sofrimento, os problemas, a sua nacionalidade ou sua raça.
Só depende de você, de sua mente e coração.

Não depende de fé, de dúvida ou de ciência, apenas de você consigo mesmo.
Você pode estar no ônibus lotado, na solidão do asilo, no terreno baldio, na creche abandonado, na mansão solitário ou no muro de fuzilamento.

Nem minhas humildes palavras não prestam, elas não valem nada, a não ser para mim mesmo.
Só depende de você consigo mesmo.
E talvez não consiga de um momento para outro e precisará perseverar.
Também não há fórmula ou receita e pouco posso, além disto, escrever.

Até mesmo as viagens astrais lúcidas e rememoradas são fáceis na futilidade, subterfúgio e vaidade do projetor consciente, que na maioria das vezes é incompetente em viajar para dentro de si mesmo.
Viajar para fora de si é fácil, mas a viagem intraconsciencial profunda faz desmoronar egos graníticos.
Falar ou gritar é fácil, mas ouvir a voz do coração no silêncio das horas de si mesmo, não é para qualquer um.

Isto faria e fará muitos vulcões humanos desmoronarem de joelhos em prantos desvairados.
Explodirá os rótulos, posturas intelectuais, bases científicas, doutrinas, filosofias, grupos e incontáveis formas de manifestações dos temporais egos humanos.

Só depois de despencar ladeira evolutiva abaixo, se sentindo nos vales mais profundos, começará a caminhar de verdade.
Mais lento, mais firme, mais brilhante e mais seguro, pois detonou a casca que bloqueava a sintonia elevada e agora pode assumir a si mesmo e suas fraquezas, transformadas após a cirurgia consciencial visceral do autoconhecimento arrebatador.

Agora sim, sintonizou o dial de seu coração e mente e pode receber as vibrações sutis e sintonizar com elas.

Ainda não virou santo, ainda possui muitos egos, ainda têm rompantes, mas iniciou o aprendizado em viajar para dentro de si mesmo e abrir sua antena parabólica no canal do amor sutil do coração-consciência.

Paz, Amor e Luz,
Dalton Campos Roque - http://www.consciencial.org -
http://www.ramatis.org - http://www.websitearte.com

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30 março 2008

O Pentagrama

Desde os primórdios da humanidade, o ser humano sempre se sentiu envolto por forças superiores e trocas energéticas que nem sempre soube identificar. Sujeito a perigos e riscos, teve a necessidade de captar forças benéficas para se proteger de seus inimigos e das vibrações maléficas. Foi em busca de imagens, objetos, e criou símbolos para poder entrar em sintonia com energias superiores e ir ao encontro de alguma forma de proteção.


Dentre estes inúmeros símbolos criados pelo homem, se destaca o pentagrama, que evoca uma simbologia múltipla, sempre fundamentada no número 5, que exprime a união dos desiguais. As cinco pontas do pentagrama põem em acordo, numa união fecunda, o 3, que significa o principio masculino, e o 2, que corresponde ao princípio feminino. Ele simboliza, então, o andrógino. O pentagrama sempre esteve associado com o mistério e a magia. Ele é a forma mais simples de estrela, que deve ser traçada com uma única linha, sendo conseqüentemente chamado de "Laço Infinito".


A potência e associações do pentagrama evoluíram ao longo da história. Hoje é um símbolo onipresente entre os neopagãos, com muita profundidade mágica e grande significado simbólico. Um de seus mais antigos usos se encontra na Mesopotâmia, onde a figura do pentagrama aparecia em inscrições reais e simbolizava o poder imperial que se estendia "aos quatro cantos do mundo". Entre os Hebreus, o símbolo foi designado como a Verdade, para os cinco livros do Pentateuco (os cinco livros do Velho Testamento, atribuídos a Moisés). Às vezes é incorretamente chamado de "Selo de Salomão", sendo, entretanto, usado em paralelo com o Hexagrama.


Na Grécia Antiga, era conhecido como Pentalpha, geometricamente composto de cinco As.


Pitágoras, filósofo e matemático grego, grande místico e moralista, iniciado nos grandes mistérios, percorreu o mundo nas suas viagens e, em decorrência, se encontram possíveis explicações para a presença do pentagrama, no Egito, na Caldéia e nas terras ao redor da Índia. A geometria do pentagrama e suas associações metafísicas foram exploradas pelos pitagóricos, que o consideravam um emblema de perfeição. A geometria do pentagrama ficou conhecida como "A Proporção Dourada", que ao longo da arte pós-helênica, pôde ser observada nos projetos de alguns templos.


Para os agnósticos, era o pentagrama a "Estrela Ardente" e, como a Lua crescente, um símbolo relacionado à magia e aos mistérios do céu noturno. Para os druidas, era um símbolo divino e, no Egito, era o símbolo do útero da terra, guardando uma relação simbólica com o conceito da forma da pirâmide. Os celtas pagãos atribuíam o símbolo do pentagrama à Deusa Morrigan.


Os primeiros cristãos relacionavam o pentagrama às cinco chagas de Cristo e, desde então, até os tempos medievais, era um símbolo cristão. Antes da Inquisição não havia nenhuma associação maligna ao pentagrama; pelo contrário, era a representação da verdade implícita, do misticismo religioso e do trabalho do Criador.


O imperador Constantino I, depois de ganhar a ajuda da Igreja Cristã na posse militar e religiosa do Império Romano em 312 d.C., usou o pentagrama junto com o símbolo de chi-rho (uma forma simbólica da cruz), como seu selo e amuleto. Tanto na celebração anual da Epifânia, que comemora a visita dos três Reis Magos ao menino Jesus, assim como também a missão da Igreja de levar a verdade aos gentios, tiveram como símbolo o pentagrama, embora em tempos mais recentes este símbolo tenha sido mudado, como reação ao uso neopagão do pentagrama.


Em tempos medievais, o "Laço Infinito" era o símbolo da verdade e da proteção contra demônios. Era usado como um amuleto de proteção pessoal e guardião de portas e janelas. Os Templários, uma ordem militar de monges formada durante as Cruzadas, ganharam grande riqueza e proeminência através das doações de todos aqueles que se juntavam à ordem, e amealhou também grandes tesouros trazidos da Terra Santa. Na localização do centro da "Ordem dos Templários", ao redor de Rennes du Chatres, na França, é notável observar um pentagrama natural, quase perfeito, formado pelas montanhas que medem vários quilômetros ao redor do centro.


Há grande evidência da criação de outros alinhamentos geométricos exatos de Pentagramas como também de um Hexagrama, centrados nesse pentagrama natural, na localização de numerosas capelas e santuários nessa área. Está claro, no que sobrou das construções dos Templários, que os arquitetos e pedreiros associados à poderosa ordem conheciam muito bem a geometria do pentagrama e a "Proporção Dourada", incorporando aquele misticismo aos seus projetos.


Entretanto, a "Ordem dos Templários" foi inteiramente dizimada, vítima da avareza da Igreja e de Luiz IX, religioso fanático da França, em 1.303. Iniciaram-se os tempos negros da Inquisição, das torturas e falsos-testemunhos, de purgar e queimar, esparramando-se como a repetição em câmara-lenta da peste negra, por toda a Europa.


Durante o longo período da Inquisição, havia a promulgação de muitas mentiras e acusações em decorrência dos "interesses" da ortodoxia e eliminação de heresias. A Igreja mergulhou por um longo período no mesmo diabolismo ao qual buscou se opor. O pentagrama foi visto, então, como simbolizando a cabeça de um bode ou o diabo, na forma de Baphomet, e era Baphomet quem a Inquisição acusou os Templários de adorar. Também, por esse tempo, envenenar como meio de assassinato entrou em evidência. Ervas potentes e drogas trazidas do leste durante as Cruzadas, entraram na farmacopéia dos curandeiros, dos sábios e das bruxas.


Curas, mortes e mistérios desviaram a atenção dos dominicanos da Inquisição, dos hereges cristãos, para as bruxas pagãs e para os sábios, que tinham o conhecimento e o poder do uso dessas drogas e venenos. Durante a purgação das bruxas, outro deus cornudo, como Pan, chegou a ser comparado com o diabo (um conceito cristão) e o pentagrama - popular símbolo de segurança - pela primeira vez na história, foi associado ao mal e chamado "Pé da Bruxa". As velhas religiões e seus símbolos caíram na clandestinidade por medo da perseguição da Igreja e lá ficaram definhando gradualmente, durante séculos. As sociedades secretas de artesãos e eruditos, que durante a inquisição viveram uma verdadeira paranóia, realizando seus estudos longe dos olhos da Igreja, já podiam agora com o fim do período de trevas da Inquisição, trazer à luz o Hermetismo, ciência doutrinaria ligada ao agnosticismo surgida no Egito, atribuída ao deus Thot, chamado pelos gregos de Hermes Trismegisto, e formada principalmente pela associação de elementos doutrinários orientais e neoplatônicos. Cristalizou-se, então, um ensinamento secreto em que se misturavam filosofia e alquimia, ciência oculta da arte de transmutar metais em ouro. O simbolismo gráfico e geométrico floresceu, se tornou importante e, finalmente, o período do Renascimento emergiu, dando início a uma era de luz e desenvolvimento.


Um novo conceito de mundo pôde ser passado para a Europa renascida, onde o pentagrama (representação do número cinco), significava agora o microcosmo, símbolo do Homem Pitagórico que aparece como uma figura humana de braços e pernas abertas, parecendo estar disposto em cinco partes em forma de cruz; o Homem Individual. A mesma representação simbolizava o macrocosmo, o Homem Universal - dois eixos, um vertical e outro horizontal, passando por um mesmo centro. Um símbolo de ordem e de perfeição, da Verdade Divina. Portanto, "o que está em cima é como o que está embaixo", como durante muito tempo já vinha sendo ensinado nas filosofias orientais. O pentagrama pitagórico - que se tornou, na Europa, o de Hermes, gnóstico - já não aparece apenas como um símbolo de conhecimento, mas também como um meio de conjurar e adquirir o poder. Figuras de Pentagramas eram utilizadas pelos magos para exercer seu poder: existiam Pentagramas de amor, de má sorte, etc. No calendário de Tycho Brahe "Naturale Magicum Perpetuum" (1582), novamente aparece a figura do pentagrama com um corpo humano sobreposto, que foi associado aos elementos. Agripa (Henry Cornelius Von de Agripa Nettesheim), contemporâneo de Tycho Brahe, mostra proporcionalmente a mesma figura, colocando em sua volta os cinco planetas e a Lua no ponto central (genitália) da figura humana. Outras ilustrações do mesmo período foram feitas por Leonardo da Vinci, mostrando as relações geométricas do Homem com o Universo. Mais tarde, o pentagrama veio simbolizar a relação da cabeça para os quatro membros e conseqüentemente da pura essência concentrada de qualquer coisa, ou o espírito para os quatro elementos tradicionais: terra, água, ar e fogo - o espírito representado pela quinta essência (a "Quinta Essentia" dos alquimistas e agnósticos).


Na Maçonaria, o homem microcósmico era associado com o Pentalpha (a estrela de cinco pontas). O símbolo era usado entrelaçado e perpendicular ao trono do mestre da loja. As propriedades e estruturas geométricas do "Laço Infinito" foram simbolicamente incorporadas aos 72 graus do Compasso - o emblema maçônico da virtude e do dever. Nenhuma ilustração conhecida associando o pentagrama com o mal aparece até o Século XIX. Eliphas Levi (Alphonse Louis Constant) ilustra o pentagrama vertical do homem microcósmico ao lado de um pentagrama invertido, com a cabeça do bode de Baphomet (figura panteísta e mágica do absoluto). Em decorrência dessa ilustração e justaposição, a figura do pentagrama, foi levada ao conceito do bem e do mal. Contra o racionalismo do Século XVIII, sobreveio uma reação no Século XIX, com o crescimento de um misticismo novo que muito deve à Santa Cabala, tradição antiga do Judaísmo, que relaciona a cosmogonia de Deus e universo à moral e verdades ocultas, e sua relação com o homem.


Não é tanto uma religião mas, sim, um sistema filosófico de compreensão fundamentado num simbolismo numérico e alfabético, relacionando palavras e conceitos. Eliphas Levi foi um expositor profundo da Cabala e instrumentou o caminho para a abertura de diversas lojas de tradição hermética no ocidente: a "Ordem Temporale Orientalis" (OTO), a "Ordem Hermética do Amanhecer Dourado" (Golden Dawn), a "Sociedade Teosófica", os "Rosacruzes", e muitas outras, inclusive as modernas Lojas e tradições da Maçonaria. Levi, entre outras obras, utilizou o Tarot como um poderoso sistema de imagens simbólicas, que se relacionavam de perto com a Cabala. Foi Levi também quem criou o Tetragrammaton - ou seja, o pentagrama com inscrições cabalísticas, que exprime o domínio do espírito sobre os elementos, e é por este signo que se invocavam, em rituais mágicos, os silfos do ar, as salamandras do fogo, as ondinas da água e os gnomos da terra ("Dogma e Ritual da Alta Magia" de Eliphas Levi).


A Golden Dawn, em seu período áureo (de 1888 até o começo da primeira guerra mundial), muito contribuiu para a disseminação das raízes da Cabala Hermética moderna ao redor do mundo e, através de escritos e trabalhos de vários de seus membros, principalmente Aleister Crowley, surgiram algumas das idéias mais importantes da filosofia e da mágica da moderna Cabala. Em torno de 1940, Gerald Gardner adotou o pentagrama vertical, como um símbolo usado em rituais pagãos. Era também o pentagrama desenhado nos altares dos rituais, simbolizando os três aspectos da deusa mais os dois aspectos do deus, nascendo, então, a nova religião de Wicca. Por volta de 1960, o pentagrama retomou força como poderoso talismã, juntamente com o crescente interesse popular em bruxaria e Wicca, e a publicação de muitos livros (incluindo vários romances) sobre o assunto, ocasionando uma decorrente reação da Igreja, preocupada com esta nova força emergente. Um dos aspectos extremos dessa reação foi causado pelo estabelecimento do culto satânico - "A Igreja de Satanás" - por Anton La Vay. Como emblema de sua igreja, La Vay adotou o pentagrama invertido (inspirado na figura de Baphomet de Eliphas Levi). Isso agravou com grande intensidade a reação da Igreja Cristã, que transformou o símbolo sagrado do pentagrama, invertido ou não, em símbolo do diabo. A configuração da estrela de cinco pontas, em posições distintas, trouxe vários conceitos simbólicos para o pentagrama, que foram sendo associados, na mente dos neopagãos, a conceitos de magia branca ou magia negra. Esse fato ocasionou a formação de um forte código de ética de Wicca - que trazia como preceito básico: "Não desejes ou faças ao próximo, o que não quiseres que volte para vós, com três vezes mais força daquela que desejaste." Apesar dos escritos criados para diferenciar o uso do pentagrama pela religião Wicca, das utilizações feitas pelo satanismo, principalmente nos Estados Unidos, onde os cristãos fundamentalistas se tornaram particularmente agressivos a qualquer movimento que envolvesse bruxaria e o símbolo do pentagrama, alguns wiccanianos se colocaram contrários ao uso deste símbolo, como forma de se protegerem contra a discriminação estabelecida por grupos religiosos radicais. Apesar de todas as complexidades ocasionadas através dos diversos usos do pentagrama, ele se tornou firmemente um símbolo indicador de proteção, ocultismo e perfeição. Suas mais variadas formas e associações em muito evoluíram ao longo da história e se mantêm com toda a sua onipresença, significado e simbolismo, até os dias de hoje. O Pentagrama é o símbolo de toda criação mágica. Suas origens estão perdidas no tempo. O pentagrama foi usado por muitos grupos de pessoas aos longo da História como símbolo de poder mágico. O Pentagrama é conhecido com a estrela do microcosmo, ou do pequeno universo, a figura do homem que domina o espírito sobre a matéria, a inteligência sobre os instintos. Na Europa Medieval era conhecido como "Pé de Druida" e como "Pé de Feiticeiro", em outras épocas ficou conhecido como "Cruz dos Goblins". O Pentagrama representa o próprio corpo, os 4 membros e a cabeça. É a representação primordial dos 5 sentidos tanto interiores como exteriores. Além disso, representa os 5 estágios da vida do homem:


Nascimento: o início de tudo


Infância: momento onde o indivíduo cria suas próprias bases


Maturidade: fase da comunhão com as outras pessoas


Velhice: fase de reflexão, momento de maior sabedoria


Morte: tempo do término para um novo início


O Pentagrama é o símbolo da Bruxaria. Os Bruxos usam um Pentagrama para representar a sua fé e para se reconhecerem. O Pentagrama é tão importante para um Wiccaniano, assim como uma cruz é importante para um cristão, ou como um Selo de Salomão é importante para um judeu. O Pentagrama representa o homem dentro do círculo, o mais alto símbolo da comunhão total com os Deuses. É o mais alto símbolo da Arte, pois mostra o homem reverenciando a Deusa , já que é a estilização de uma estrela (homem) assentada no círculo da Lua Cheia (Deusa). Cada uma das pontas possui um significado particular:


PONTA 1 - ESPÍRITO: representa os criadores , a Deusa e o Deus, pois eles guiam a nossa vida e nos ajudam na realização dos ritos e trabalhos mágicos. O Deus e a Deusa são detentores dos 4 elementos e estes elementos são as outras 4 pontas.


PONTA 2 - TERRA: representa as forças telúricas e os poderes dos elementais da terra, os Gnomos. É a ponta que simboliza os mistérios, o lado invisível da vida, a força da fertilização e do crescimento.


PONTA 3 - AR: representa as forças aéreas e os poderes dos Silfos. Corresponde à inteligência , ao poder do saber, a força da comunicação e da criatividade.


PONTA 4 - FOGO: representa a energia, a vontade e o poder das Salamandras. Corresponde às mudanças, às transformações. É a força da ativação e da agilidade.


PONTA 5 - ÁGUA: representa as forças aquáticas e aos poderes das Ondinas. Está ligada às emoções, ao entardecer, ao inconsciente. Corresponde às forças da mobilidade e adaptabilidade. Portanto, o Bruxo que detém conhecimento sobre os elementos usa o Pentagrama como símbolo de domínio e poder sobre os mesmos.

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29 março 2008

A felicidade é minha natureza essencial

Entrevista com Glória Arieira

O Atma - Quando começou seu interesse pela filosofia hindu?
Num momento de busca pessoal. Procurava nos livros e em palestras um caminho. Foi quando, em 1973, conheci o Swámi Chinmayánanda. As palavras dele chegaram a mim com muita força: "Deus não é uma questão de fé, e sim de conhecimento", e "a natureza essencial do indivíduo é a identificação com Deus", por exemplo. Todos os ensinamentos dele fizeram sentido para mim. Quatro meses depois, resolvi me mudar para a Índia com meu marido e estudar Vedanta, a parte final dos Vedas, os textos sagrados hindus. Esse conhecimento, que foi passado oralmente há mais de 5 mil anos antes de Cristo, deve ser mantido inalterado. Daí a sua tradição oral. O Swami Dayananda foi o meu mestre.


O Atma - Por quê você resolveu dar aulas de Vedanta?
Eu estava vivendo há quase cinco anos na Índia. Estava totalmente adaptada e identificada com a filosofia de vida desse país. Quando pensei: por quê nasci no Brasil? Deve existir alguma razão para isso. Sentia-me segura sobre o conhecimento que adquiri. Estava tudo muito claro para mim. Nesse momento, resolvi voltar. Já no Rio, fui convidada a dar palestras sobre o assunto e as aulas começaram como um processo natural.


O Atma - Qual a relação de Vedanta com meditação?
A meditação é um instrumento para assimilação do conhecimento, o objeto de contemplação daquilo que foi estudado. Traz a sua mente de volta sem o uso da lógica e vê a verdade daquelas palavras ouvidas, os ensinamentos.


O Atma - Você medita com freqüência?
Sim. Existem várias técnicas de meditação que ensino aos meus alunos, como por exemplo: a observação do silêncio, a repetição de um mantra, etc. Mas o que é mais importante é levar uma vida meditativa, ou seja, que ela seja um processo natural durante a vida, com a atenção nos atos e nas palavras.


O Atma - O que é necessário para alguém meditar?
O pré-requisito é querer muito, sinceramente. Dessa forma é possível praticar a meditação, pois meditar é um ato de amor. Ou existe amor ou não existe. Ninguém pode forçar alguém a amar o outro. A meditação não funciona a não ser que se deseje naturalmente. Não pode ser forçada.


O Atma - Você tem três filhos, dois deles adolescentes. Eles meditam?
O espírito da cultura vêdica eles possuem: visão de Deus, orações e valores. A forma a princípio pode ser considerada estrangeira, mas sua essência, o coração, é universal, pois a religiosidade é universal.


O Atma - Qual a importância do conhecimento do Vedanta em sua vida?
Tornou-se mais fácil lidar com o mundo. A vida passa a ser simples. Não existe expectativa no mundo. Não espero que o mundo me faça feliz. A felicidade é minha natureza essencial.



"Existe sempre alguma coisa ausente que me atormenta" Camille Claudel, 1886



"Tome partido. Neutralidade ajuda o opressor, nunca a vítima. Silêncio encoraja o torturador, nunca o torturado"- Elie Wiesel

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27 março 2008

bibliotecario

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24 março 2008

O QUE É O TAROT

O Tarot é um baralho composto de 78 lâminas (ou cartas), dividido em 2 grupos principais: os Arcanos Maiores, composto por um grupo de 22 lâminas (numeradas de 0 a 21 ou de 1 a 22) e os Arcanos Menores, composto por um grupo de 56 lâminas,distribuídas em 4 naipes (Copas, Paus, Espadas e Ouros - como no baralho tradicional), cada um com 14 lâminas, dispostas de As a 10, inclusas em cada grupo as figuras do Rei, Rainha, Cavaleiro e Pajen ou Valete. As lâminas são ilustradas com o simbolismo universal, relacionadas às imagens arquetípicas que compõem os mitos e lendas, artisticamente representadas através do conjunto de formas (geometria), cores, figuras humanas, animais e vegetais, objetos e números, totalizando em códigos especiais de acesso à Alma humana.


O termo Arcano, foi criado pelo médico e alquimista Paracelso (Phillipus Teophrastus Bombastus Von Hohenheim). O termo em latim Arcanum, literalmente significa oculto ou misterioso, evocando a idéia de um conteúdo ainda hermético que precisa ser aberto e revelado.


O Tarot reflete o homem e seu estado e esses o seu meio. Não que suas lâminas espelhem o processo em si, mas evocam o estágio em que o homem se encontra. Temos em mente aí, que sua linguagem é universal, mas no momento de ser consultado, sinalizará o processo anímico individualmente, independente das combinações que se repetirem e dos significados estabelecidos dentro do núcleo das imagens arquetípicas. Servindo como instrumento advinhatório, ele servirá apenas para vislumbrar o futuro, conectando-se aos eventos presentes e passados. Como instrumento divinatório, estabelece a relação do homem com sua alma e essa, com Deus. Embora, no dicionário os adjetivos "advinhatório" e "divinatório" sejam sinônimos, estabelece-se aí a seguinte reflexão: nem todos que advinham, divinizam e nem todos que divinizam, advinham. No meu entender, advinhar significa decifrar de forma até mesmo leviana, algo que está oculto; já divinizar, estabeleceria a idéia de conectar com sua alma, com o universo, com o Criador. Um Tarot advinhatório, parece refletir na mente das pessoas, um mero jogo de salão para brincar de descobrir o futuro. Já o Tarot divinatório, teria assim relação com uma ponte entre o homem e Deus. Nesse processo, temos o chamado auto-conhecimento.


O Tarot é um legado dos tempos para os tempos. Muitos pesquisadores vieram e já foram e outros virão, dando suas contribuições a esse interessante e misterioso estudo. A concepção purista de um Tarot que tenha nascido nos braços do esoterismo, é no mínimo, pretensiosa, pois o Tarot não pertence necessariamente a nenhuma linha de pensamento ou sistema estabelecido. O Tarot, enquanto veículo livre de co-relações, é um alfabeto simbólico para orientar o homem em sua jornada. Pode ter nascido na arte de um povo, comparativamente às runas, que era o alfabeto dos vikings e também seu oráculo, mas também no berço de uma civilização perdida e mesmo, na cultura e nos ritos de alguma sociedade. Muito do contexto esotérico e espiritualista, que sobreveio principalmente a partir do século XVII, deu margem à maior parte da literatura que temos sobre o Tarot, que devemos considerar um legado dos pesquisadores e não considerar como uma regra para estudos ou pesquisas. Cada livro que fala sobre o Tarot, seria, por assim dizer, um tratado, uma abordagem do baralho através da ótica de seus pesquisadores, trazendo importantes toques e insights para o estudante do assunto. Mas, definir a regra de que o Tarot é só um oráculo, implicará em leviandade, preconceito e até mesmo num embotamento para vislumbrar outros caminhos que o Tarot oferece. Estudar o Tarot é observar, com a mente aberta e o discernimento dirigido, todas as associações e maneiras de como pode ser utilizado, livre de determinismos ou concepções afirmativas. Vale lembrar que o Tarot é uma experiência pessoal, cada um pode criar suas próprias regras ou convenções, apenas para efeito de pesquisas e consultas de cunho pessoal. Enfim, podemos seguir até o pensamento de um ocultista e ou pesquisador, mas jamais, identificar-se com ele a ponto de não aceitar outras propostas.


Uma importante observação a ser considerada, é a escolha do baralho. Com a massificação industrial e com o aumento indiscriminado da mídia, em explorar o meio esotérico, muitas informações estão sendo jogadas no mercado, sem nenhum filtro. A exemplo, milhares de baralhos são encontrados hoje nas lojas, um mais lindo que o outro, mas distorcidos simbolicamente de seu conteúdo simbólico original. Encontramos Tarots das Crianças, dos Orixás, dos Anjos, dos Xamãs, dos Magos, etc e tal, cada vez mais distanciados daqueles símbolos ilsutrados em baralhos tradicionais como o de Marselha, de Wirth, de Waite (Rider), entre outros, desfavorecendo quem inicia na prática. Com isso, a confusão criada na cabeça dos iniciantes é grande, fortalecendo a idéia de que o Tarot é aquele baralho bonito, mas longe do simbolismo universal, que acabou de ser adquirido. Não há mal nenhum se identificar com o baralho que gostamos, apenas devemos começar nos familiarizando com os símbolos e suas combinações tradicionais. Após isso, é da livre-escolha do estudante escolher seu baralho.


Não existem "lâminas positivas ou negativas" dentro do Tarot. Cada lâmina é adequada ao padrão de consciência do ser humano e definitivamente, a interpretação deve fugir da visão fatalista. Fatos "negativos ou positivos" analisados em consultas, podem trazer até efeitos contrários, pois vivemos num universo impermanente. Por isso, quem determina a interpretação é o tarólogo e não o Tarot, pois o profissional deve apenas estar "afinado ou sintonizado" com seu inconsciente e as forças superiores.

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23 março 2008

Os Valores Universais

Gloria Arieira

O ser humano está naturalmente inserido num contexto social, relacionando-se com outros e com situações variadas. Busca uma completa satisfação pessoal, e para isto, tanto quanto para uma plena participação neste mundo, é necessário que seus deveres e direitos estejam bem estabelecidos, valorizados e claros para si mesmo.


Os deveres são tudo aquilo que compete a uma pessoa. Aquilo que deve ser feito por uma determinada pessoa e não por outra, dada a peculiaridade única de cada um. Os direitos, tudo aquilo que vem para nós, se os outros fizerem sua parte, seu papel correspondente. Como por exemplo, se eu faço meu papel de manter meu ambiente de trabalho organizado, meus colegas terão garantidos seus direitos a um lugar agradável.


Deveres e direitos, quando respeitados numa sociedade, trazem ganhos, vantagens para todos. Mas para isto, deve haver o entendimento sobre os deveres específicos de cada um para que possam conseqüentemente ser respeitados.


É esta própria clareza que adequa o ser humano à sociedade, dando-lhe a ferramenta para poder, e não só querer, respeitar a lei para a harmonia entre os seres humanos e consigo mesmo.


Pouca utilidade existe em somente afirmar "faça isto", "não faça aquilo". Enquanto houver controle por parte de outros, pode ser que determinada lei seja seguida. Mas não podemos chamar de valor pois não possui um valor verdadeiro e tão somente temor. Quando são reconhecidos os ganhos que teremos ao seguirmos os chamados valores, e as perdas ao ignorá-los, poderemos então implementá-los à nossa vida.


Temos então que descobrir como são valiosos os valores. Valiosos para nós mesmos e para o bom convívio com os outros.


Valores como a verdade, a não-violência, e tantos outros serão seguidos de maneira natural se os ganhos e as perdas conseqüentes ao segui-los forem analisados.


Quando não há a compreensão adequada dos valores, eles estarão presentes pela metade e seremos capazes de abrir mão deles em determinados momentos, agindo de maneira conveniente, e criando conflitos na mente.


Estar livre de conflitos e em paz é o desejo primordial do ser humano e possível de ser satisfeito ao se descobrir o valor dos valores.


Em um livro muito claro, intitulado "O Valor dos Valores", Swami Dayananda Saraswati nos ensina a apreciar cada valor e adquirir seu valor de forma pessoal e completa.



"Existe sempre alguma coisa ausente que me atormenta" Camille Claudel, 1886



"Tome partido. Neutralidade ajuda o opressor, nunca a vítima. Silêncio encoraja o torturador, nunca o torturado"- Elie Wiesel

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22 março 2008

A Infância de Cristo Segundo Pedro

Este é considerado o quinto Evangelho, escrito por Pedro, segundo relatos feitos por Nossa Senhora. Publicado pela primeira vez em 1677, conta com verões e, grego, latim, armênio e árabe.
Muita gente se indaga ainda hoje porque os Evangelhos da Bíblia não falam da infância e juventude de Cristo. Isso tem provocado inúmeras especulações, inclusive algumas que citam que o Mestre exilou-se junto aos monges do Tibete ou conviveu com os essênios, com cujos mestres instruiu-se. Admitir isso é negar a divindade de Cristo, pois se ele precisou de um mestre, seria mais lógico que, hoje em dia, adorássemos o seu mestre e não ele, o aprendiz. Isso fica bem claro nas passagens XLVIII e XLIX.
Nesta narrativa, há maiores detalhes sobre o encontro de Jesus com os sábios, no templo de Jerusalém, além de suas brincadeiras com as outras crianças e seu trabalho na companhia de José.
Nas notas de rodapé, apresentamos trechos do Evangelho Armênio da Infância, uma versão ampliada do Evangelho da Infância, onde algumas passagens extras esclarecem momentos importantes da vida de Jesus. Esses livros foram considerados apócrifos pela Igreja, isto é, sem a inspiração divina, e excluídos dos textos originais que formaram, ao longo do tempo, a atual Bíblia. Quais foram os critérios utilizados para selecionar os livros inspirados divinamente foi algo que até hoje a Igreja não explicou de modo convincente. O que se sabe é que há relatos sobre a infância de Cristo, sobre a Natividade, sobre São José e outras, que não são aceitas como textos sagrados, muito embora contenham narrativas que completam diversas lacunas nos textos considerados sagrados.
O Evangelho da Infância mostra, de modo sensível e belo, o que foi a infância de Nosso Senhor Jesus Cristo, que desde a mais tenra idade já manifestava sua santidade. É um texto que encanta pela sua beleza, pela singeleza e pelas situações que retratam, onde o Cristo surge como a criança que foi, muito embora sua divindade o levasse a gestos inusitados, mas marcados pela sabedoria precoce e pela coerência de seus atos.
A INFÂNCIA DE CRISTO
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, Deus único.
Com o auxílio e a ajuda do Deus todo poderoso, começamos a escrever o livro dos milagres de nosso Salvador, Mestre e Senhor Jesus Cristo, que se intitula o Evangelho da Infância, conforme narrado por Maria, sua mãe, na paz do Nosso Senhor e Salvador. Que assim seja.
I. Palavras de Jesus no Berço
Encontramos no livro do grande sacerdote Josefo que viveu no tempo de Jesus Cristo, e que alguns chamam de Caifás, que Jesus falou quando estava no berço e que disse a sua mãe Maria:
- Eu, que nasci de ti, sou Jesus, o filho de Deus, o Verbo, como te anunciou o anjo Gabriel, e meu Pai me enviou para a salvação do mundo.
II. Viagem a Belém
No ano de 309 da era de Alexandre, Augusto ordenara que todos fossem recenseados em sua cidade natal. José partiu, então, conduzindo Maria, sua esposa. Vieram a Jerusalém, de onde se dirigiram a Belém para inscreverem-se no local onde ele havia nascido. Quando estavam próximos a uma caverna, Maria disse a José que sua hora havia chegado e que não poderia ir até a cidade.
- Entremos nesta caverna - disse ela.
O sol estava começando a se pôr. José apressou-se em procurar uma mulher que assistisse Maria no parto e encontrou uma anciã que vinha de Jerusalém.
Saudando-a, disse-lhe:
- Entra na caverna onde encontrarás uma mulher em trabalho de parto.
III. A Parteira de Jerusalém
Após o pôr-do-sol, José chegou com a anciã à caverna e eles entraram. Eis que a caverna estava resplandecendo com uma claridade que superava a de uma infinidade de labaredas e brilhava mais do que o sol do meio-dia. A criança, enrolada em fraldas e deitada numa manjedoura, mamava no seio da mãe. Ambos ficaram surpresos com o aspecto daquela claridade e a anciã disse a Maria:
- És tu a mãe desta criança?
Ao responder afirmativamente Maria, disse-lhe:
- Não és semelhante às filhas de Eva.
Respondeu Maria respondeu:
- Assim como entre as crianças dos homens não há nenhuma que seja semelhante ao meu filho, assim também sua mãe não tem par entre todas as mulheres.
A anciã disse então:
- Senhora e ama, vim para receber uma recompensa que perdurará para todo o sempre.
Maria lhe disse, então:
- Põe tuas mãos sobre a criança.
Quando a anciã o fez, foi purificada. Ao sair, ela disse:
- A partir deste momento, eu serei a serva desta criança e quero consagrar-me a seu serviço, por todos os dias da minha vida.
IV. A Adoração dos Pastores
Em seguida, quando os pastores chegaram e acenderam o fogo, entregando-se à alegria, as cortes celestes apareceram, louvando e celebrando o Senhor, a caverna parecia-se com um templo augusto, onde reis celestiais e terrestres celebravam a glória e os louvores de Deus por causa da natividade do Senhor Jesus Cristo. E esta anciã hebréia, vendo estes milagres resplandecentes, rendia graças a Deus, dizendo:
- Eu te rendo graças, ó Deus, Deus de Israel, porque os meus olhos viram a natividade do Salvador do mundo.
V. A Circuncisão
Quando chegou o tempo da circuncisão, isto é, o oitavo dia, época na qual o recém-nascido deve ser circuncidado segundo a lei, eles o circuncidaram na caverna e a velha anciã recolheu o prepúcio e colocou-o em um vaso de alabastro, cheio de óleo de nardo velho. Como tivesse um filho que comercializava perfumes, Maria deu-lhe o vaso, dizendo:
- Muito cuidado para não vender este vaso cheio de perfume de nardo, mesmo que te ofereçam trezentos dinares.
E este é o vaso que Maria, a pecadora, comprou e derramou sobre a cabeça e sobre os pés de Nosso Senhor Jesus Cristo, enxugando-os com seus cabelos.
Quando dez dias se haviam passado, eles levaram a criança para Jerusalém e, ao término da quarentena, eles o apresentaram no templo do Senhor, oferecendo por ele as oferendas prescritas pela lei de Moisés, que diz:
- Toda criança do sexo masculino que sair de sua mãe será chamada o santo de Deus.
VI. Apresentação no Templo
O velho Simeão viu o menino Jesus resplandecente de claridade como um facho de luz, quando a Virgem Maria, cheia de alegria, entrou com ele em seus braços. Uma multidão de anjos rodeava-o, louvando-o e acompanhando-o, assim como os satélites de honra seguem seu rei. Simeão, pois, aproximando-se rapidamente de Maria e estendendo suas mãos para ela, disse ao Senhor Jesus:
- Agora, Senhor, teu servo pode retirar-se em paz, segundo tua promessa, pois meus olhos viram tua misericórdia e o que preparaste para a salvação de todas as nações, luz de todos os povos e a glória de teu povo de Israel.
A profetisa Ana também estava presente, rendia graças a Deus e celebrava a felicidade de Maria.
VII. A Adoração dos Magos
Aconteceu que, enquanto o Senhor vinha ao mundo em Belém, cidade da Judéia, Magos vieram de países do Oriente a Jerusalém, tal como havia predito Zoroastro, e traziam com eles presentes: ouro, incenso e mirra. Adoraram a criança e renderam-lhe homenagem com seus presentes. Então Maria pegou uma das faixas, nas quais a criança estava envolvida, e deu-a aos magos que receberam-na como uma dádiva de valor inestimável. Nesta mesma hora, apareceu-lhes um anjo sob a forma de uma estrela que já lhes havia servido de guia, e eles partiram, seguindo sua luz, até que estivessem de volta a sua pátria.
VIII. A Chegada Dos Magos à sua Terra
Os reis e os príncipes apressaram-se em se reunir em torno dos magos, perguntando-lhes o que haviam visto e o que havia feito, como haviam ido o como haviam voltado e que companheiros eles haviam tido então durante a viagem. Os magos mostraram-lhes a faixa que Maria lhes havia dado. Em seguida, celebraram uma festa, acenderam o fogo segundo seus costumes, adoraram a faixa e a jogaram nas chamas. As chamas envolveram-na.
Ao apagar-se o fogo, eles retiraram o pano e viram que as chamas não haviam deixado nele nenhum vestígio. Eles se puseram então a beijá-lo e a colocá-lo sobre suas cabeças e sobre seus olhos, dizendo:
- Eis certamente a verdade! Qual é pois o preço deste objeto que o fogo não pode nem consumir nem danificar?
E pegando-o, depositaram-no com grande veneração entre seus tesouros.
IX. A Cólera de Herodes
Herodes, vendo que os magos não retornavam a visitá-lo, reuniu os sacerdotes e os doutores e disse-lhes:
- Mostrai-me onde deve nascer o Cristo.
Quando responderam que era em Belém, cidade da Judéia, Herodes pôs-se a tramar, em seu espírito, o assassinato do Senhor Jesus. Então um anjo apareceu a José, durante o sono, e disse-lhe:
- Levanta-te, pegue a criança e sua mãe e foge para o Egito.
Quando o galo cantou, José levantou-se e partiu.
X. Fuga para o Egito
Enquanto ele refletia sobre o caminho que ele devia seguir, a aurora o surpreendeu. A correia da sela se havia rompido ao se aproximarem de uma grande cidade, onde havia um ídolo, ao qual os outros ídolos e divindades do Egito rendiam homenagem e ofereciam presentes. Sempre que Satã falava pela boca do ídolo, os sacerdotes relatavam o que ele dizia aos habitantes do Egito e de suas margens.
Um sacerdote tinha um filho de trinta anos que estava possuído por um grande número de demônios. Ele profetizava e anunciava muitas coisas. Quando os demônios se apossavam dele, rasgavam suas roupas e ele corria nu pela cidade, jogando pedras nos homens.
A hospedaria dessa cidade ficava perto deste ídolo. Quando José e Maria lá chegaram e se hospedaram, os habitantes ficaram profundamente perturbados e todos os príncipes e sacerdotes dos ídolos se reuniram ao redor desse ídolo, perguntando-lhe:
- De onde vem esta agitação universal e qual é a causa deste pavor que se apoderou de nossos país?
O ídolo respondeu:
- Esse assombro foi trazido por um Deus desconhecido, que é o Deus verdadeiro, e ninguém a não ser ele é digno das honras divinas, pois ele é o verdadeiro Filho de Deus. À sua aproximação, esta região tremeu. Ela se emocionou e se assombrou e nós sentimos um grande temor por causa do seu poder.
Neste momento, esse ídolo caiu e quebrou-se, tal como os outros ídolos que estavam no país. Sua queda fez acorrerem todos os habitantes do Egito.
XI. A Cura do Menino Endemoninhado
O filho do sacerdote, acometido do mal que o afligia, entrou no albergue insultando José e Maria, já que os outros hóspedes haviam fugido. Como Maria havia lavado as fraldas do Senhor Jesus e as estendera sobre umas madeiras, o menino possuído pegou uma das fraldas e colocou-a sobre sua cabeça. Imediatamente os demônios fugiram, saindo pela boca, e foram vistos sob a forma de corvos e serpentes. O menino foi curado instantaneamente pelo poder de Jesus Cristo e se pôs a louvar o Senhor que o havia libertado e rendeu-lhe mil ações de graça.
Quando seu pai viu que ele havia recobrado a saúde, exclamou, admirado:
- Meu filho, mas o que te aconteceu e como foste tu curado?"
O filho respondeu:
- No momento em que me atormentavam, eu entrei na hospedaria e lá encontrei uma mulher de grande beleza, que estava com uma criança. Ela estendia sobre umas madeiras as fraldas que acabara de lavar. Eu peguei uma delas e coloquei-la sobre minha cabeça e os demônios fugiram imediatamente e me abandonaram.
O pai, cheio de alegria, exclamou:
- Meu filho, é possível que essa criança seja o Filho do Deus vivo que criou o céu e a terra e, assim que passou por nós, o ídolo partiu-se, os simulacros de todos os nossos deuses caíram e uma força superior à deles destruiu-os.
XII. Os Temores da Sagrada Família
Assim se cumpriu a profecia que diz:
- Chamei o meu filho do Egito.
Quando José e Maria souberam que esse ídolo se havia quebrado, foram tomados de medo e de espanto e diziam:
- Quando estávamos na terra de Israel, Herodes queria que Jesus morresse e, com esta intenção, ele ordenou o massacre de todas as crianças de Belém e das vizinhanças. É de se temer que os egípcios nos queimem vivos, se eles souberem que esse ídolo caiu.
XIII. Os Salteadores
Eles partiram e passaram nas proximidades do covil de ladrões, que despojavam de suas roupas e pertences os viajantes que por ali passavam e, após tê-los amarrado, os arrastavam pelo deserto. Esses ladrões ouviram um forte ruído, semelhante ao do rei que saiu de sua capital ao som dos instrumentos musicais, escoltado por grande exército e por uma numerosa cavalaria. Apavorados, então, deixaram ali todo o seu saque e apressaram-se em fugir. Os cativos, levantando-se, cortaram as cordas que os prendiam e, tendo retomado sua bagagem, iam retirar-se, quando viram José e Maria que se aproximavam e perguntaram-lhes:
- Onde está este rei cujo cortejo, com seu barulho, assustou os ladrões a ponto de eles terem e nos libertado?
José respondeu:
- Ele nos segue.
XIV. A Endemoninhada
Chegaram em seguida a outra cidade, onde havia uma mulher endemoninhada. Quando ela ia buscar água no poço durante a noite, o espírito rebelde e impuro apossava-se dela. Ela não podia suportar nenhuma roupa, nem morar em uma casa. Todas as vezes que a amarravam com cordas e correntes, ela as partia e fugia nua para locais desertos. Ficava nas estradas e perto de sepulturas, perseguindo e apedrejando aqueles que encontrava no caminho, de forma que ela era, para seus pais, motivo de luto.
Maria viu-a e foi tomada de compaixão. Imediatamente Satã a deixou e fugiu sob a forma de um jovem rapaz, dizendo:
- Infeliz de mim, por tua causa, Maria, e por causa do teu filho!
Quando essa mulher foi libertada da causa de seu tormento, olhou ao seu redor e, corando por sua nudez, procurou seus pais, evitando encontrar as pessoas. Após haver vestido suas roupas, ela contou ao seu pai e aos seus o que lhe havia acontecido. Como eles fizessem parte dos habitantes mais distintos da cidade, hospedaram em sua casa José e Maria, demonstrando por eles um grande respeito.
XV. A Jovem Muda
No dia seguinte, José e Maria prosseguiram sua viagem. À noite chegaram a uma cidade onde estava sendo celebrado um casamento. Mas, em decorrência das ciladas do espírito maligno e dos encantamentos de alguns feiticeiros, a esposa ficara muda, de forma que ela não podia mais falar. Quando Maria entrou na cidade, trazendo nos braços o filho, o Senhor Jesus, aquela que havia perdido o uso da palavra avistou-o e imediatamente pegou-o em seus braços. Abraçou-o, apertando-o junto ao seu seio e cobrindo-o de carinho. Imediatamente o laço que travava sua língua partiu-se e seus ouvidos se abriram. Ela começou a glorificar e a agradecer a Deus que a havia curado. Naquela noite, houve uma grande alegria entre os habitantes dessa cidade, pois acreditavam todos que Deus e seus anjos haviam descido no meio deles.
XVI. Outra Endemoninhada
José e Maria passara três dias nesse lugar, onde foram recebidos com grande veneração e esplendidamente tratados. Munidos de provisões para a viagem, partiram dali e chegaram a uma outra cidade. Como ela era próspera e seus habitantes tinha boa reputação, eles pernoitaram lá. Havia nessa cidade uma boa mulher. Um dia em que ela havia descido até o rio para lavar-se, um espírito maldito, assumindo a forma de uma serpente, havia se jogado sobre e cingido o seu ventre. Todas as noites estendia-se sobre ela. Quando essa mulher viu Maria e o Senhor Jesus que ela trazia contra o seio, rogou à Santa Virgem que lhe permitisse segurar e beijar a criança. Maria consentiu, e assim que a mulher tocou a criança, Satã abandonou-a e fugiu. Desde então ela não mais o viu. Todos os vizinhos louvaram o Senhor e a mulher recompensou-os com grande generosidade.
XVII. Uma Leprosa
No dia seguinte, essa mulher preparou água perfumada para lavar o menino Jesus e após o haver lavado, guardou essa água. Havia lá uma jovem cujo corpo assava, coberto pela lepra branca. Lavou-se ela com essa água e foi imediatamente curada. O povo dizia então:
- Não resta dúvida de que José e Maria e essa criança sejam Deuses, pois eles não podem ser simples mortais.
Quando eles se preparavam para partir, essa jovem, que havia sido curada da lepra, aproximou-se deles e rogou-lhes que lhe permitissem acompanhá-los.
XVIII. Um Menino Leproso
Eles consentiram e ela foi com eles. Chegaram a uma cidade, onde havia o castelo de um poderoso príncipe. Foram até lá e se hospedaram nele. A jovem, aproximando-se da esposa do príncipe, encontrou-a triste e chorando. Perguntou-lhe, então, qual a causa daquele pesar:
- Não te espantes de me ver entregue à aflição. Estou em meio a uma grande calamidade, que não ouso contar a ninguém.
A jovem tornou:
- Se me confessares qual é teu mal, talvez encontres remédio junto a mim.
A esposa do príncipe disse-lhe:
- Não revelarás este segredo a ninguém. Casei-me com um príncipe cujo império, semelhante a um império de um rei, estende-se por vastos estados e, após haver vivido por muito tempo com ele, ele não teve de mim nenhum descendente. Finalmente, eu concebi, mas trouxe ao mundo uma criança leprosa. Após havê-lo visto, ele não quis reconhecê-lo como seu filho e me disse para matar a criança ou entregá-la a uma ama para que a criasse num local tão afastado, para que não mais ouvíssemos sobre ela. Além disso, ele me mandou pegar o que é meu, pois não queria me ver mais. Eis porque me entrego à dor, deplorando a calamidade que sobre mim se abateu. Choro por meu marido e por meu filho.
A jovem respondeu-lhe:
- Pois não te disse que eu tenho para ti o remédio que te havia prometido? Eu também fui atingida pela lepra, mas fui curada por uma graça de Deus, que é Jesus, o filho de Maria.
A mulher perguntou-lhe, então, onde estava esse Deus do qual falava. A jovem respondeu-lhe:
- Ele está bem aqui, nesta casa".
Perguntou a princesa:
- Como pode ser isso, onde está ele?
A jovem respondeu:
- Aqui estão José e Maria. A criança que está com eles é Jesus e foi ele quem me curou dos meus sofrimentos.
- E por que meio pôde ele te curar? Não vais me contar? - quis saber a princesa.
A jovem explicou:
- Recebi de sua mãe a água na qual ele havia sido lavado, espalhei-la então sobre meu corpo e minha lepra desapareceu.
A esposa do príncipe ergueu-se, então, e recebeu José e Maria.
Preparou para José um magnífico festim, para o qual muitas pessoa foram convidadas. No dia seguinte, ela pegou água perfumada a fim de lavar o Senhor Jesus e ela lavou, com essa mesma água, o seu filho, que ela havia trazido consigo, e logo ele se curou da lepra.
Ela se pôs a cantar louvores a Deus e a render-lhe graças, dizendo-lhe:
- Feliz da mãe que te gerou, ó Jesus! A água com a qual o teu corpo foi lavado cura os homens que têm tua natureza.
Ela ofereceu presentes a Maria e dela despediu-se, tratando-a com grande deferência.
XIX. Um Feitiço
Chegaram a outra cidade onde deviam pernoitar. Foram à casa de um homem recém-casado que, atingido por um malefício, não podia desfrutar sua esposa. Após haverem eles passado a noite perto do homem, o encantamento quebrou-se. Quando o dia amanheceu, preparavam-se para prosseguir a viagem, mas o esposo impediu-os de partir e preparou-lhes um grande banquete.
XX. A História de um Mulo
No dia seguinte partiram e, ao se aproximarem de uma outra cidade, viram três mulheres que se afastavam de um túmulo, a verter em lágrimas. Maria, tendo-as visto, disse à jovem que os acompanhava:
- Pergunta-lhes quem são elas e qual a desgraça que se lhes abateu.
Elas não responderam mas puseram-se a interrogá-la, dizendo:
- Quem sois vós, e para onde ides? Pois o dia está terminando e a noite se aproxima.
A moça respondeu:
- Somos viajantes e procuramos uma hospedaria para passar a noite.
As mulheres disseram:
- Acompanhai-nos e passai a noite em nossa casa.
Eles seguiram essas mulheres e foram levados a uma casa nova, ornada e decorada por diversos móveis. Era inverno e a jovem moça, tendo entrado no quarto dessas mulheres, encontrou-as chorando e se lamentando. Ao lado delas, coberta por uma manta de seda, encontrava-se um mulo com forragem à sua frente. Elas davam-lhe de comer e o beijavam.
A jovem disse então:
- Ó, minha senhora, como é belo este mulo!
Elas responderam chorando:
- Este mulo que estás vendo é nosso irmão, que nasceu de nossa mãe. Nosso pai deixou-nos com sua morte grandes riquezas e nós só tínhamos este irmão, para quem tentávamos encontrar um casamento conveniente. Porém, mulheres dominadas pelo espírito da inveja, lançaram sobre ele, sem que soubéssemos, encantamentos. E uma certa noite, um pouco antes do amanhecer, estando fechadas as portas da nossa casa, encontramos nosso irmão transformado em mulo, tal qual o vês hoje. Entregamo-nos à tristeza, visto que não tínhamos mais nosso pai para consolar-nos. Consultamos todos os sábios do mundo, todos os magos e os feiticeiros, tentamos de tudo, mas nenhum deles nada pôde fazer por nós. Eis porque sempre que nosso coração está a ponto de explodir de tristeza. Nós nos levantamos e vamos, junto com a nossa mãe que aqui está, ao túmulo de meu pai e, após haver chorado, retornamos para cá.
XXI. Volta a Ser Homem
Ao ouvir tal coisas, a jovem disse:
- Tende coragem e parai de chorar, pois a cura de vossos males está muito próxima, em vossa morada. Eu era leprosa, mas após haver visto essa mulher e a criança que está com ela e que se chama Jesus, e após haver derramado sobre meu corpo a água com a qual a sua mãe o havia lavado, eu me curei. Eu sei que ele pode pôr um fim à vossa desgraça. Levantai-vos, aproximai-vos de Maria, conduzi-o aos vossos aposentos, revelai-lhe o segredo que acabais de me contar e suplicai-lhe piedade.
Ao ouvirem tais palavras proferidas pela jovem, elas se apressaram em ter com Maria. Levaram o multo até o quarto e lhe disseram, chorando:
- Maria, Nossa Senhora, tem compaixão de tuas servas, pois nossa família está desprovida de seu chefe e não temos um pai ou um irmão que nos proteja. Este mulo que aqui vês é nosso irmão. Algumas mulheres, com seus encantamentos, reduziram-no a este estado. Rogamos-te, pois, que tenhas piedade de nós.
Maria, comovida e chorando como as mulheres, ergueu o menino Jesus e colocou-o sobre o dorso do mulo, dizendo:
- Meu filho, cura este mulo através do teu grande poder e faze com que este homem recobre a razão, da qual foi privado.
Nem bem essas palavras haviam saído dos lábios de Maria e o mulo já havia retomado a forma humana, mostrando-se sob os traços de um belo rapaz. Não lhe restava nenhuma deformidade. Ele, sua mãe e suas irmãs adoraram Maria e, erguendo o menino acima de suas cabeças, beijaram-no, dizendo:
- Feliz de tua mãe, ó Jesus, Salvador do mundo! Felizes os olhos que gozam da felicidade da tua presença.
XXII. As Bodas
As duas irmãs disseram à mãe:
- Nosso irmão retomou a forma primitiva, graças à intervenção do Senhor Jesus e aos bons conselhos dessa jovem, que nos sugeriu recorrer a Maria e ao seu filho. Agora, já que nosso irmão não está casado, pensamos que seria conveniente que ele desposasse essa moça.
Após haverem feito este pedido a Maria e haver ela consentido, fizeram para as bodas preparativos esplêndidos. A dor transformou-se em alegria e o choro cedeu espaço ao riso. Elas só fizeram cantar e regozijar-se, enfeitadas com magníficas vestimentas e jóias preciosas. Ao mesmo tempo, entoavam cânticos de louvor a Deus, dizendo:
- Ó, Jesus, Filho de Deus, que transformaste nossa aflição em contentamento e nossas lamúrias em gritos de alegria!
José e Maria lá permaneceram por dez dias. Ao partirem, receberam demonstrações de veneração de parte de toda a família, que despediu-se deles chorando muito, principalmente a moça que se desfazia em lágrimas.
XXIII. Os Salteadores
Chegaram, em seguida, a um deserto. Como lhes haviam dito que era infestado de ladrões, prepararam-se para atravessá-lo durante a noite. Eis que, de repente, avistaram dois ladrões que dormiam e, perto deles, muitos outros ladrões, seus companheiros, que também estavam entregues ao sono. Esses dois ladrões chamavam-se Titus e Dumachus.
O primeiro disse ao outro:
- Eu te peço que deixes estes viajantes irem em paz, para que nossos companheiros não os vejam.
Tendo Dumachus recusado, Titus disse-lhe:
- Dou-te quarenta dracmas e fica com meu cinto como penhor.
Deu-lhe o cinto e, ao mesmo tempo, pediu que não desse alarme. Maria, vendo esse ladrão tão disposto a serví-los, disse-lhe:
- Que Deus te proteja com sua mão direita e que ele te conceda a remissão de teus pecados".
O Senhor Jesus disse a Maria:
- Daqui a trinta anos, ó minha mãe, os judeus me crucificarão em Jerusalém e estes dois ladrões serão postos na cruz ao meu lado: Titus à minha direita e Dumachus à minha esquerda. Neste dia, Titus me precederá no Paraíso.
Quando ele assim falou, sua mãe respondeu-lhe:
- Que Deus afaste de ti semelhante desgraça, ó meu filho!
Foram dar, em seguida, em uma cidade, cheia de ídolos. Quando eles se aproximavam, ela foi transformada em um monte de areia.
XXIV. A Sagrada Família em Mataréia
Foram ter, em seguida, a um sicômoro, que chamam hoje de Mataréia, e o Senhor Jesus fez surgir neste lugar uma fonte, onde Maria lavou sua túnica. O bálsamo que produz esse país vem do suor que escorreu pelos membros de Jesus.
XXV. A Sagrada Família em Mênfis
Foram então a Mênfis e, tendo visitado o faraó, permaneceram três anos no Egito, onde o Senhor Jesus fez muitos milagres, que não estão consignados nem no Evangelho da Infância, nem no Evangelho Completo.
XXVI. volta para nazaré
Depois de três anos, eles deixaram o Egito e voltaram para a Judéia. Quando já estavam próximos, José teve medo de entrar lá, porque acabara de saber que Herodes estava morto e que seu filho Arquelaus havia lhe sucedido. Um anjo de Deus apareceu-lhe, porém, e disse-lhe:
- José, vai para a cidade de Nazaré e estabelece ali tua residência.
XXVII. A Peste em Belém
Quando chegaram a Belém, havia uma proliferação de doenças graves e difíceis de serem curadas, que atacavam os olhos das crianças e lhes causavam a morte. Uma mulher, que tinha um filho atacado por esse mal, levou-o a Maria e encontrou-a banhando o Senhor Jesus.
A mulher disse-lhe:
- Maria, vê meu filho que sofre cruelmente.
Maria, ouvindo-a, disse-lhe:
- Pegue um pouco desta água com a qual eu lavei meu filho e espalha-a sobre o teu.
A mulher fez como lhe havia recomendado Maria e seu filho, depois de uma forte agitação, adormeceu. Quando acordou, estava completamente curado.
A mulher, cheia de alegria, foi até Maria, que lhe disse:
- Rende graças a Deus por ele haver curado o teu filho.
XXVIII. Outro Menino Agonizante
Essa mulher tinha uma vizinha cujo filho fora atingido pela mesma doença e cujos olhos estavam quase fechados. Ele gritava e chorava noite e dia. Aquela cujo filho havia sido curado disse-lhe:
- Por que não levas teu filho a Maria, como eu fiz, quando o meu estava prestes a morrer e ele foi curado pela água do banho de Jesus?
A mulher foi pegar também daquela água e, assim que ela derramou sobre seu filho, ele foi curado. Levou então seu filho em perfeita saúde para Maria, que lhe recomendou que rendesse graças a Deus e que não contasse a ninguém o que havia acontecido.
XXIX. O Menino no Forno
Havia na mesma cidade duas mulheres casadas com um mesmo homem e cada uma delas tinha um filho doente. Uma se chamava Maria e seu filho, Cleofás. Essa mulher levou seu filho a Maria, mãe de Jesus, e ofereceu uma bela toalha, dizendo-lhe:
- Maria, recebe de mim essa toalha e, em troca, dá-me uma das tuas fraldas.
Maria consentiu e a mãe de Cleofás confeccionou, com essa fralda, uma túnica, com a qual vestiu seu filho. Ele ficou curado e o filho de sua rival morreu no mesmo dia, o que causou profundo ressentimento entre essas duas mulheres.
Elas se encarregavam, em semanas alternadas, dos trabalhos caseiros e, um dia em que era vez de Maria, a mãe de Cleofás, ela estava ocupada aquecendo o forno para assar pão. Precisando de farinha, deixou seu filho perto do forno. Sua rival, vendo que a criança estava sozinha, pegou-a e jogou-a no forno em brasa e fugiu. Maria retornou logo em seguida, mas qual não foi o seu espanto, quando ela viu seu filho no meio do forno, rindo, pois ele havia subitamente esfriado, como se jamais houvesse sido aquecido. Ela suspeitou que sua rival o havia jogado ali. Tirou-o de lá, levou-o até a Virgem Maria e contou-lhe o que havia acontecido.
Maria disse-lhe:
- Cala-te, pois eu receio por ti se divulgares tais coisas!
Em seguida, a rival foi buscar água no poço e, vendo Cleofás brincando e percebendo que não havia ninguém por perto, pegou a criança e jogou-a no poço. Alguns homens que haviam vindo para tirar água viram a criança sentada na água, sem nenhum ferimento, e por meio de cordas tiraram-na de lá. Ficaram tão admirados com essa criança que renderam-lhe as mesmas homenagens devidas a um Deus.
Sua mãe, chorando, carregou-o até Maria e disse-lhe:
- Minha senhora, vê o que minha rival fez ao meu filho, jogando-o no poço. Ah, ela acabará, por certo, causando-lhe a morte!
Maria respondeu-lhe:
- Deus punirá o mal que te foi feito.
Alguns dias depois, a rival foi buscar água no poço e seus pés enroscaram-se na corda e ela caiu nele. Quando acorreram, acharam-na com a cabeça partida. Ela morreu, portanto, de uma forma funesta.
A palavra do sábio se cumpre em si:
- Cavaram um poço e jogaram a terra em cima, mas caíram no poço que eles mesmos haviam preparado.
XXX. Um Futuro Apóstolo
Uma outra mulher da mesma cidade tinha dois filhos, os dois doentes. Um morreu e o outro estava agonizando. Sua mãe tomou-o nos braços e levou-o até Maria.
Aos prantos, disse-lhe:
- Minha senhora, vem em meu auxílio e tem piedade de mim. Eu tinha dois filhos, acabo de perder um e vejo o outro a ponto de morrer. Imploro a misericórdia do Senhor.
E pôs-se a gritar:
- Senhor, tu és pleno em clemência e compaixão! Tu me deste dois filhos, me levaste um deles, pelo menos deixa-me o outro.
Maria, testemunha da sua extrema dor, sentiu pena e disse-lhe:
- Coloca teu filho na cama de meu filho e cobre-o com suas roupas.
Quando a criança foi colocada na cama, ao lado de Jesus, seus olhos já cerrados pela morte abriram-se e, chamando sua mãe em voz alta, pediu-lhe pão. Quando lhe deram, comeu-o.
Então sua mãe disse:
- Maria, eu sei que a virtude de Deus habita em ti, a ponto de teu filho curar as crianças que o tocam.
A criança que assim foi curada é o mesmo Bartolomeu se quem se fala no Evangelho.
XXXI. Uma Leprosa
Havia ainda no mesmo lugar uma leprosa que foi ter com Maria, mãe de Jesus, dizendo-lhe:
- Minha senhora, tem piedade de mim".
Maria quis saber:
- Que ajuda pedes tu? Queres ouro, prata ou queres te curar da lepra?
A mulher respondeu:
- Que podes fazer por mim?"
Maria disse:
- Espera um pouco, até que eu tenha banhado e posto meu filho na cama.
A mulher esperou e Maria, após o haver deitado, estendeu à mulher um vaso cheio de água do banho do seu filho e disse-lhe:
- Pega um pouco desta água e espalha-a sobre o teu corpo.
Assim que a doente obedeceu, curou-se e ela rendeu graças a Deus.
XXXII. Outra Leprosa
Ela partiu em seguida, após haver permanecido três dias junto de Maria, e foi para uma cidade onde morava um príncipe, que havia desposado a filha de um outro príncipe. Quando ele viu sua esposa, porém, percebeu entre seus olhos as marcas da lepra sob a forma de uma estrela e o seu casamento foi declarado nulo e não válido.
Essa mulher, vendo o desespero da princesa, perguntou-lhe a causa dessas lágrimas.
A princesa respondeu-lhe:
- Não me interrogues, pois a minha desgraça é tanta que eu não posso revelá-la a ninguém.
A mulher insistia em saber, dizendo que talvez conhecesse algum remédio.
Ela viu então as marcas da lepra entre os olhos da princesa.
- Eu também fui atingida por essa doença. Fui a Belém para tratar de negócios e lá entrei numa caverna onde vi uma mulher chamada Maria. Ela carregava uma criança que se chamava Jesus. Vendo-me atingida pela lepra, ela teve pena de mim e me deu um pouco da água na qual havia lavado o corpo de seu filho. Eu espalhei essa água sobre meu corpo e fui imediatamente curada.
A princesa disse-lhe então:
- Levanta-te, vem comigo e mostra-me Maria.
Ela foi, levando ricos presentes. Quando Maria a viu, disse:
- Que a misericórdia do Senhor Jesus esteja sobre ti.
Ela lhe deu um pouco da água na qual havia lavado seu filho. Assim que a princesa espalhou-a sobre o próprio corpo, ela se viu curada e rendeu graças ao Senhor, assim como todos os que ali estavam.
O príncipe, ao saber que sua esposa havia sido curada, recebeu-a, celebrou um segundo casamento, e rendeu graças a Deus.
XXXIII. Uma Jovem Endemoninhada
Havia, no mesmo lugar, uma jovem que Satã atormentava. O espírito maldito aparecia-lhe sob a forma de um dragão, que queria devorá-la. Ele já havia sugado todo o sangue, de maneira que ela se parecia com um cadáver. Todas as vezes em que ele se jogava sobre ela, ela gritava e, juntando as mãos sobre a cabeça, dizia:
- Desgraça, desgraça de mim, pois não existe ninguém que possa livrar-me deste horrível dragão. Seu pai, sua mãe e todos aqueles que a cercavam, testemunhas de sua infelicidade, entregavam-se à aflição e derramavam lágrimas, principalmente quando a viam chorar e gritar:
- Irmãos e amigos, não existirá ninguém que possa libertar-me deste monstro?
A princesa, que havia sido curada da lepra, ouvindo a voz dessa infeliz, subiu até o telhado de seu castelo e viu-a com as mãos unidas acima da cabeça, a verter copiosas lágrimas. Todos aqueles que a rodeavam estavam desolados.
Ela perguntou se a mãe dessa possuída vivia ainda. Quando lhe responderam que o seu pai e sua mãe estavam ambos vivos, ela disse:
- Tragam sua mãe até mim.
Quando esta chegou, ela lhe perguntou:
- É tua filha que está assim possuída?
A mãe, tendo respondido que sim, chorou, mas a princesa disse-lhe:
- Não revela o que vou te contar. Eu já fui uma leprosa, mas Maria, a mãe de Jesus Cristo, me curou. Se queres que tua filha tenha a mesma felicidade, leva-a a Belém e implora com fé a ajuda de Maria. Eu creio que voltarás cheia de alegria, trazendo tua filha curada.
Imediatamente a mãe levantou-se e partiu. Foi procurar Maria e expôs-lhe o estado de sua filha. Maria, após tê-la ouvido, deu-lhe um pouco da água, na qual ela havia lavado seu filho Jesus, e disse-lhe para derramá-la sobre o corpo da possuída.
Em seguida deu-lhe uma fralda do menino Jesus, acrescentando:
- Pega isto e mostra-o a teu inimigo, todas as vezes em que o vir.
Dizendo isso, despediu-as com suas bênçãos.
XXXIV. Outra Possessa
Após haver deixado Maria, elas retornaram à sua cidade. Quando veio o tempo no qual Satã costumava atormentá-la, ele lhe apareceu sob a forma de um grande dragão. Ao ver a sua aparência, a jovem foi tomada pelo pavor, mas sua mãe disse-lhe:
- Não temas, minha filha! Deixa que ele se aproxime mais de ti e mostre-lhe esta fralda que nos deu Maria e veremos o que ele poderá fazer.
Quando o espírito maligno, que havia tomado a forma de um dragão, estava bem perto, a doente, tremendo de medo, colocou sobre sua cabeça a fralda e desdobrou-a. De repente, dela saíram chamas que se dirigiam à cabeça e aos olhos do dragão.
Ouviu-se, então, uma voz que gritava:
- Que há entre ti e mim, ó Jesus, filho de Maria? Onde encontrarei um abrigo que me livre de ti?
Satã fugiu apavorado, abandonando essa jovem e nunca mais apareceu. Ela se viu curada e, grata, rendeu graças a Deus, assim como todos os que haviam presenciado esse milagre.
XXXV. Judas Iscariotes
Havia nessa mesma cidade uma outra mulher cujo filho era atormentado por Satã. Ele se chamava Judas e sempre que o espírito maligno apoderava-se dele, ele tentava morder todos os que estavam à sua volta. Se estivesse sozinho, mordia suas próprias mãos e membros. A mãe desse infeliz, ouvindo falar de Maria e de seu filho Jesus, foi com seu filho nos braços até Maria.
Nesse meio tempo, Tiago e José haviam trazido o menino Jesus para fora da casa, para que pudesse brincar com as outras crianças. Eles estavam sentados fora da casa e Jesus com eles. Judas aproximou-se também e sentou-se à direita de Jesus e, quando Satã começou a agitá-lo como sempre o fazia, ele tentou morder Jesus. Como não podia alcançá-lo, dava-lhe socos no lado direito, de forma que Jesus começou a chorar. Nesse momento, entretanto, Satã saiu dessa criança sob a forma de um cão enraivecido.
Essa criança era Judas Iscariotes, que mais tarde trairia Jesus. O lado em que ele havia batido foi o lado que os judeus trespassaram com a lança.
XXXVI. AS Estatuazinhas de Barro
Quando o Senhor Jesus havia completado o seu sétimo ano, ele brincava um dia com outras crianças de sua idade. Para divertir-se, eles faziam com terra molhada diversas imagens de animais, de lobos, de asnos, de pássaros, cada um elogiando seu próprio trabalho e esforçando-se para que fosse melhor que o de seus companheiros. Então o Senhor Jesus disse para as crianças:
- Ordenarei às figuras que eu fiz que andem e elas andarão.
As crianças perguntaram-lhe se ele era o filho do Criador e o Senhor Jesus ordenou às imagens que andassem e elas imediatamente andaram. Quando ele mandava voltar, elas voltavam. Ele havia feito figuras de pássaros que voavam, quando ele ordenava que voassem, e que paravam, quando ele dizia para parar. Quando ele lhes dava bebida e comida, eles comiam e bebiam.
Quando as crianças foram embora e contaram aos seus pais o que haviam visto, eles disseram:
- Fugi, daqui em diante, de sua companhia, pois ele é um feiticeiro! Deixai de brincar com ele!
XXXVII. As Cores do Tintureiro
Certo dia, quando brincava e corria com outras crianças, o Senhor Jesus passou em frente à loja de um tintureiro, que se chamava Salém. Havia nessa loja tecidos que pertenciam a um grande número de habitantes da cidade e que Salém se preparava para tingir de várias cores. Tendo Jesus entrado na loja, pegou todas as fazenda e jogou-as na caldeira. Salém virou-se e, vendo todas as fazendas perdidas, pôs-se a gritar e a repreender Jesus, dizendo:
- Que fizeste tu, ó filho de Maria? Prejudicaste a mim e a meus cidadãos. Cada um pediu uma cor diferente e tu apareceste e puseste tudo a perder.
O Senhor Jesus respondeu:
- Qualquer fazenda que queiras mudar a cor, eu mudo.
Ele se pôs a retirar as fazendas da caldeira e cada uma estava tingida da cor que desejava o tintureiro. Os judeus, testemunhando esse milagre, celebraram o poder de Deus.
XXXVIII. Jesus na Carpintaria
José ia por toda a cidade, levando com ele o Senhor Jesus. Chamavam-no para que fizesse portas, arcas e catres e o Senhor Jesus estava sempre com ele. E sempre que a obra de José precisava ser mais comprida ou mais curta, mais larga ou mais estreita, o Senhor Jesus estendia a mão e ela ficava exatamente do jeito que queria José, de forma que ele não precisava retocar nada com sua própria mão, pois ele não era muito hábil no ofício de marceneiro.
XXXIX. Uma Encomenda do Rei
Um dia, o rei de Jerusalém mandou chamá-lo e disse:
- Eu quero, José, que me faças um trono segundo as dimensões do lugar onde costumo sentar-me. José obedeceu e, pondo mãos à obra, passou dois anos no palácio para elaborar esse trono.
Quando ele foi colocado no lugar onde deveria ficar, perceberam que de cada lado faltavam dois palmos à medida fixada.
Então o rei ficou bravo com José, que temendo a raiva do monarca, não conseguiu comer e deitou-se em jejum.
O Senhor perguntou-lhe qual era a causa do seu receio e ele respondeu:
- É que a obra na qual trabalhei durante dois anos está perdida.
O Senhor Jesus respondeu-lhe:
- Não tenhas medo e não percas a coragem. Pegue este lado do trono e eu o outro, para que possamos dar-lhe a medida exata.
José fez o que havia lhe pedido o Senhor Jesus e cada um puxou para um lado. O trono obedeceu e ficou exatamente com a dimensão desejada.
Os assistentes, vendo esse milagre, ficaram estupefatos e deram graças a Deus.
Esse trono fora feito com uma madeira do tempo de Salomão, filho de Davi, e que era notável por seus nós, que representavam várias formas de figuras.
XL. Os Meninos
Num outro dia, o Senhor Jesus foi até a praça e vendo as crianças que se haviam reunido para brincar, juntou-se a elas. Essas, tendo-o visto, esconderam-se e o Senhor Jesus foi até uma casa e perguntou às mulheres que estavam à porta, onde as crianças haviam ido. Como elas responderam que não havia nenhuma delas na casa, o Senhor Jesus disse-lhes:
- Que vocês estão vendo sob este arco?
Elas responderam que eram carneiros com três anos de idade e o Senhor Jesus gritou:
- Saí, carneiros, e vinde em direção ao vosso pastor.
Imediatamente as crianças saíram, transformadas em carneiros, e saltavam ao seu redor.
As mulheres, tendo visto isso, foram tomadas de pavor e adoraram o Senhor Jesus, dizendo:
- Jesus, filho de Maria, nosso Senhor, tu és verdadeiramente o bom Pastor de Israel. Tem piedade de tuas servas que estão em tua presença e que não duvidam, Senhor, que tu vieste para curar e não para perder.
O Senhor respondeu que as crianças de Israel estavam entre os povos como os Etíopes.
As mulheres disseram:
- Senhor, conheces as coisas e nada escapa à tua infinita sabedoria. Pedimos e esperamos a tua misericórdia. Devolve a essas crianças sua antiga forma.
O Senhor Jesus disse, então:
- Vinde, crianças, para que possamos brincar.
Imediatamente, na presença das mulheres, os carneiros retomaram a aparência de crianças.
XLI. Jesus Rei
No mês do Adar, Jesus reuniu as crianças e colocou-se como o seu rei. Elas haviam estendido suas roupas no chão para fazê-lo sentar-se sobre elas e haviam colocado sobre sua cabeça uma coroa de flores. Como os satélites que acompanham um rei, elas se haviam enfileirado à sua direita e à sua esquerda. Se alguém passava por lá, as crianças faziam parar à força e diziam-lhe:
- Vem e adora o rei, para que obtenhas uma feliz viagem.
XLII. Simão, o Cananeu
Nisso chegaram alguns homens que carregavam uma criança em uma liteira.
Esse menino havia ido até a montanha com seus colegas para apanhar lenha e, tendo encontrado um ninho de perdiz, pôs a mão para retirar os ovos. Uma serpente, escondida no ninho, no entanto, mordeu-o e ele chamou os companheiros para socorrê-lo.
Quando chegaram, eles o encontraram estendido no chão e quase morto. Alguns familiares vieram e levaram-no à cidade. Ao chegaram ao local onde o Senhor Jesus estava sentado em seu trono como um rei, com outras crianças à sua volta, como sua corte, essas foram ao encontro dos que carregavam o moribundo e disseram-lhes:
- Vinde e saudai o rei!
Como eles não queriam aproximar-se por causa da tristeza que sentiam, as crianças traziam-nas à força. Quando estavam na frente do Senhor Jesus, ele perguntou-lhe por que estavam carregando aquela criança.
Responderam que uma serpente a havia mordido e o Senhor Jesus disse às crianças:
- Vamos juntos e matemos a serpente!
Os pais da criança que estava prestes a morrer suplicaram para que os deixassem ficar, mas elas responderam:
- Não ouvistes que o rei disse vamos e matemos a serpente? Devemos seguir suas ordens.
Apesar da sua oposição, eles retornaram à montanha, carregando a liteira. Quando chegaram perto do ninho, o Senhor Jesus disse às crianças:
- Não é aqui que se esconde a serpente?
Eles responderam que sim e a serpente, chamada pelo Senhor Jesus, saiu e submeteu-se a ele.
O Senhor disse-lhe:
- Vai e suga todo o veneno que espalhaste nas veias dessa criança.
A serpente, arrastando-se, sugou todo o veneno que ela havia inoculado e o Senhor, em seguida, amaldiçoou-a e, fulminada, morreu logo em seguida. Depois o Senhor Jesus tocou a criança com sua mão e ela foi curada.
Como ela se pusesse a chorar, o Senhor Jesus disse-lhe:
- Não chores, serás meu discípulo!
Essa criança foi Simão de Cananéia, de quem se faz menção no Evangelho.
XLIII. Jesus e Tiago
Num outro dia, José havia mandado seu filho Tiago para apanhar lenha e o Senhor Jesus se havia juntado a ele para ajudá-lo. Quando chegaram ao lugar onde ficava a lenha, Tiago começou a apanhá-la e eis que uma víbora mordeu-o e ele se pôs a gritar e a chorar. O Senhor Jesus, vendo-o naquele estado, aproximou-se e soprou o local da mordida. Tiago foi imediatamente curado.
XLIV. O Menino que Caiu e Morreu
Um dia, o Senhor Jesus estava brincando com outras crianças em cima de um telhado e uma delas caiu e morreu na hora. As outras fugiram e o Senhor Jesus ficou sozinho em cima do telhado. Então os pais do morto chegaram e disseram ao Senhor Jesus: ` - Foste tu que empurraste nosso filho do alto telhado.
Como ele negasse, eles repetiram mais alto:
- Nosso filho morreu e eis aqui quem o matou.
O Senhor Jesus respondeu:
- Não me acuseis de um crime do qual não tendes nenhuma prova. Perguntemos, porém, à própria criança o que aconteceu.
O Senhor Jesus desceu, colocou-se perto da cabeça do morto e disse-lhe em voz alta:
- Zeinon, Zeinon, quem foi que te empurrou do alto do telhado?
O morto respondeu:
- Senhor, não foste tu a causa da minha queda, mas foi o terror que me fez cair.
O Senhor recomendou aos presentes que prestassem atenção a essas palavras e todos eles louvaram a Deus por este milagre.
XLV. O Cântaro Quebrado
Maria havia mandado, um dia, o Senhor Jesus tirar água do poço. Quando ele havia cumprido a tarefa e colocava sobre a cabeça o cântaro cheio, ele partiu-se. O Senhor Jesus, tendo estendido o seu manto, levou para sua mãe a água recolhida e ela se admirou e guardou em seu coração tudo o que havia visto.
XLVI. Brincando com o Barro
Um dia, o Senhor Jesus estava na beira do rio com outras crianças. Haviam cavado pequenas valas para fazer escorrer a água, formando assim pequenas poças. O Senhor Jesus havia feito doze passarinhos de barro e os havia colocado ao redor da água, três de cada lado. Era um dia de Sabbath e o filho de Hanon, o Judeu, veio e vendo-os assim entretidos, disse-lhes:
- Como podeis, em um dia de Sabbath, fazer figuras com lama?"
Ele se pôs, então, a destruir tudo. Quando o Senhor Jesus estendeu as mãos sobre os pássaros que havia moldado, eles saíram voando e cantando. Em seguida, o filho de Hanon, o Judeu, aproximou-se da poça cavada por Jesus para destruí-la, mas a água desapareceu e o Senhor Jesus disse-lhe:
- Vê como está água secou? Assim será a tua vida.
E a criança secou.
XLVII. Uma Morte Repentina
Certa noite, o Senhor Jesus voltava para casa com José, quando uma criança passou correndo na sua frente e deu-lhe um golpe tão violente que o Senhor Jesus quase caiu. Ele disse a essa criança:
- Assim como tu me empurraste, cai e não levantes mais.
No mesmo instante, a criança caiu no chão e morreu.
XLVIII. Jesus e o Professor
Havia, em Jerusalém, um homem, chamado Zaqueu, que instruía os jovens. Ele disse a José:
- José, por que não me envias Jesus para que ele aprenda as letras?
José concordou e também Maria. Levaram, pois, a criança para o professor e assim que ele o viu, escreveu o alfabeto e pediu-lhe que pronunciasse Aleph. Quando ele o fez, pediu-lhe para dizer Beth. O Senhor Jesus disse-lhe:
- Dize-me primeiro o que significa Aleph e aí então eu pronunciarei Beth.
O professor preparava-se para chicoteá-lo, mas o Senhor Jesus pôs-se a explicar o significado das letras Aleph e Beth, quais as letras de linhas retas, quais as oblíquas, as que tinhas desenho duplo, as que tinham pontos, aquelas que não tinham e porque tal letra vinha antes da outra, enfim, ele disse muitas coisas que o professor jamais ouvira e que não havia lido em livro algum.
O Senhor Jesus disse ao professor:
- Presta atenção ao que vou te dizer!
E pôs-se a recitar clara e distintamente Aleph, Beth, Ghimel, Daleth, até o fim do alfabeto. O mestre ficou admirado e disse:
- Creio que esta criança nasceu antes de Noé.
Virando-se para José, acrescentou:
- Tu o conduziste para que eu o instruísse, mas esta criança sabe mais que todos os doutores.
Depois disse a Maria:
- Teu filho não precisa de ensinamentos.
XLIX. O Professor Castigado
Conduziram-no, em seguida, a um professor mais sábio e assim que o viu. ordenou:
- Dize Aleph!
Quando o Senhor Jesus disse Aleph, o professor pediu-lhe que pronunciasse Beth. O Senhor Jesus respondeu-lhe:
- Dize-me o que significa a letra Aleph e então eu pronunciarei Beth.
O mestre, irritado, levantou a mão para bater nele, mas sua mão secou instantaneamente e ele morreu. Então José disse a Maria:
- Daqui por diante, não devemos mais deixar o menino sair de casa, pois qualquer um que se oponha a ele é fulminado pela morte.
L. Jesus, o Mestre
Quando contava doze anos de idade, levaram Jesus a Jerusalém por ocasião da festa e, quando ele terminou, eles voltaram, mas o Senhor Jesus permaneceu no templo, em meio aos doutores, aos velhos e aos mais sábios dos filhos de Israel, que ele interrogava sobre diferentes pontos da ciência, mas também respondia-lhes as perguntas.
Jesus perguntou-lhes:
- De quem é filho o Messias?"
Eles responderam:
- Este é o filho de Davi.
Jesus respondeu:
- Por que então Davi, movido pelo Espírito Santo, chama-o Senhor, quando diz que o Senhor disse ao meu Senhor: senta-te à minha direita para que coloque teus inimigos aos teus pés'?"
Um importante rabino interrogou-o, dizendo:
- Leste os livros sagrados?
O Senhor Jesus respondeu:
- Eu li os livros e o que eles contêm.
Dito isso, explicou-lhes as Escrituras, a lei, os preceitos, os estatutos, os mistérios que estão contidos nos livros das profecias e que a inteligência de nenhuma criatura pode compreender. E o principal entre os doutores disse:
- Eu jamais vi ou ouvi tamanha instrução. Quem credes que seja essa criança?
LI. Jesus e o Astrônomo
Havia lá um filósofo, astrônomo sábio, que perguntou ao Senhor Jesus se ele havia estudado a ciência dos astros. Jesus, respondendo-lhe, expôs o número de esferas e de corpos celestes, sua natureza e sua oposição, seu aspecto trinário, quaternário e sêxtil, sua progressão e seu movimento de leste para oeste, o cômputo e o prognóstico e outras coisas que a razão de nenhum homem escrutou.
LII. Jesus e o Médico
Havia entre eles um filósofo muito sábio em medicina e ciências naturais e quando ele perguntou ao Senhor Jesus se ele havia estudado a medicina, este expôs-lhe a física, a metafísica, a hiperfísica e a hipofísica, as virtudes do corpo, os humores e seus efeitos, o número de membros e de ossos, de secreções, de artérias e de nervos, as temperaturas, calor e seco, frio e úmido e quais as suas influências, quais as atuações da alma no corpo, suas sensações e suas virtudes, a faculdade da palavra, da raiva, do desejo, sua composição e dissolução e outras coisas que a inteligência de nenhuma criatura jamais alcançou. Então o filósofo ergueu-se e adorou o Senhor Jesus, dizendo:
- Senhor, daqui em diante serei teu discípulo e ter servo.
LIII. Jesus É Encontrado
Enquanto Jesus assim falava, Maria apareceu, junto com José, pois fazia três dias que procuravam por Jesus. Vendo-o sentado entre os doutores, interrogando-os e respondendo-lhe alternadamente, ela lhe disse:
- Meu filho, por que agiste assim conosco? Teu pai e eu te procuramos e tua ausência causou-nos muita aflição.
Ele respondeu:
- Por que me procuráveis? Não sabíeis que convinha que eu permanecesse na casa de meu Pai? Eles não entendiam as palavras que ele lhes dirigia. Então os doutores perguntaram a Maria se ele era seu filho e tendo ela respondido que sim, eles exclamaram:
- Ó feliz Maria, que deste à luz tal criança.
Ele voltou com os pais para Nazaré e ele lhes era submisso em tudo. Sua mãe conservava todas as suas palavras em seu coração e o Senhor Jesus crescia em tamanho, em sabedoria e em graça diante de Deus e diante dos homens.
LIV. Via Oculta
Ele começou desde esse dia a esconder os seus segredos e seus mistérios, até que completou trinta anos, quando seu Pai, revelando publicamente sua missão às margens do Jordão, fez soar, do alto do céu, essas palavras:
- É meu filho bem-amado no qual coloquei toda minha complacência.
Foi quando o Espírito Santo apareceu sob a forma de uma pomba branca.
LV. Doxologia
É a ele que humildemente adoramos, pois ele nos deu a existência e a vida. Ele nos fez sair das entranhas de nossas mães, tomou, por nós, o corpo de homem e nos redimiu, cobrindo-nos com sua misericórdia eterna e concedendo-nos a graça do seu amor e de sua bondade.
A ele, portanto, glória, poder, louvores e domínio por todos os séculos.
Que assim seja!

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21 março 2008

bibliotecario

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